Realizado

Um ano depois...

Théo

Já fazem alguns meses que consegui realizar o meu sonho, aliais, posso dizer que fui além do que sonhei. Não abri só uma escola de música como sonhei a vida inteira, hoje eu tenho um espaço cultural, com aulas de música, que ensinam a tocar vários instrumentos além do piano, com aulas de vários tipos de danças como ballet, jazz. Hip hop... com coordenação da minha esposa.

Também temos informática com as aulas da Laura para os bem pequenos e do Noah para as crianças maiores duas vezes por semana, temos culinária com as aulas da Nina para as mães das crianças, ensinando a fazer pães e bolos para ajudar na renda familiar, e ainda tem as aulas de desenho e teatro. Toda a parte de divulgação nas redes sociais ficou por conta da Marina e do Guilherme, que fizeram um excelente trabalho, inauguramos com várias turmas fechadas.

O que me deixa mais satisfeito, é que não fiz nada sozinho, eu não fazia ideia do quanto seria maravilhoso entrar para essa família. Cada um fez questão de contribuir de alguma forma para a realização desse projeto, seja com conhecimento, com uma ideia, com patrocínio ou apenas doando um pouco do seu tempo e atenção para as crianças. É nítido o quanto ficam felizes com a felicidade do outro, e tenho aprendido muito com todos eles.

Mas não foram só alegrias nesses últimos meses, tive alguns problemas no meu casamento, antes da inauguração e no início das atividades. Não estávamos tendo muito tempo, um para o outro, mesmo trabalhando no mesmo local, eu era sempre o primeiro a chegar e o último a sair, e já chegava em casa muito cansado, muitas vezes dormia antes mesmo do jantar.

A Alice foi muito paciente, mas chegou a um ponto em que eu mesmo percebi o que estava acontecendo, mesmo perto, parecia que estávamos longe e eu já estava com saudade de nós dois, com saudade da minha Alice sempre tão alegre e cheia de vida, então resolvi tomar uma atitude e resgatar o meu casamento antes que fosse tarde demais.

A Alice já tinha terminado de dar sua última aula e passou na minha sala para se despedir, como sempre fazia, já era uma coisa automática. Mas diferente dos outros dias em que ela me dava um beijo rápido e saía, eu não a soltei, não deixei que o beijo terminasse assim tão rápido, o que a deixou muito surpresa.

A soltei rapidamente, só pelo tempo de trancar a porta, e assim que tranquei, a abracei por longos minutos, sem dizermos nada um ao outro, senti suas lágrimas molharem minha camisa e não consegui conter as minhas.

Após alguns minutos, me afastei alguns centímetros e sequei suas lágrimas. Pedi que me perdoasse por estar tão ausente, e disse que nada daquilo era mais importante que ela, e que se fosse o caso, eu abandonaria tudo e qualquer coisa só para vê-la feliz novamente.

Ela disse que estava com muita saudade de quem nós éramos, mas que não queria me ver abrindo mão de nada e que precisávamos arrumar um meio-termo. E depois da conversa que tivemos, estávamos com tanta saudade que esquecemos até que o local ainda estava cheio de gente, era como se só existíssemos nós dois no mundo, E depois eu a prometi que voltaríamos a ser como antes, que diminuiria meu ritmo de trabalho.

Foi o que fiz, contratei uma pessoa para cuidar de toda a parte burocrática, e fiquei apenas com as aulas de piano. O Gabriel me ajuda muito, mas ele tem o próprio negócio para cuidar, não gosto de sobrecarregá-lo.

Agora, na maioria das vezes, vamos juntos para casa, ou vamos direto ao cinema... e quando preciso sair mais tarde, ela me espera e saímos para jantar antes de ir para casa. Algumas vezes ficamos até fechar, e confesso que aproveitamos bem o espaço vazio quando isso acontece.

Eu jamais me perdoaria se eu tivesse perdido a Alice ou se ela tivesse perdido de vez a sua essência. Ela é a minha vida, e vou cumprir tudo que prometi naquele altar quando nos casamos, meus votos não foram da boca para fora, foram feitos com todo o amor que lhe tenho.

Poucas vezes nesses quase dois anos de casados, tocamos no assunto de termos filhos. Às vezes que toquei no assunto, não percebia interesse de sua parte, então não insisti, ainda somos jovens e temos tempo para isso. Mas para a minha surpresa, essa semana ela tocou no assunto, perguntou se eu tinha vontade de ser pai, eu respondi que sim, que adoraria ter uma princesinha tão linda quanto a mãe me chamando de papai, e que se fosse um menino, ficaria feliz igualmente., mas que não precisávamos ter pressa, que esperaria o tempo que fosse necessário, até que se sentisse pronta para ser mãe.

De repente seus olhos ficaram marejados, e eu quis saber o que estava acontecendo, qual era o motivo daquela pergunta e por que tinha ficado tão emocionada. Mas ela desconversou, disse que não era nada, que só estava de TPM.

Hoje, antes de sair de casa, ela disse para eu vir na frente, que tinha combinado de passar na casa da irmã, achei estranho, ainda mais que hoje é dia da Nina vir dar aula. Mas não insisti, gosto que se sinta livre, mas também gosto que saiba que sempre estarei pronto para qualquer coisa que precise.