Ingênuo

Noah

Hoje eu não fiquei esperando a ligação da Laura como fiz durante seis meses.

Assim que terminei de jantar, subi para o meu quarto e fiz uma chamada de vídeo, precisava saber se estava tudo bem entre a gente. Fiquei muito preocupado com o jeito que ela saiu daqui e não conseguiria dormir sem vê-la.

A minha vontade era ir até sua casa, mas achei um pouco invasivo, já que não me deixou levá-la mais cedo.

Mas para a minha alegria, ela estava com o semblante leve e disse que a Nina e o Gabriel tinham acabado de sair de lá, e após trocarmos algumas palavras, perguntei se estava tudo bem entre a gente e ela disse que sim, fiquei mais aliviado, vi que estava sendo sincera.

— Posso entrar filho? — Meu pai, parado na porta do quarto.

— Claro pai.

— Está tudo bem?

Sua mãe disse que te achou estranho durante o jantar.

— Agora está. Achei que a Laura estava chateada comigo, mas não está, então está tudo bem.

— Eu bem que achei estranho quando cheguei e te encontrei em casa, até disse ao Arthur antes de sairmos da empresa que ele te encontraria por lá, agarrado na filha dele, matando a saudade.

— Pai!— O Repreendo.

— Calma, só estava brincando, o Arthur sabe disso.

Quer me contar o que aconteceu entre vocês?

— Não sei... Acho que não. Estou um pouco confuso.

— Conversar com o seu pai pode ser bom, posso só te ouvir ou te aconselhar se quiser.

— É que, as coisas mudaram um pouco entre eu e a Laura.

— Mudaram como? Acha que esse tempo distante abalou o relacionamento de vocês? Ele voltou diferente?

O Arthur disse que ela estava tão apressada para te ver.

— Não abalou, ainda nos amamos.

Mas sim, ela voltou diferente. Além de ainda mais linda, ela voltou mais segura, acho que mais adulta, sei lá.

— Acho normal que ela tenho voltado assim filho. Ela viveu novas experiências, teve que se virar sozinha em um país diferente, teve que lidar com a saudade, com novos costumes... Acaba ajudando no amadurecimento.

— Eu sei. É que, ela agora me olha e me beija de um jeito diferente... E isso quase me fez perder o controle e eu nunca precisei me controlar com ela, sempre foi tudo muito tranquilo.

— Espera, deixa eu ver se eu entendi.

Eu estava achando que vocês estavam com problema de distanciamento e é ao contrário disso?

Ela chegou cheia de saudade e você... Se controlou. Foi isso?

— Digamos que sim, eu não quis passar dos beijos. Na verdade, eu quis, e é isso que está me atormentando.

— Noah, se o Arthur soubesse que você não oferece nenhum risco a filha dele...

— Pai, o senhor não vai falar nada com ele, não é?

— Claro que não, filho. É que foi inevitável não pensar nele e no medo que ele tem de deixar vocês sozinhos.

Agora, falando sério, se ela queria e você também, qual era o problema?

— O problema é que não foi assim que sonhei. Queria que fosse depois do casamento, tem algum problema nisso?

— Claro que não, filho.

Eu tenho muito orgulho desse rapaz correto que você se tornou.

O problema é você conseguir resistir, porque a tendência é que o desejo de vocês aumentem e que fique cada dia mais difícil de alcançar o seu objetivo.

Mas se você acha que deve esperar, seja claro com ela, não deixe que isso esfrie a relação se vocês, não precisa ficar evitando beijos ou carícias, você vai saber até onde pode ir. E se algum dia, não conseguir parar, está tudo bem também.

Como eu queria que as suas irmãs pensassem como você...

— Elas já estão casadas e felizes, pai.

Como foi com o senhor, não esperou até o casamento não é?

— Não, mas teria esperado se ela quisesse. Mas foi no momento certo, sem nada combinado, sem nenhum medo e foi perfeito.

— Eu vou conversar com ela, não quero correr o risco de perdê-la por isso.

— Não vai perder, vão se entender. Qual garota não ia querer namorar um rapaz como você? E sem contar, que você é o sonho de qualquer sogro.

Mas mesmo assim, se eu fosse você, começaria a andar com preservativo na carteira e deixaria uns aqui no quarto, só por desencargo de consciência. — Segurando o riso.

— Obrigado pela força pai! — Falo com ironia.

— Noah, não estou dizendo que é impossível, eu acredito em você. Só estou dizendo que vai ser difícil, e quero que esteja preparado para isso.

— Isso é constrangedor!

— Então vamos mudar de assunto.

Está animado para começar a trabalhar na empresa?

— Estou sim, para começar a faculdade também.

— Você vai começar auxiliando e aprendendo tudo que for possível, não vou te dar moleza. E quem sabe, quando estiver formado, não me substitui para que eu viaje pelo mundo com a sua mãe, igual seus avós fazem.

Agora com o seu tio trabalhando de casa, fica cada vez mais difícil me afastar da empresa por muito tempo.

— Vou dar o meu melhor, eu prometo. E vai ser bom manter a minha cabeça ocupada.

— Eu também acho.

Boa noite filho! Ainda quero encontrar a sua mãe acordada.

Vai dormir e sonhar com a sua namorada. — Beijando o topo da minha cabeça e saindo do quarto.

Acho melhor não sonhar com a Laura essa noite... — Penso

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Dia seguinte...

Estávamos tomando café quando o Guilherme chegou, minha mãe comentou que até nisso ele lembrava o meu pai, que já chegava agitando o café da manhã todos os dias na casa dela.

Mais novo eu me sentia um pouco estranho por não ser parecido com o meu pai, o Gui nem tem o sangue dele e parece mais com ele do que o próprio filho.

Mas depois de um tempo eu entendi que não preciso ser parecido com ninguém, que posso e devo ser eu mesmo.

Assim que terminamos o café, meus pais foram para o trabalho e eu e o Gui subimos para o meu quarto.

— Não dormi direito essa noite. — Se jogando na minha cama.

— Estava jogando ou vendo vídeos bobos? — Sento na minha cadeira e ligo o computador.

— Nem uma coisa e nem outra. Estava pensando na Mari, não terminamos o dia muito bem ontem.

— Brigaram de novo?

— Não foi exatamente uma briga, a Mari queria que a gente... ela anda me tentando para avançarmos na nossa relação. — Girei a cadeira rapidamente, ficando de frente para ele.

— Vocês ainda não... — Fico espantado.

— Não, Noah, não sei porque ninguém acredita. — Fala revirando os olhos.

— Vocês vivem se agarrando em qualquer oportunidade, difícil não pensar.

— Eu e a Mari não somos meigos como você e a Laura, nos temos uma química explosiva, por isso é tão difícil resistir.

— E por que está resistindo? Desde os quinze anos você fala em perder a virgindade.

— Eu falava quando não me importava com nenhuma garota. Mas com a Mari eu me importo, quero que seja especial, que ela se lembre para sempre com carinho.

— Por essa eu não esperava. Você me surpreendeu Guilherme!

— Mas me conta, como foi com a Laura ontem? Mataram a saudade?

Pelo beijo que deram no reencontro...

— Na verdade, não foi como eu esperava. Depois da lanchonete eu a trouxe aqui para casa, ela disse que estava com saudade do meu quarto, achei que passaríamos a tarde como fazíamos antes, jogando e trocando uns beijinhos...

— Não acredito Noah! Você passou a minha frente? Vocês passaram a tarde... — Eu o interrompo.

— Claro que não Guilherme! — Ele me olha confuso.

— O que foi então? — Curioso.

— Começamos a nos beijar e eu quase perdi o controle, mas isso foi problema só para mim, porque ela queria que eu continuasse.

— Noah, você é muito ingênuo!

A garota passa seis meses fora, chega morrendo de saudade, te dá um beijo daqueles na frente de todo mundo, pede para vir para o seu quarto e você acha que ela queria passar a tarde jogando?

Ela só queria usar o seu joystick, e pelo jeito, você fugiu do jogo.

— Olha só quem está falando em fugir!

Nem sei o porquê eu perco meu tempo tentando falar sério com você Guilherme.

Continua...

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