Capítulo 6

PATRICIO BROWN

Eu sou o mais velho dos netos da família Brown, tenho dezoito anos. Nossa família vive de magia e pertencemos a uma das maiores famílias de lobisomens. Na minha família, a maioria dos lobisomens vive da magia da terra e até do ar. Quando criança, não acreditava muito nisso, mas desde que fiz dezoito anos e pude me transformar, nunca mais duvidei das palavras dos meus pais e avô. Para poder controlar minhas transformações e a magia, terei que viver um tempo com meu avô. Eu queria terminar meus estudos antes de fazer isso, por isso fomos passar alguns dias com o avô. Lá, eu pude me transformar e percorrer a floresta. Quando cheguei na cascata, vi uma bela menina. Achei que ela sairia correndo, mas ela ficou me observando e isso me agradou. Porém, eu precisava me afastar, ainda não podia controlar meus instintos animais. Quando voltei para o castelo onde meus avós moram, meu avô me deu uma dolorosa injeção, que irá controlar minhas transformações por um ano, enquanto eu termino a universidade. E aos dezoito anos, estou a um ano de terminar minha carreira. Em minha família, estudamos muito para terminá-la nessa idade, para então podermos partir por um tempo até controlar nossas transformações e tudo o que implica ser meio-lobo.

No entanto, o tempo está acabando. Em algumas semanas, eu termino minha carreira e devo voltar ao castelo do meu avô, onde viverei por muito tempo.

Eu gosto muito do meu avô, mas aquele lugar é muito solitário e não há nada interessante para fazer, a menos que eu saia para conhecer as garotas do vilarejo. Mas tenho certeza de que meu avô não permitirá até que eu controle minhas transformações. Por isso, vou trabalhar duro para conseguir isso o mais rápido possível.

LLUVIA

Já faz quase um ano que trabalho neste castelo e desde que cheguei, não saí daqui. Gosto muito de estar aqui. Além disso, Diego e seu pai nunca mais voltaram e isso me agrada ainda mais. Sempre temos um dia de folga por semana, mas enquanto os outros vão para o vilarejo, eu aproveito a floresta. Adoro ir à cascata que está perto daqui. Além disso, aqui na propriedade há um belo lago que eu adoro e sempre que posso, vou até lá.

Desde a última vez em que o lobo me deixou tocá-lo, sempre que há lua cheia, eu o vejo por perto e, por alguma razão, me sinto segura perto deles. Embora eu fique curiosa para saber o que aconteceu com o lobo que vi na cascata no dia em que caminhei até este lugar, por mais que eu volte para a floresta, não o tenho visto novamente. Será que ele foi embora ou caçadores o mataram? Eu não sei, mas gostaria de vê-lo novamente.

A senhora Brown e seu marido sempre me emprestam livros sobre lobos, fadas, magia e essas coisas. São livros muito antigos e eu gosto muito de lê-los antes de dormir. Além disso, estou prestes a terminar o ensino médio online. O ruim é que terei que ir pessoalmente para pegar meu certificado. No entanto, a senhora Brown se ofereceu para me acompanhar, para que ninguém ouse me dizer ou fazer algo. Agradeço por isso, porque não quero mais encontrar Diego e seu pai.

Com Aurora, nos tornamos boas amigas e contei minha trágica história para ela. Ela ficou surpresa no começo, mas entendeu por que prefiro estar neste castelo em vez de ir com eles para o vilarejo em nossos dias.

Aqui, ultimamente, não tem havido tempestades e isso me agrada. Apenas tivemos pequenas chuvas sem vento, o que parece estranho para algumas pessoas, incluindo eu, pois segundo os relatórios do clima, o vilarejo vizinho tem enfrentado fortes tormentas, que também deveriam nos afetar. Agradeço profundamente por isso.

Aurora me comentou que o neto mais velho dos Brown virá viver no castelo por um longo tempo. Ela diz que ele é bobo e que, se pudesse, o devoraria todinho com chocolate. Essas foram as palavras da minha amiga.

Alis e o senhor Daniel, que parece um robô, são boas pessoas, mas mesmo assim, mantêm distância de Aurora e de mim.

Algumas noites, quebro as regras e saio do meu quarto para caminhar perto da floresta. Sinto como se ela estivesse me chamando para entrar e explorá-la durante a noite. É claro que apenas caminho perto dela, nunca tive coragem de adentrar suas profundezas durante a madrugada. Embora tenha tecido desejos de fazê-lo, também sinto um pouco de medo, o que me faz recuar e voltar para o meu quarto.

Não sei como explicar, mas sou atraída pela floresta e pelas criaturas que vivem lá. Mas talvez, com todas as histórias que tenho lido, minha mente esteja imaginando coisas demais.

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