Capítulo 19

- - - CHUVA- - -

Acordei e sentia dor em todo o meu corpo, como se um trem tivesse passado por cima de mim, e para piorar, voltou e passou por cima de mim novamente. Era assim que me sentia. Enquanto me mexia e reclamava na cama, comecei a me lembrar do que aconteceu na noite anterior com o Patrício e, sinceramente, não sei o que pensar com as coisas que ele me disse.

- É normal que tudo doa - ouvi a voz de uma mulher e imediatamente me levantei para procurar a dona dessa voz.

A mulher que falou estava sentada em uma poltrona ao lado da minha cama.

- E quem é você? - perguntei\, surpresa.

- Sou sua avó - respondeu a senhora com lágrimas nos olhos - Você é a imagem viva do seu pai - continuou emocionada.

- Por que diz que é minha avó? Como sabe quem é meu pai? - desconfiei olhando para ela.

- Temos muito para te contar\, mas o importante é que você saiba que você é minha neta e tem uma família\, porque mesmo seus pais estando mortos\, você tem um bisavô\, um avô\, uma avó e um tio que cuidarão de você daqui em diante - comentou a senhora.

- Não sei o que dizer\, ontem à noite foi uma loucura e ainda não entendo nada\, e agora você me diz que é minha avó e que tenho uma família - falei confusa.

- A única coisa que você precisa entender é que você é um lobo da chuva\, assim como toda a nossa família - a senhora fez os olhos brilharem\, que passaram de verdes para um azul intenso.

- Como fez isso? - perguntei surpresa.

- É uma das muitas coisas que você vai aprender\, chuva. Estamos aqui para te mostrar como controlar a chuva\, como fazer com que as tempestades estejam ao seu favor\, como provocar a neblina\, como se transformar e o mais importante\, como liberar todo o seu poder. Quando você souber de tudo isso\, será invencível - respondeu minha suposta avó\, mas estou duvidando de tudo o que ela diz\, afinal nem a conheço.

- Qual é o seu nome? - perguntei.

- Sou Elizabeth\, mas você pode me chamar de avó - comentou a senhora.

- Acho que\, por enquanto\, vou chamá-la de Eli - respondi.

- Está bem\, como quiser. Agora se prepare\, nos esperam no escritório. Você precisa conhecer seus avós e seu tio - Eli explicou.

- Bom - me levantei ainda dolorida e entrei no banheiro\, onde tomei um banho bem frio\, eu precisava.

Quando saí do banheiro, Eli não estava lá. Me preparei para descer e ir até o escritório. Assim que fiquei pronta, saí do meu quarto e cheguei ao escritório, onde encontrei Patrício na porta.

- Oi\, minha linda chuva - ele saudou bobo.

Dei um passo em sua direção e o abracei, eu precisava. Estava tão confusa, em pouco tempo descobri tantas coisas que já não sabia o que era verdade e o que não era.

- Como está? - perguntou Patrício.

- Confusa\, não sei o que fazer agora - respondi sinceramente.

- Eu estou aqui para te apoiar\, vou cuidar de você e te acompanhar em cada passo que der daqui para frente. Afinal\, você é minha namorada - expressou Patrício.

Ele uniu nossos lábios e ficamos nos beijando por alguns segundos.

- Você sempre soube o que eu sou\, não é verdade? - perguntei quando nos separamos.

- Sim\, mas não podia te contar até confirmarmos quem eram seus parentes - respondeu Patrício.

- Como confirmaram? - perguntei curiosa.

- Quando aconteceu aquele incidente e você desmaiou por alguns dias\, minha mãe pediu ao médico que tirasse uma amostra do seu sangue. Minha avó a levou até o seu bisavô e eles fizeram o teste de DNA - explicou Patrício.

- Então não há dúvidas\, eles são minha família - comentei.

- Isso mesmo. Agora vamos entrar para saber o que acontecerá a partir de agora - disse Patrício.

- Eu não quero ir embora - expressei.

- E eu não quero que você vá\, por isso\, aconteça o que acontecer\, estarei sempre ao seu lado - respondeu Patrício e me deu um beijo para selar essa promessa.

De mãos dadas, entramos no escritório onde todos nos olhavam fixamente e eu não sabia o motivo.

- Chuva\, já conheceu sua avó Elizabeth\, ele é seu avô Maurício\, seu tio Héctor e ele é seu bisavô Conor - apresentou o senhor Brown.

- Foi um prazer conhecer vocês - não sabia o que mais dizer.

- Você é idêntica ao seu pai - diz Maurício e me abraça; eu não soube como reagir\, apenas deixei que ele fizesse.

- Papai\, acho que você está a deixando desconfortável - fala Héctor\, olhando-me de forma estranha.

- Sim\, desculpe\, querida\, me emocionei ao pensar no seu pai - eu apenas sorri.

- Lluvia\, sente-se\, precisamos falar de muitas coisas - fala o senhor Conor.

- Sobre o que querem falar comigo? - pergunto\, sentando-me ao lado de Patrício.

- Do seu treinamento\, você tem que vir conosco\, há coisas que não podemos te ensinar aqui - explica o senhor Conor.

- Eu não quero ir\, estou apenas começando a assimilar o que sou\, acabei de conhecer vocês e vocês são estranhos para mim\, não vou com vocês - respondo preocupada.

- Sabemos que não quer se afastar\, mas é necessário. Se Patrício quiser\, ele pode te acompanhar e vocês poderiam treinar juntos para controlar suas transformações - propõe Maurício.

- Não acho que ele tenha que vir - comenta Héctor.

- Bem\, se Patrício não for\, eu também não vou - respondo seriamente.

- E eu nunca te deixarei ir sozinha - apoia-me Patrício\, segurando minha mão.

- Então não se fala mais\, os dois virão conosco até terminarem seu treinamento. Patrício\, você é a outra metade de Lluvia\, isso te torna parte da família e é assim que te trataremos - comenta o senhor Conor.

Não sei para onde vamos nem o que faremos, mas Patrício estará ao meu lado como prometeu, e isso me tranquiliza muito. Não quero estar sozinha em um lugar estranho, não de novo. Já estive muito tempo sozinha. Acho que chegou a hora de minha vida mudar. Agora posso contar com uma família e com um namorado muito bonito, aliás. Também tenho uma amiga chamada Aurora, que, embora no começo gostasse de Patrício, não teve nenhum problema com nosso relacionamento e continuamos sendo boas amigas. Ainda não contei a ela sobre ser uma loba, pois estou assimilando isso também. Como explicar a ela quando há partes da minha história que nem eu entendo totalmente?

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