Capítulo 8

Hoje minha família me levará ao castelo do avô, nós vivemos na cidade, então viajar até a vila é um caminho longo e cansativo. Minha irmã está feliz porque ela adora os avós, se dependesse dela, moraríamos na vila. Mas meu pai cuida dos negócios da família na cidade para que meus avós possam ficar tranquilos em seu castelo. Ao chegar na vila, tivemos que esperar meus avós virem nos buscar, já que nosso carro ficaria aqui, pois não está equipado para se aventurar na floresta. Todos na vila nos conhecem, pois meus avós fazem negócios e investimentos com todos aqui. Somos muito apreciados, embora eu acredite que se soubessem o que somos, não nos apreciariam tanto.

Depois de esperar por uma hora, minha irmãzinha Luna saiu correndo para receber os avós, que já tinham chegado no ponto de encontro, um dos restaurantes da vila.

- Olá\, linda Luna\, a cada dia você está mais bonita – elogia minha avó Patricia Brown\, por ela meu nome.

- Obrigada\, vovó\, você também está mais bonita – devolve o elogio minha irmã.

- E para mim\, não tem nada? – indaga o avô William Brown.

- Sim\, muitos beijos e abraços – esclarece Luna.

- E você\, como já é um homem de dezenove anos\, não saúda suas avós – repreende minha avó.

- Você sabe que não é assim\, avó\, venha para os meus braços – digo enquanto a abraço forte.

- Homem\, meu neto\, você está realmente um homem e um galã. Deve ter muitas garotas atrás de você – comenta o avô.

- Nenhuma importante\, avô – respondo enquanto o cumprimento.

- É verdade\, sogro\, o Patricio ainda não conheceu a mulher da sua vida\, a lua ainda não lhe apresentou – mais uma vez minha mãe Estrela com a história de que a lua escolhe os pares dos lobos.

- Um dia desses vai acontecer\, e esse rapaz vai perceber que a lua não serve apenas para nos transformar – comenta o avô.

- É verdade\, pai\, agora acho que devemos ir – apoia meu pai Maikol.

- Sim\, vamos\, no caminho eu vou contar sobre alguém especial que chegou ao castelo – comenta minha avó.

- E quem é essa pessoa especial\, vovó? – pergunta minha irmã.

- Ela se chama Lluvia e acredito que pertença ao clã da chuva\, vocês se lembram? – pergunta minha avó.

- Vovó\, se não me engano\, vocês me disseram que esse clã se afastou das outras quatro famílias há mais de dezesseis anos\, quando mataram seu filho mais velho – lembro das histórias enquanto entramos no carro.

- É verdade\, rapaz\, mas essa menina é idêntica ao homem que mataram\, e sua vida tem sido marcada por tragédias no meio de tempestades. E é bem sabido que quando um membro desse clã está em perigo\, as tempestades o protegem – responde o avô.

- E essa garota sabe quem é seu pai? – indaga meu pai.

- Não\, sua mãe morreu ao trazer ela ao mundo\, e vocês já podem imaginar o porquê. Sua mãe\, por ser humana\, precisava ter cuidados especiais para trazer um membro do clã mais poderoso ao mundo\, mas acredito que ela não sabia quem ele era – comenta minha avó.

- Como podem ter certeza de que esse homem era o pai dela? – indaga minha mãe.

- Ela nos viu transformados e não se afastou\, pelo contrário\, ela se aproxima de nós. Embora ela ainda não saiba\, seus esforços a estão levando onde ela pertence. Terei que fazer uma viagem para falar com o avô dessa família\, um dia fomos amigos\, espero que ele me receba – explica o avô.

- E quando será essa viagem? Suponho que eu tenha vindo para que você me treine – questiono.

- Não se preocupe\, ainda tenho dois anos para que a garota saiba a verdade. Apenas ontem ela completou dezesseis anos. Não vou negligenciar seu treinamento\, mas farei uma viagem por alguns dias quando achar conveniente – responde o avô.

- Como você diz\, avô – respondo.

- Estou ansiosa para conhecê-la – comenta Luna emocionada.

- Está bem\, pequena\, mas ela não sabe o que é\, nem o que somos nós\, então você não pode dizer nada a ela – esclareço a avó.

- Não se preocupe\, vovó\, não vou contar nada\, seremos apenas amigas - respondeu minha irmã.

Agora não tenho tempo para lidar com os problemas dos outros, o tempo da injeção passou e em dois dias haverá lua cheia, com certeza o vovô vai querer me trancar para que eu não saia e ataque ninguém na floresta, mesmo que ela esteja quase sempre vazia, com exceção daquela vez na cachoeira onde encontrei aquela linda garota, mas com ela foi diferente porque não perdi o controle e não quis atacá-la, apenas tomei água e me afastei dela. Durante todo esse tempo, tenho pensado nessa garota que me proporcionou tanta calma ao ponto de evitar que eu a atacasse. Queria saber quem ela é, mas não acredito que voltarei a encontrá-la, afinal, já se passou um ano.

Já no castelo, fui diretamente para o meu quarto de sempre, tudo está como sempre, exceto por um arranjo de lírios, as flores que mais detesto. Não posso acreditar, meus avós sabem perfeitamente bem que desde que minha metade lobo está mais presente, meu olfato está mais aguçado e eu não suporto o cheiro das flores. Peguei o arranjo e o deixei no quarto da minha irmã. Ela me olhou surpresa, mas não disse nada. É uma garota esperta. Depois disso, troquei de roupa e fui para a academia do castelo me exercitar. Sim, estava cansado da viagem, mas sempre tenho um pouco de energia extra, principalmente durante a noite.

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