Diana Paiva

Mais que merda, eu achando que ser uma universitária era corrido, não fazia ideia de que a vida de uma empresária é bem mais corrida.

Se o dia tem vinte e quatro horas, não é suficiente para tudo que eu tenho para fazer. Tô só o pó e ainda tenho que ver uns e-mails. Minha cabeça está a mil, os acionistas me tratando como uma criança. Mal sabem eles que meu irmão sempre me atualizava sobre a situação da empresa.

Falando no Renato, graças a Deus ele está respondendo bem ao tratamento. Devido à pancada na cabeça, ele está em coma. Os médicos estão confiantes de que ele vai sair dessa. Já faz três semanas que estou na cidade cuidando de tudo e parece que já faz mais de um ano.

O dia de hoje foi bem cansativo. Tudo que quero é cama e descanso, mas isso é impossível quando sua melhor amiga não te deixa em paz querendo saber tudo que está acontecendo. Chamei a Bruna para me ajudar com a publicidade da empresa, já que ela estuda para isso, e devo dizer que ela é muito boa.

A Paiva tem muitos empreendimentos e negócios. Falando em negócios, amanhã tenho uma reunião com Ulisses Mendonça. Pelo que sei, ele é um homem de grande visão no mundo dos negócios. Antes do acidente do meu irmão, eles tinham um projeto em andamento que agora serei eu a continuar.

— Senhorita, chegamos — diz meu motorista, parando em frente à casa do meu irmão.

— Obrigada, Paulo — sorrio para ele enquanto abro a porta.

Caminho escada acima. Essa casa é linda, mas não gosto daqui, não me sinto bem neste lugar, me sinto inquieta, presa. Subo para meu quarto, tiro toda a roupa e entro embaixo do chuveiro para que a água leve embora todo cansaço, raiva e, principalmente, estresse.

Tô me sentindo com uns mil quilos nas costas. Fico um tempo embaixo do chuveiro, desligo o chuveiro, caminho para meu closet, coloco uma camisola de seda preta e uma calcinha da mesma cor. Ao sair do closet, me jogo na cama e durmo rápido; o cansaço me abraça.

Acordo com o despertador tocando. Merda, só mais um pouquinho. Só que o despertador continua tocando. Me aproximo do despertador e o desligo, mesmo contra minha vontade. Levanto, tomo banho, faço minha higiene matinal. Já pronta, desço para tomar meu café. Na cozinha, encontro a Zélia, o Paulo e mais duas funcionárias cujos nomes não sei.

— Bom dia — digo, me aproximando de todos, que ao me ver respondem juntos.

— Bom dia, menina! Não vi a hora que você chegou ontem? E você não comeu o jantar que deixei na geladeira pra você!

— Bom dia, Zélia! Cheguei tarde, estava muito cansada, só queria banho e cama. Obrigada por deixar a comida pronta para mim e desculpa por não ter comido — sorrio para ela.

— Você é igualzinha ao seu irmão, mal comia, só se ligava em trabalho. Tem que comer, querida, se não, uma hora o corpo padece, aí não tem como voltar atrás.

— Tudo bem, Zélia, vou comer direito, prometo — sorrio olhando para ela, que balança a cabeça em confirmação.

Tomo meu café conversando com a Zélia e o Paulo. Depois do café, sigo para a empresa. Ao chegar na sala, do meu irmão. Fico horas entre papéis e videoconferências. Estava conversando com Félix, um empresário amigo do meu irmão, que me pôs a par de alguns problemas da empresa. O pior foi saber que a empresa tem sido roubada há uns anos, mais de vinte bilhões, um rombo que pode nos levar à falência. Para completar, teve a visita do senhor Mendonça, um homem muito bonito, mas muito arrogante. Seu jeito me deixou por vários momentos sem saber o que dizer. Como não sou mulher de baixar a cabeça para ninguém, não seria para ele que eu faria isso. Depois de conversar com ele, o dia ficou bem mais corrido. Não consegui parar de pensar no homem arrogante, intrigante e misterioso.

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