Capítulo 12

Adrian não voltou mais nenhuma vez à sala de Benício depois de entregar aquele relatório. O expediente já tinha terminado, e Benício achou que seu funcionário já tivesse ido embora, sem sequer passar em sua sala ou avisar. Ele só se deu conta da hora quando olhou no relógio, pois nem mesmo tinha percebido que já estava ficando tarde.

Benício pegou suas coisas e saiu de sua sala. Ao passar pela sala de Adrian, percebeu a luz acesa e entrou, vendo que ele ainda permanecia na empresa.

— O que ainda está fazendo aqui?

— Estou terminando um relatório para uma colega.

Benício franziu o cenho no momento em que ouviu o que ele disse. Terminou de entrar na sala e pegou o papel que estava na mesa de seu subordinado, fazendo uma expressão ainda mais carrancuda.

— Quem te mandou fazer isso?

— Na verdade, uma moça que trabalha aqui me pediu para fazer isso, pois ela não poderia terminar esse relatório hoje, tinha algo para fazer.

Benício colocou sua pasta sobre a mesa, aproximou-se dele e colocou as mãos no braço da cadeira, uma de cada lado, esclarecendo algo para ele.

— Você trabalha para mim, senhor Adrian. Todo e qualquer trabalho para você dentro da minha empresa terá que ser passado por mim. Não sabia que era tão proativo ao ponto de deixar que as pessoas ganhem dinheiro às suas custas.

Adrian estava tentando controlar sua respiração naquele momento. Não podia demonstrar que aquela proximidade estava mexendo com ele. Ter Benício tão perto daquele jeito ainda era melhor do que quando trombou com ele no banheiro. Não só podia sentir seu perfume, mas podia olhar bem nos olhos dele de perto. Se ele se aproximasse mais, poderia até sentir seu hálito quente em seu rosto.

— Entendi, senhor — respondeu, mas não conseguiu evitar olhar para os lábios do homem à sua frente.

— Ótimo. — Se afastou um pouco da cadeira — Então deixe isso aí e vá para casa. Quando a dona desse relatório vier buscar amanhã e ele não estiver pronto, diga que fui eu que não permiti que ele fosse feito. Se ela achar ruim, que venha até minha sala e reclame comigo. Vamos, desligue tudo e vamos descer, assim vou ter certeza de que não vai continuar aqui e vai terminar isso daí.

Adrian não tinha outra escolha a não ser obedecer ao que ele tinha mandado. Desligou seu computador, pegou suas coisas e saiu do escritório com seu chefe. Os dois pegaram o mesmo elevador, e aquilo estava sendo bem constrangedor. O silêncio entre eles naquele momento fazia seus pensamentos fervilharem.

Não era somente Adrian que estava incomodado com aquele silêncio, pois Benício também estava pensando em como tinha ficado tão perto dele. Era quase como ficaram quando Adrian o ajudou a se acalmar naquela crise. Ele esperava que seu rosto não tivesse o entregado quando ficou naquela posição, pois naquele momento o que seu corpo mais queria era chegar mais perto ainda.

— Tenha uma boa noite e descanse, vejo você amanhã no trabalho — se despediu de seu funcionário assim que saíram da empresa.

— Obrigado, senhor. Tenha uma ótima noite também.

A princípio, ele até chegou a pensar em oferecer uma carona, mas achou que poderia estar demonstrando se importar demais. Era melhor tentar manter uma certa distância entre eles, ao menos era o que tentaria fazer. Só não sabia se conseguiria.

Adrian chegou em casa naquele dia bem fora do horário que deveria. Sua avó ainda o aguardava sentada na mesa da cozinha, como sempre, tinha uma expressão de preocupação no rosto.

— Eu estava preocupada, meu menino. Você chegou tarde.

— Desculpa, vó, acabei preso no trabalho hoje.

— Você ainda é tão jovem e está tão sobrecarregado. Seus pais se foram tão cedo, deixaram você com essa responsabilidade de cuidar de uma velha como eu.

— Vovó, não fala esse tipo de coisa, assim fica parecendo que a senhora é um fardo para mim, mas não é bem assim. Eu amo muito a senhora e não vejo como um peso cuidar da senhora. Dona Marcelina, pare de ficar com caraminholas na cabeça. A senhora já jantou? Porque eu estou com fome. — Deu um beijo na cabeça de sua avó.

Adrian realmente não se sentia daquela forma como sua avó estava pensando. Ele a amava e não via o fato de cuidar dela como um fardo, mas sim uma responsabilidade e retribuição pelos anos dedicados a ele.

Benício também chegou mais tarde do que o normal naquele dia. Depois de tomar um banho, foi até a sala, pois queria uma bebida, mas acabou se deparando com Carla, que tinha acabado de chegar. Naquele momento, se arrependeu de ter dado uma chave a ela, pois queria ficar sozinho.

— Vou dormir aqui hoje. Tudo bem para você?

Benício pensou em responder de imediato que não queria que ela dormisse lá, mas depois parou para pensar um pouco que talvez fosse uma boa ideia ela ficar ali. Andava tendo muitos pensamentos estranhos com Adrian, pensou que se deixasse que ela ficasse com ele mais vezes, poderia deixar aqueles pensamentos de lado.

— Tudo bem, tem roupa sua no meu closet, se quiser tomar um banho primeiro.

Ele decidiu deixá-la ficar e iria se testar naquela noite. Aquele tinha sido o primeiro dia daquele homem ao seu lado. Pensou por alguns segundos que poderia não ter sido uma boa ideia tê-lo contratado, pois, mesmo que não quisesse, Adrian conseguia mexer com sua estrutura.

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