Capítulo 9

Carla aguardou alguns minutos na sala, enquanto sua aliada buscava um dos novatos para que ela pudesse conversar com ele. Se fosse como ela estava pensando, aquela pessoa poderia ajudá-la a conseguir o que queria. Enquanto refletia, a porta se abriu, e sua cúmplice entrou com o novo funcionário.

— Senhorita, ele é a pessoa de quem falei. — Apontou para o homem que entrou logo atrás dela.

— Muito prazer, sou a Carla, noiva de Benício.

— Prazer, senhorita. Sou o Fábio. Em que posso ajudar? — respondeu ao seu aperto de mão.

— Tem interesse em se tornar o assistente do meu noivo? — Foi direta.

— Mas ele já escolheu outra pessoa. Como eu poderia ser o assistente dele? — Achou estranha aquela pergunta.

— A pessoa que está ao lado dele neste momento não é qualificada. Ele só está nesse cargo porque fingiu ser atropelado pelo Benício. Não quero alguém sem escrúpulos como ele ao lado do meu noivo. O que me diz? Está disposto a me ajudar e, ao mesmo tempo, conseguir aquele cargo?

Fábio ainda ficou por alguns instantes pensando naquela proposta. Ele realmente desejava aquele cargo, e se a própria noiva de Benício estava oferecendo aquela oportunidade, não viu problema em aceitar aquela oferta.

— Sei que posso fazer um bom trabalho para o Senhor Benício. Se o que você está dizendo for verdade, não podemos permitir que esse tipo de pessoa permaneça na empresa.

Carla ficou satisfeita com a resposta que recebeu e pediu a Fábio que se sentasse. Ela começou a explicar o que esperava que ele fizesse. Seu principal objetivo era mostrar a Benício que Adrian não era tão competente quanto ele pensava, começando a prejudicar o desempenho de Adrian e, assim, levar seu noivo a demiti-lo. Carla sabia que Benício não tolerava erros no trabalho.

Benício ainda estava na sala de reuniões com Adrian. Nenhum dos dois imaginava que em outra sala do mesmo prédio alguém estava tramando contra eles, especialmente Benício, que não tinha ideia de que sua noiva estava envolvida no plano.

Quando a reunião terminou, Carla já havia concluído suas instruções a Fábio e se retirado do prédio. Ela não queria arriscar encontrar Benício, então deixou as orientações para que Fábio as seguisse assim que saísse da sala e deixasse o prédio.

Uma das primeiras ações de Fábio foi espalhar a informação de que Adrian havia entrado na empresa devido à chantagem e não por mérito. Isso fez com que as pessoas começassem a olhar para ele de forma diferente.

Adrian começou a notar olhares estranhos direcionados a ele, algo bem diferente do que experimentou quando ingressou na empresa e antes da reunião. Após sair da sala de Benício, ele dirigiu-se a uma pequena cozinha social para beber água, mas a situação não mudou. Três mulheres que estavam lá saíram assim que ele entrou e nem sequer responderam ao seu cumprimento.

— O que aconteceu com todo mundo? — Adrian estava confuso.

Enquanto tomava água e revisava a agenda de Benício, outra pessoa entrou na cozinha e o cumprimentou. Adrian reconheceu a pessoa como alguém que também havia participado da entrevista no mesmo dia que ele.

— Você estava entre os finalistas para a vaga de assistente, certo? — perguntou Adrian, mantendo sua simpatia característica.

— Sim, sou o Fábio. E você? Qual é o seu nome? — Fábio perguntou, como se não soubesse.

— Me chamo Adrian. — Adrian estendeu a mão para cumprimentá-lo.

— Então, você é o novo assistente do Senhor Benício?

— Sim — respondeu com um sorriso.

— O que você acha do trabalho até agora? — perguntou Fábio ao se sentar.

— Estou gostando. O Senhor Benício tem paciência para explicar o que precisa, mas também é bastante exigente.

Fábio continuou a conversar com Adrian de maneira insincera, esperando que ele pudesse soltar alguma reclamação ou revelar alguma informação importante que pudesse usar contra ele. No entanto, ele percebeu que Adrian era mais perspicaz do que imaginava e que precisaria adotar outra abordagem para ganhar sua confiança ou obter informações.

— A conversa está boa, mas preciso voltar ao trabalho. Conversamos mais outra hora. — Adrian se despediu e saiu da sala.

— Veremos por quanto tempo ele ainda manterá esse sorriso no rosto. — Fábio comentou assim que Adrian saiu da sala.

Adrian ainda estava alheio a tudo o que estava acontecendo. Por um momento, ele pensou que poderia ser apenas sua imaginação, já que Fábio tinha conversado com ele de maneira normal. Talvez ele estivesse apenas nervoso em seu primeiro dia.

O próximo compromisso de Benício seria um almoço de negócios em um restaurante. Adrian decidiu confirmar as reservas nessa agenda, apenas para garantir.

— Às onze horas, o senhor tem um almoço com alguns investidores, as reservas já foram confirmadas. — Adrian informou ao seu chefe.

— Certo, pegue suas coisas. Você vai comigo.

— Eu? — Adrian perguntou surpreso.

— Sim, você não é meu assistente? Então, é você quem deve ir comigo. Eu mencionei a flexibilidade de horários. Pode acontecer de termos que jantar também. Haverá algum problema com relação aos horários? — Benício perguntou de forma mais séria.

— Não, nenhum problema. Caso eu tenha que chegar um pouco mais tarde em casa, só preciso avisar à minha avó. Ela fica preocupada quando chego mais tarde.

Benício concordou com a cabeça, mas ainda tinha mais algumas perguntas em mente. A principal delas era sobre a vida pessoal de Adrian, embora relutasse em admitir, ele queria saber se Adrian tinha alguém especial em sua vida.

— Não tem que avisar mais ninguém? Uma namorada ou noiva? — Benício fingiu que a pergunta era casual.

— Não, senhor. Sou solteiro. Só tenho minha avó, a quem considero como minha mãe.

Benício não demonstrou, mas sentiu uma pequena alegria ao ouvir isso. Era egoísta da parte dele se sentir assim, mas não conseguiu evitar a sensação de felicidade e alívio por saber que Adrian não estava em nenhum relacionamento.

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