Após deixar Carla em sua casa e se despedir de forma um tanto morna, Benício foi para seu apartamento. Assim que chegou, ele tomou um banho. Enquanto estava debaixo do chuveiro, apoiou uma de suas mãos na parede e começou a refletir. Tanto sua família quanto Carla estavam pressionando para que eles se casassem logo. No entanto, ao mesmo tempo que ele considerava essa, a solução para o seu problema, imaginava-se preso em um casamento infeliz e frustrante.
Ao sair do banho, Benício enviou uma mensagem para seu terapeuta, pedindo que marcasse um horário, pois estava precisando. Sentia que estava à beira de uma crise de pânico. Em seguida, Benício serviu-se de uma dose de sua bebida preferida e foi até o amplo janelão de vidro em sua sala. Ficou ali parado, absorto em seus pensamentos. Ele sabia que aquela seria mais uma noite em que demoraria para pegar no sono.
Enquanto Benício estava preocupado e reflexivo naquela noite, Adrian terminou de ler algumas páginas do livro que estava acompanhando e depois se preparou para dormir. Ele queria descansar bem para o dia importante que estava por vir. Ele tinha recebido outra chance e estava determinado a não desperdiçá-la.
Na manhã seguinte, ambos seguiram com suas rotinas. No entanto, Adrian tentou manter o foco durante seu trajeto, evitando a ansiedade que o afetou no dia anterior, para evitar qualquer contratempo. Por outro lado, Benício acordou de péssimo humor. Ele não conseguiu dormir o suficiente, estava com dor de cabeça e se sentindo extremamente irritado.
Devido à sua condição, Benício optou por não dirigir naquele dia e deixou que seu motorista o levasse ao trabalho. Sua dor de cabeça estava incomodando demais e ele não queria arriscar dirigir e causar outro acidente, como o que havia ocorrido anteriormente. Ao chegar no escritório, ele se dirigiu imediatamente à sua sala e pediu à sua secretária que providenciasse um remédio para enxaqueca. Ele tinha muitas tarefas para realizar naquele dia e precisava estar em boas condições para enfrentá-las.
Adrian conseguiu chegar ao local da entrevista a tempo. A primeira etapa da entrevista seria conduzida pelo departamento de recursos humanos e aqueles que passassem nessa fase seriam entrevistados pessoalmente pelo presidente da empresa, já que uma das vagas era para a posição de assistente da presidência.
Adrian se destacou entre os candidatos, sendo um dos três selecionados para a segunda fase. Seu currículo impressionou e suas respostas durante a entrevista foram precisas e coesas. Ele se tornou um forte concorrente para a vaga.
Os três candidatos aguardaram em uma antessala antes de serem chamados para a entrevista com o presidente, que aconteceria na sala de reuniões. O primeiro candidato entrou e demorou um pouco antes de sair. Em seguida, foi a vez de Adrian, que já estava imaginando como seria a reação do presidente ao vê-lo como um dos possíveis candidatos para a vaga.
Quando Adrian entrou na sala, encontrou Benício perto da janela. Benício parecia desconfortável, ajustando o nó da gravata, mas dirigiu a palavra a Adrian sem olhar para ele.
— Pode se sentar, já vamos começar — disse, enquanto continuava a ajustar a gravata.
Adrian fez como Benício sugeriu e se sentou, mas estreitou os olhos na direção de Benício, percebendo que ele não estava se sentindo bem. Logo, o homem à sua frente se virou e o encarou com surpresa.
— Você!?
— Bom dia, senhor. Estou aqui para a entrevista. — Adrian explicou de imediato.
— Não me diga que era para essa entrevista que você estava vindo ontem? — Benício estava genuinamente surpreso.
— Sim, mas tive a sorte de que a entrevista foi adiada, — Adrian respondeu com um leve sorriso.
— Eu não estava em condições de fazer isso ontem, mas é bastante interessante. Eu não imaginava que poderia ter atropelado um candidato à vaga na minha empresa. No entanto, já que você está aqui, significa que é competente. Pode se sentar novamente; vamos continuar.
Benício começou a analisar o currículo de Adrian e fazer perguntas. Apesar de ter a oportunidade de compensá-lo pelo incidente anterior, ele continuou a agir como um homem de negócios, determinado a escolher o candidato mais qualificado para a posição.
De certa forma, ele estava contente por Adrian ser um candidato qualificado, pois assim poderia oferecer a vaga ao homem que havia ferido acidentalmente. Benício estava prestes a anunciar que Adrian havia passado, mas de repente, começou a sentir uma forte falta de ar.
Benício colocou a mão no peito e afrouxou ainda mais a gravata. Sua respiração acelerou e suas mãos tremiam visivelmente. O que ele temia havia ocorrido; ele estava enfrentando outra crise de pânico.
Adrian percebeu que Benício não estava bem desde o momento em que entrou na sala. Vendo a situação piorar, ele se levantou da cadeira e foi ajudar Benício. Adrian afrouxou ainda mais a gravata de Benício, desabotoou dois botões e começou a conversar com ele.
— Senhor, escute-me. Preste atenção na minha voz e olhe para mim. — Segurou as mãos de Benício, colocando-as contra seu próprio peito — Siga a minha respiração e tente acompanhar.
Adrian continuou a falar com Benício, mantendo-se inclinado para a frente, próximo e fazendo o possível para que ele se sentisse seguro. Benício começou a olhar profundamente nos olhos verdes do homem à sua frente, que pareciam transmitir calma e paz, algo de que ele precisava desesperadamente para superar a crise.
Somente depois de alguns minutos, Benício conseguiu se acalmar um pouco. Sua respiração começou a retornar ao normal, mas ele ainda não soltava a mão de Adrian.
— Vou pegar um pouco de água para o senhor. — Adrian disse com calma.
Foi apenas depois que Adrian proferiu essas palavras que Benício se deu conta de que estava segurando a mão dele com firmeza. Ele a soltou e desviou o olhar. Adrian se apressou em pegar um copo com água para Benício e depois de beber um pouco, ele se sentiu em condições de falar.
— Obrigado pela sua ajuda. Como você sabia o que fazer? Você manteve a calma muito bem.
— Eu também já tive crises de pânico antes, depois que meus pais morreram em um acidente de carro. Acabei passando por isso. Eu estava ao telefone com minha mãe quando tudo aconteceu.
Adrian abriu seu coração naquele momento. Falar sobre suas ansiedades poderia ajudar Benício a se abrir e compartilhar seus próprios sentimentos. Manter tudo para si nunca era uma boa solução. O sentimento de culpa pela morte de seus pais o levou a desenvolver essa síndrome, mas com a ajuda certa, conseguiu superar essa fase de sua vida. Talvez pudesse fazer o mesmo por Benício e ele estava disposto a ajudar.
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Elliot Davis-----chegay
Eu msm mana a senhora quebrou a 4 parede agora
2025-03-08
3
Yedan Sonaecon
simmm😚💅🏻
2025-02-16
2
Maria Schmidt
🤔🤔🤔
2025-02-03
0