Meu pai viajou ou melhor foi embora, não me despedi ou jantei com ele. Não vou mentir que me sinto um pouco arrependida por isso, ele vai demorar muito para voltar para visitar, tenho certeza. E agora, pela primeira vez na minha vida, eu estou totalmente sozinha e dona de mim. Para não causar problema para os outros, meu pai me emancipou. Agora preciso acabar esse semestre com sucesso, viajar como sempre com o Gui e Ceci, depois volto e foco totalmente para entrar na faculdade.
Pensei muito sobre meu futuro essa noite. Não quero deixar essa cidade, foi aqui onde nasci, cresci, onde tenho as poucas lembranças com a minha falecida mãe. Vou fazer a minha vida. Não deixarei ninguém decidir nada por mim. Tomar minhas próprias decisões e escolher aquilo que me faz feliz. Com essa energia que só estava em minha mente e nenhuma no meu corpo, mas já era alguma coisa, me arrumo e desço para lidar com meu dia. A batalha começa dia após dia. Irei lutar as minhas batalhas. Desci totalmente decidida a encarar a vida. Na sala de jantar, já estavam todos na mesa tomando café da manhã.
— Bom dia a todos — eu disse sorrindo e indo em direção da porta, fui apenas cumprimentar todos eles antes de sair, tinha um dia cheio pela frente.
— Vai sair sem comer nada? — Gabriela perguntou preocupada
— Coma pelo menos uma torrada com suco,. Podemos adicionar o que gosta amanhã, só precisa nos falar, repassaremos para cozinha. — Tio Pedro disse me olhando, ele sempre foi bem atencioso comigo.
— Obrigada, vocês são os melhores. Preciso mesmo ir. — Disse e corri para o lado de fora, conhecendo Gui e Ceci, viriam atrás de mim, ainda bem que pedi uber antes de descer. Ele já estava me esperando do lado de fora.
Enquanto eu me dirigia para meu compromisso com o pensamento nas nuvens, em outro carro, indo em direção da escola dois irmãos brigavam por minha causa.
— O que tu fez com ela? Ela saiu feliz e voltou péssima ontem. Nem quis ver o pai dela e hoje estava quase que fugindo de nós. — Cecilia falou olhando para o celular com atenção — e não responde de jeito nenhum nem mensagens e nem ligação.
— Acho que ela precisa de um pouco de espaço nesse momento — Guilherme falou olhando pela janela, como se estivesse divagando, perdido em seus pensamentos.
— O que você aprontou? — Cecilia perguntou brava
— Porque sempre tem que ser eu a aprontar algo? — Guilherme perguntou confuso com a afirmação da irmã
— Diz logo — Cecilia disse seca e sem paciência, estava preocupada demais por conta da minha reação.
— Acho melhor fingir que não sabe até ela te contar. O pai dela vendeu a pousada. Ela não aceitou nada bem, como você percebeu — Guilherme disse suspirando
— Isso é sério? — Cecilia estava chocada ao descobrir.
— Sim — Guilherme confirmou com o tom triste
— Explica porque ela está tão estranha, mas não porque foi na frente hoje. O que tu aprontou? — Cecilia perguntou encarando Guilherme que estava perdendo a paciência com a insistência da irmã.
— Ah! Cecília. Tô sem saco para isso. Fiz nada. Se descobrir o que tá rolando me avisam. — Guilherme respondeu antes descer do carro e olhando com atenção para o portão da escola — Cecília??
— Oi? — Cecilia respondeu saindo do carro
— Porque sua amiga saiu antes da gente e ainda não chegou? — Guilherme questionou sério encarando a irmã
— Onde está a sua noiva? — Cecilia disse rindo debochada
— Eu tô no limite para brincadeira. Ache ela. Agora — Guilherme irritado com a situação entrou na escola
— Por favor, Sophie, não esteja aprontando. Seu noivo é muito chato para eu lidar com ele com sua versão irritada e ciumenta — Cecília pensou alto antes de continuar ligando para amiga
A hora da aula chega, nada da minha ilustre presença, Guilherme fez sinal na porta da sala de aula, perguntando onde estava eu, Cecilia acenou com a cabeça, dizendo que não tinha aparecido. Guilherme se afasta da sala sem dizer mais nada.
— Faça tudo, Sophie, até está com alguém, só não tenha fugido. Ele nunca vai perdoar você se tiver feito isso. — Cecília pensou alto entrando na sala de aula totalmente desfocada.
Primeiro horário todo se passou completamente, nada de mim. Guilherme tinha passado umas duas vezes já na sala de aula me procurando. Na metade do segundo horário, quanto Cecilia já pensava em ligar para polícia, eu entro na sala como se nada tivesse acontecido. Chamo o professor, falo um monte, professor compreende e me manda sentar. Peço desculpa para sala e sento ao lado de Cecilia. Antes que eu pudesse explicar algo para ela, Guilherme está na porta chamando nós duas, dizendo que era importante e urgente ao professor. Nos retirando de sala de aula. Nos conduzindo até a sala do Conselho escolar e fechando a porta.
— O que acontece? — Pergunto a ele, que estava parecendo muito irritado.
— Eu que te pergunto, onde você estava? Sabe o quanto ficamos preocupados com você — Guilherme respondeu me puxando para seu colo. Ele estava sentado na cadeira de presidente.
— Desculpa, eu tinha uma entrevista de emprego — falei segurando com as duas mãos o seu rosto fazendo ele olhar para mim, não queria preocupar eles — não comi porque além de está atrasada, estava nervosa. Não contei porque não sabia se iria dar certo. Gui, se um dia eu sumir, me procure, algo ruim deve ter acontecido comigo, está bem? Não iria desaparecer dessa forma — sinto um suspiro aliviado vindo dele. Acho que realmente achou que eu tinha abandonado ele.
— Não faça mais isso comigo , me avisa. Por favor. Você quase me mata do coração — Guilherme confessou parecendo bem mais calmo, apoiando a cabeça nos meus ombros.
— Já sei! — Eu disse mexendo um pouco no meu celular. Baixando um aplicativo — Destrava o seu celular.
— É seu aniversário a senha. — Guilherme me disse entregando o seu celular e a senha sem qualquer preocupação.
— Oh! Você sabia que o meu era seu. — falei animada, mexendo no telefone dele, baixando o mesmo aplicativo e mostra para ele.— Pronto! Esse aplicativo você pode saber sempre onde estou. Caso esqueça de te contar ou algum ruim aconteça. Você saberá sempre onde estou.
— Parece um pouco exagerado e Stalker, não? — Guilherme disse rindo.
— Eu não pretendo sair da sua vida nunca. E confio que você usará o aplicativo de forma ponderada. — Falei sussurrando em seu ouvido. Ele me abraça e fica como se eu fosse um bebê.
— Ok. Que fofo esse momento de romance. Mas qual é do trabalho agora? E onde é? Qual função? — Cecilia me conhecia o suficiente para saber que tinha algo mais mais naquela historia.
— Eu não sei como ficarei no futuro, como os nossos pais disseram depende muito da nossa relação e não tenho mesmo a intenção de ir morar longe. Para isso tenho que me organizar, tanto as minhas metas e como minha vida financeira. Não posso depender de ninguém. — expliquei para eles.
— Podia ter nos contado. De que é.. onde é? — Cecília perguntou curiosa.
Não queria falar. Guilherme vai odiar. Não com toda certeza vai me infernizar até sair de lá. Estava nos seus braços e olhei nos seus olhos. Ele percebeu que eu não queria responder porque ele não aprovaria.
— Tudo bem. Não precisa contar. Amanhã mesmo você vai sair dele, falando ou não. — Gui disse me olhando nos olhos
— Gui! — falei brava — Você não tem direito de fazer isso. A vida é minha.
— Então fala. A vida é sua. Então porque está com medo de falar? — Gui argumentou me olhando
— É de garçonete — Disse olhando para ele.
— Não vejo problema algum — Gui respondeu e eu continuei olhando para ele — Aí.. tem a parte pior que você não me contou, certo qual é?
— É uma cafeteria de cosplay. OK? Não exagera. — Admiti fechando os olhos, sabia que o caos começaria agora. Guilherme levantou com tudo, me fazendo ficar de pé na sua frente.
— Não! Nem em sonho você vai fazer isso. Você enlouqueceu? — Guilherme gritou claramente alterado.
— Você não pode dizer o que posso ou não fazer. A vida é minha. Faço o que quiser dela. Não somos nada um para o outro— falei e me arrependi na hora assim que as palavras deixaram minha boca. Sou idiota.
— Cecília, pode sair — Guilherme ordenou para a irmã
— Gui, não faça isso.— Cecilia estava preocupada, o irmão estava alterado
— Eu mandei sair agora.— Guilherme falou olhando irritado para Cecília
Cecília mesmo contra sua vontade, decidiu sair, ela sabia que não ia acabar bem, mas não podia se meter mais do que aquilo. Era algo que nós dois deveríamos resolver. Ela nos conhecia suficiente para saber que o nosso dialogo funcionava de uma forma bem caótica do que pessoas normais.
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Atualizado até capítulo 76
Comments
Joelma Oliveira
o q tem demais nisso!? ela por acaso vai atender d biquíni??? eu hein!
2023-02-13
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