Segredos

...Capitulo 4...

Pelo resto do dia, Alice não viu mais Duque e ela começou a achar que ele estava evitando ela.

Ela passou a tarde explorando a casa e o jardim, enquanto conversava com Sra. Izabel sobre várias coisas. Apesar de estar longe de casa, Alice estava começando a se sentir acolhida pela gentileza daquela governanta.

No entanto, Alice não conseguia tirar da cabeça as várias dúvidas que tinha. Ela ainda tinha muitas perguntas para fazer a Duque e também queria saber como ia voltar para casa.

Quando caiu a noite, a Sra. Izabel preparou a sua cama e arrumou o seu quarto.

Alice: o Duque costuma ficar muito tempo fora de casa, Sra. Izabel?

Sra. Izabel: Alguns dias, sim. Ultimamente, ele anda bastante... ocupado.

Alice: o que ele fica fazendo?

A Sra. Izabel ficou em silêncio por alguns segundos, mas logo respondeu.

Sra. Izabel: infelizmente, eu não posso falar, enquanto ele não falar com você, querida. Isso é um assunto dele e ele odeia que outra pessoa fale dos assuntos dele.

Alice ficou intrigada em ouvir aquilo, mas mesmo assim, agradeceu a Sra. Izabel. É claro que a velha senhora não tinha culpa do jeito estranho do jovem chefe.

Não demorou para a garota pegar no sono, afinal, ela estava muito cansada. Porém, de madrugada, Alice se acordou com vontade de ir no banheiro.

Ela se levantou da cama, com cuidado para não fazer barulho e abriu a porta, devagar. Mas, antes de chegar ao banheiro, começou a escutar as vozes da Sra. Izabel e de Duque na varanda da casa.

Curiosa, Alice ficou escondida atrás da parede e se esforçou para escutar a conversa.

Sra. Izabel: ...mas já olhou bem para ela, Sr. Duque? Alice é uma moça tão bonita e educada! Não acha que essa garota seria a escolhida?

Duque: sim, ela é muito bonita... Mas, isso não é suficiente. Sua aparência não significa nada. Já vi muitas moças belas e podres por dentro.

Sra. Izabel: eu acho que o senhor devia se esforçar mais, tentar conhece-la melhor, ser mais amigável quem sabe...

Duque: Não! Não quero tentar mais nada. Já estou cansado de tentar, agora eu só quero aceitar o meu destino...

Sra. Izabel: Sr. Duque, não fale isso! Não pode desistir tão rápido do amor! Essa garota pode ser a escolhida, dê uma chance para ela!

Duque: por favor, deixe-me sozinho, não quero ouvir mais nada.

Duque parecia mais frio e determinado do que nunca, até que, de repente, ele virou a cabeça para trás e seus olhos profundos encontraram com os de Alice, fazendo a garota tremer de susto. Parecia até que ele já sabia que ela estava ali, escutando tudo.

Alice imediatamente correu até o seu quarto e fechou a porta, ofegante. Ela estava muito nervosa e com vergonha de ter sido pega bisbilhotando aquela conversa. Tudo o que ela queria era desaparecer dali.

Porém, enquanto ela ainda estava em pé no quarto, uma figura escura no canto da parede, fez ela dar um grito. Era Duque.

Duque: então, você escutou tudo...

Alice: m-me desculpe, e-eu ia ao banheiro, quando comecei a escutar as vozes e então, eu fiquei curiosa, mas eu não escutei muita coisa, eu...

Duque: pare. Odeio ouvir pedidos de desculpas.

Ele saiu da escuridão e foi até a janela, deixando a luz da lua iluminar seu rosto.

Duque: eu vou mandar você de volta para casa agora. Não pode mais ficar nenhum minuto aqui.

Alice: Mas, como? Como sabe onde eu moro?

Duque: isso é fácil de descobrir.

Nesse momento, ele se aproximou de Alice, ficando a apenas poucos centímetros do seu corpo. Assim que o viu tão perto, o coração de Alice começou a acelerar. Sua aparência era hipnotizante e intimidadora. Ela nunca tinha visto um homem como ele.

Duque levantou a mão até a altura do rosto de Alice e com a ponta dos dedos, tocou levemente na testa dela. Imediatamente, a garota começou a sentir um peso sobre os olhos e então, perdeu os sentidos.

Assim que o corpo de Alice ficou mole, Duque a segurou para não cair. Ele a pôs em seus braços e a colocou em cima da cama, delicadamente.

Depois, levantou os dedos sobre ela como se fosse estala-los, mas não estalou. Os seus dedos ficaram parados no ar, enquanto ele olhava profundamente para o rosto adormecido de Alice. Até que desistiu de estalar os dedos.

“Porque diabos não consigo manda-la de volta para casa!?” perguntou ele a si mesmo, enquanto olhava para Alice. Então, desapontado, saiu do quarto, deixando Alice dormir sozinha.

Assim que chegou na sala, Sra. Izabel recebeu Duque, preocupada.

Sra. Izabel: você a mandou para casa, Sr. Duque?

Duque: não.

Sra. Izabel: não? Mas não disse que ia fazer isso?

Duque: é, eu disse. Mas, ao vasculhar as memórias dela, descobri algumas coisas.

Sra. Izabel: que coisas?

Duque: ela acabou de perder a mãe e o irmão, é o único membro da família que lhe resta. Nesse momento, ele está procurando ela por toda a cidade.  

Sra. Izabel: oh, coitado! É melhor mandar ela de volta pra casa, Sr. Duque!

Duque: não, a senhora está errada. Isso nem de longe é o melhor a se fazer agora. Acho que eu não contei que eu comprei essa garota por 1 milhão de dólares.

Sra. Izabel: 1 milhão!?

Duque: mesmo sendo dinheiro falso, tecnicamente eu a comprei e se eu manda-la de volta pra casa, vão me rastrear e eu vou ser o culpado pelo sequestro dela.  Enquanto os porcos daquela quadrilha vão ficar livres, longe de qualquer suspeita. Isso vai complicar ainda mais minha vingança.

Sra. Izabel: então, pretende deixá-la aqui?

Duque: sim, pelo menos enquanto eu não mato todos aqueles porcos. Eles já estragaram vidas demais para ficarem impunes...

Dizendo isso, Duque vestiu o seu chapéu e sua capa preta e saiu pela porta da casa, no meio da escuridão da madrugada. Ele estava determinado a enfrentar o seu passado de uma vez por todas. O tempo estava acabando...

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