Capítulo 12

O pai de Hanna me abandonou quando descobriu que eu estava grávida. Quando ele me deixou, no começo eu fiquei sem rumo, eu não tinha família, amigos nada. eu só tinha ele mais ele nos deixou, eu me vi sozinha com a minha filha em meu ventre.

Eu não tinha onde morar, onde criar a minha filha, eu me virei do averso pra poder ter o que eu tenho hoje, tudo que eu tenho hoje é graças ao meu Deus porque sinceramente não foi fácil, você não ter um lugar descente pra morar e criar um filho, também não é fácil ver seu filho(a) chorando de fome e não ter o que dar de comer, muitas vezes eu deixava de me alimentar pra poder dar a ela.

Com meus 4 mêses de gravidez, eu vim morar no morro com muito custo, eu consegui uma casinha simples Aqui, foi aí que começou a minha luta, correr atrás de um trabalho, mas nada era o suficiente pra perder a fome, meu salário ia todo pro aluguel. Nem pras compra dava. O tempo foi passando e Hanna completa dois anos, depois de ter passado noites chorando ela e eu, eu sempre pedindo a Deus força por uma ajuda pra poder dar o de comer pra minha menininha, foi então que surgiu um trabalho como empregada na casa do antigo dono daqui, e foi aí que consegui um bom dinheiro que dava pro aluguel, pras compras e ainda sobrava um pouco, daquele dinheiro eu tirava um pouco pra comprar roupa.

Hanna e eu guardava o restante, fui juntando até que eu montei meu restaurante, vi minha menina marrenta que nem o pai crescer, falando que iria me dar orgulho e me tirar dessa vida, e ela cumpriu com o que falou, apesar das brigas que eu tinha com ela todas as vezes que era expulsa da escola, ela sempre foi um boa aluna e uma boa filha.

E hoje vai ser a melhor advogada do mundo, o orgulho que eu tenho dessa menina, não tem palavras que possa expressar, ver que todos os esforços que eu tinha por ela valeu a pena, que nem a ausência do pai atrapalhou isso. Eu não desejo nada disso que eu passei pra ninguém, nem pro meu pior inimigo, porque só Deus sabe das noites que eu passei chorando por não poder da uma vida digna pra minha menina, o momento que a barriga doía pela fome só Deus sabe .

Todos esses anos eu vivi por ela, pra segurar a mão dela, todas as vezes que ela caísse , mesmo sabendo que nem sempre eu vou estar aqui pra poder fazer isso, mais ela foi a minha luz no meio de uma escuridão enorme, sem ela hoje eu não seria a mulher que eu sou, e nem estaria vendo a mulher maravilhosa que eu criei, não vou negar que muitas vezes tive medo. medo de não ter sido uma boa mãe, de ter falhado na criação dela e com a ausência do pai só iria piorar, Medo de ver a minha menina revoltada por não ter um pai presente em sua vida, mais enquanto virava chacota das alunas na escola. mas graças a Deus nada disso aconteceu, e olha minha filha hoje, formada, independente. não precisa de ninguém nem mesmo de mim.

Se hoje eu fosse morrer, eu morreria com orgulho, sabendo que fiz um bom trabalho com ela, morreria sabendo que todo meu esforço valeu a pena. Se eu pudesse voltar ao passado, eu não iria querer mudar nada, porque se não hoje, eu não teria minha menina, se não hoje eu não teria conquistado nada disso que conquistei. tenho orgulho de mim mesma, nessa mulher guerreira que me tornei e a filha maravilhosa que criei, e sem contar que eu não teria encontrado o homem da minha vida.

Ah meu senhor me desculpa pelas vezes que te julguei por não saber dos seus planos pra

minha vida, hoje eu sei que tudo que eu passei era necessário que acontecesse e como dizem : " Deus escreve coisas certas por linhas tortas". E uma coisa eu digo, jamais julgue os planos de Deus sem saber o propósito que ele tem na sua vida, Pode demorar, mais no momento certo você saberá qual é, basta jamais perder a sua fé.

Estou aqui na casa do meu amor, passei o tempo todo aqui com ele.

— No que você tanto pensa minha vida? — perguntou Kaique me tirando dos meus pensamentos.

— Está na hora de contar pra Hanna Kaique. — falei me virando pra ele que me olhava com um pequeno sorriso no rosto.

Conheci o Kaique a uns 2 anos atrás, mais sempre foi amizade, até começar a crescer um sentimento, eu não queria me envolver, Até porque eu não sabia como a Hanna iria agir, se iria gostar ou não. e eu vivi por ela e nada mais, até que começamos a nos envolver as escondidas. E bom, acho que já está na hora, Hanna é grande vai me entender, é hora de deixar ela viver a vida dela e eu começar a reconstruir a minha.

Kaique tem seus 48 anos, mais quem olha acha que o bonito tem seus 20 e poucos anos, conheci ele num pagode que estava tendo no morro da penha, meses depois descobri que o bonito era dono do mesmo, e aqui está eu, a primeira dama da penha.

— Já estava na hora amor, você não pode se privar da sua felicidade, mesmo que eu não a conheça já sinto que ela vai super apoiar, só por ver essa felicidade estampada em seu rosto. — sinto as mãos de Kaique alisar meu rosto, ele me puxa pra um beijo calmo.

Ele nunca assumiu ninguém como fiel, não teve filhos, e de tanto eu falar da Hanna sinto que ele já a considera como uma. tenho meu medo, porém eu tenho certeza que esses dois vão se dá super bem, e vão me dar dor de cabeça, Porque ele só tem idade, maturidade que é bom ele não tem, pior que criança.

— Esses dias eu estava pensando tlgd? Sou doidão pra ter um pivete, mais nunca tive alguém pra conquistar isso comigo. — disse me olhando e eu engolir em seco. — agente bem que podia fazer um pivete né? Magina que louco um filho contigo. —falou todo bobo o que me partia o coração.

— Eu acho que não vou conseguir realizar esse sonho Kaique. — falei respirando fundo, vendo

ele me olhar sem entender. — olha a minha idade cara, ter um filho agora é super arriscado uma gravidez de risco, e eu nem sei se ainda posso engravidar. — falei negando com a cabeça.

— faz aqueles bagulho lá pra fazer exame pra ver se tu pode pow... E mesmo se não puder, agente pode adotar e tem aqueles bagulho de barriga de aluguel. — diz acariciando meus cabelos. — eu quero apenas construir uma família contigo, filho não precisa ser de sangue, pais não é quem faz e sim quem cria. — falou me fazendo deixar algumas lágrimas cair.

São poucas pessoas que pensa dessa forma, o que eu acho lindo um monte de criança aí a procura de um lar, de uma família que estão abandonadas na rua, em um orfanato ou sendo maltratadas em casa.

— tudo bem, eu vou. faço os exames e se não der, a gente vai em um orfanato olhar algumas crianças okay? — Perguntei sentando em seu colo vendo ele dar um sorriso encantador que encantava qualquer uma.

Kaique é alto, olhos claros, loiros de lábios vermelho. eu nunca fui fã de loirinhos, mais ele roubou completamente o meu coração.

— Eu te amo pra krlh mulher, quero te fazer a mulher mais feliz do mundo, o que eu poder fazer pra ver você feliz, eu vou fazer. ser for preciso, eu morro só pra não te ver partir ou sofrendo, por você sou capaz de tudo. — falou me beijando sem deixar eu ao menos responder.

Se envolver com gente envolvida com o gráfico é isso, você ir dormir sem saber se quando acordar ele vai estar ali, é ver ele ir pra alguma missão sem saber se ele irá voltar, porque essa vida é assim...agora você está aqui, mais daqui a 5 segundos ou minutos, você pode não estar, o medo vai estar sempre ali, porém pra se envolver com traficantes tem que ter cabeça pra enfrentar as consequências das suas escolhas, ameaças de inimigos, humilhação de polícia e piadinhas das marmitas deles, Pra lidar com tudo isso você tem que ter cabeça porque se não, tudo se complica. Ser mulher de traficante não é só flores não, não é só dinheiro, luxos e ostentação !

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