Capítulo 5

Tommaso tinha escutado atentamente tudo que Giorgia havia lhe contado, entre lágrimas em alguns momentos.

Tommaso – Sinto muito que uma ragazza tão jovem como você tenha passado por isso Giorgia. Eu não posso imaginar o que você sofreu desde que foi arrancada de casa.

Giorgia - Pior que a dor física, é a dor do coração senhor. Meu próprio pai me vendeu para uma casa de prostituição.

Ela volta a chorar, Tommaso se aproxima e enxuga suas lágrimas com um lenço de tecido leve. Sua mão toca o rosto de Giorgia que o olha com carinho, o coração de Tommaso acelera e ele entrega o lenço a ela se afastando.

Tommaso – Primeira coisa que vamos fazer é chamar um médico de confiança aqui para lhe examinar, temos que saber se as agressões não lhe causaram nada internamente.

Giorgia - Não precisa senhor, estou bem. Não quero abusar da sua boa vontade.

Tommaso - Giorgia, por favor, deixe eu lhe ajudar. É o mínimo que eu posso fazer por você. Nós vamos também providenciar a segunda via dos seus documentos e como eu sei que você não aceitará nada disso de graça, vou lhe arrumar uma função nessa casa. Você terá emprego e um lugar para morar pelo tempo que quiser e precisar. Aqui você estará segura, não se preocupe.

Giorgia não podia acreditar como aquele homem era bondoso com ela, ele nem a conhecia e estava lhe dando emprego e moradia. Muito mais que isso, ele estava lhe dando proteção. Em um reflexo de felicidade, Giorgia se levanta e caminha até ele, lhe dando um abraço. Tommaso sente uma sensação estranha, uma sensação que ele já havia sentido antes, mas a muitos anos ele não se permitia sentir novamente.

Giorgia – Muito obrigada senhor, lhe serei grata eternamente. O senhor terá uma amiga para o resto da vida.

Tommaso sorri e retribui o abraço. Naquele mesmo dia, um médico vai até a residência Mancini e examina Giorgia. Não havia nada de errado com ela, além dos hematomas. Ele passa uma pomada para melhorar o roxo e a dor e pede para ela avisar se sentir algo diferente. Como Giorgia ainda estava assustada e não queria pôr os pés para fora da casa, com medo de ser reconhecida por alguém da máfia, Tommaso mandou que uma grife de roupas fosse até lá com opções para que ela escolhesse. Ela ficou encantada, e até disse que não precisava de roupas tão caras assim, mas ele fez questão e ela não queria contrariar o homem que a estava ajudando tanto. Ele também chamou seu advogado para providenciar a segunda via dos documentos de Giorgia, ela precisou lhe passar uma procuração para que ele fizesse aquilo sem que ela tivesse que sair da casa. Rosa, a Sra. Colombo, já havia lhe dado uma função na casa, ela a ajudaria na cozinha, pois Giorgia havia dito que cozinhava bem e amava fazer aquilo.

Os dias foram passando, um mês exatamente. Giorgia se adaptava bem ao serviço que lhe foi dado e a casa. Ela e Tommaso conversavam quase todos os dias quando ele chegava do trabalho, principalmente sobre livros. Ele indicava alguns livros de que ele gostava para ela, e ela fazia o mesmo com ele. Ao terminarem de ler, eles trocavam suas impressões sobre os livros e para Tommaso, aquela era a melhor parte do seu dia, a hora em que ele conseguia ser ele mesmo ao lado de Giorgia.

Tommaso Mancine é um CEO bilionário, herdeiro de um dos maiores impérios da Itália, as Concessionárias Mancini. O império, que vinha passando de geração em geração, agora era comandado por Tommaso. Seu pai havia falecido quando ele ainda era uma criança, tinha apenas oito anos de idade. Sua mãe assumiu o império, a contragosto de seu tio Diogo Mancini, irmão mais novo de seu pai, que queria o poder para ele. Ele só não contava que antes de morrer, o pai de Tommaso havia deixado um testamento onde ele era bem explicito com o desejo de que sua esposa assumisse o comando de todos os negócios da família Mancini. Aquilo acabou gerando uma guerra interna, e Diogo se afastou de todos que apoiaram o último desejo de seu irmão.

A mãe de Tommaso, Catarina Mancini, fez história nos anos que ficou no poder dos negócios. Ela foi a primeira mulher a fazer aquilo e revolucionou o mercado automobilístico, Tommaso se espelhava em tudo que ela havia feito para seguir com os negócios. Catarina morreu em um acidente de carro, o mesmo acidente que deixou Tommaso naquela cadeira de rodas, um acidente que mesmo depois de cinco anos, ainda era um mistério para a policia e tirava o sono de Tommaso.

Giorgia – Sua mãe com certeza está orgulhosa do CEO que o senhor se tornou.

Tommaso – Giorgia, acho que já temos intimidade suficiente para você tirar esse senhor da frente do meu nome, não é?

Giorgia – Me desculpa, é que o senhor ... digo, você é meu patrão. Rsrsrsrsrs

Tommaso – Achei que fossemos amigos.

Giorgia – Nós somos, depois do que o senhor fez e ainda faz por mim, não tem como não sermos. Sou muita grata por tudo Tommaso e nunca terei como retribuir.

Tommaso – Não se preocupa com isso, você já faz muito por mim, acredite ...

Giorgia estava em cima de uma escada, tentando alcançar um livro no alto da estante, enquanto conversava com Tommaso. Ela acaba desequilibrando e Tommaso que estava próximo, leva sua cadeira de rodas até a beirada da escada, Giorgia cai sentada em seu colo.

Giorgia - Acho que sua missão é me salvar ... rsrsrsrsrs

Eles estavam muito próximos um do outro, seus corpos pareciam responder aquele contato. O coração de ambos batia rápido, a respiração de Giorgia, ainda ofegante pelo susto da queda, se misturava a de Tommaso, que tentava segurar a vontade que estava o consumindo já a alguns dias. Sem pensar muito, ele a segurou pelo rosto e a puxou para um beijo. Giorgia se afastou assustada, mas o desejo a consumiu e ela voltou a beijá-lo. Um beijo quente, cheio de desejo, um beijo que para Tommaso, era uma vontade que ele vinha tentando esconder desde que conheceu Giorgia naquele beco escuro.