Você seria punido

Sinceramente Gabriel acredita que Xavier Valente não faz nem ideia do quão sensual foi o que ele disse. Do alto da sua arrogância, ele não faz nem um pequeno esforço para ser charmoso, isso sai naturalmente dele.

Claro, se ele estivesse a dizer isso para uma mulher, seria muito claro que ele estava flertando, afinal, ele é um conhecido macho alfa, garanhão. Aquele conhecido em todas as revistas como o colírio da nação. Mas, ele não dizia isso para uma mulher, disse isso a ele, Gabriel Silva, aquele que tem uma paixão incubada por Xavier Valente.

A sua conclusão quanto a essa hipótese, é de que talvez Xavier tenha percebido a sua orientação sexual e esteja a querer humilhá-lo. Isso parece bem mais lógico.

— Não espere isso de mim, eu não sou um gato, sou uma pessoa e tenho os meus princípios.

A atitude de Gabriel irritou profundamente Xavier, tentando controlar o seu temperamento e falhando miseravelmente, ele deu u soco no volante e disse exasperado:

— Você vai trabalhar para mim Gabriel Silva, não vou considerar as coisas que me disse nesse momento. Esteja na empresa daqui a duas semanas, ou eu mesmo venho buscar-lhe para o trabalho.

Xavier então desceu do carro, pegou a cadeira no porta-malas e só então destravou o carro e Gabriel pôde sair.

— Eu não vou sentar nessa cadeira, eu posso caminhar até a porta de casa.

Porém, a sua determinação foi toda pelo ralo, quanto ele deu o primeiro passo, a pressa para sair sem a ajuda de Xavier resultou numa dor aguda na costela que fez escurecer a sua vista, ele pensou por um segundo que iria desmaiar novamente na presença de Xavier e isso seria uma vergonha colossal.

Juntando forças para sair dessa, ele tomou uma respiração.

— Se você já tivesse um contrato assinado comigo, pagaria da pior forma pela sua teimosia.

Antes que Gabriel pudesse tomar consciência do que Xavier disse bem próximo ao seu ouvido, o mesmo já o empurrava a cadeira de rodas em direção à porta de casa.

Ele não sabia muito bem como fora, só sabia ser levado como uma donzela para casa, pelo homem que embora ele odiasse nesse momento, fazia o seu coração bater mais forte desde a primeira vez que pousou numa revista adolescente.

Não que Gabriel comprasse essa categoria de revista, mas sua prima, Vanda era viciada e ele alguma vez distraidamente olhou. Ele nunca quis ser a categoria de ‘homossexual’ cliché efeminado e expansivo, depois de tudo o que a sua família sempre disse sobre a sexualidade dos outros, ele pensou que ser mais discreto seria vantajoso. Era uma categoria de preconceito, que ele havia infelizmente criado dentro de si, por influência dos outros.

Observe o que esse homem vil fazia, ele estava até confuso. Quando Dona Íris abriu a porta e deu de cara com aquela cena, ela imediatamente se transformou na mãe protetora de sempre. Imediatamente se abaixou até o filho e disse:

— Meu Deus! Filho, o que aconteceu? O que esse homem fez com você?

Nada do que Gabriel supostamente um dia já quis que ele fizesse, o jogar na parede e chamar de: lagartixa estava entre uma das suas principais preferências.

Um pouco envergonhado, por seus pensamentos lascivos quanto àquele homem e por sua situação atual e até mesmo por ela estar a apertar as suas bochechas em frente a Xavier Valente. Gabriel disse:

— Calma mãe, não foi nada, apenas não me senti bem durante a entrevista.

— Eu sabia que você não deveria ter ido.

Dona Íris disse enquanto saia da frente da porta para que Xavier conduzisse Gabriel para dentro.

— Sra. Silva, convença o seu filho de que o melhor para ele é que vá trabalhar comigo na Magestic.

— Eu não posso fazer isso, a decisão sobre isso é totalmente dele. Se Gabriel decidiu que não quer, não vou insistir.

Xavier percebeu que insistir agora era caso perdido e ele é um homem que não tem tempo a perder, então ele simplesmente foi embora.

Assim que Ravier cruzou a porta. Gael respirou mais aliviado, no entanto, Dona Íris não lhe deu um minuto de folga.

— Vamos Gael, explica-me o que aconteceu querido, o que aquele homem fez com você?

Dona Íris na sua percepção de mãe, já havia percebido que Gael estava um pouco sensível quando o assunto é Ravier, então ela concluiu que ele talvez pudesse estar se apaixonando por Ravier, mesmo que esse homem provavelmente nunca ia lhe corresponder e essa era sua maior preocupação, ela não queria ver o filho ter o seu coração partido.

— Ele apenas cuidou de mim mãe, o tolo fui eu dessa vez, pensando que poderia ser um super-herói, quando sou apenas mais um perdedor.

— Não fala assim o meu filho, você é o meu super-herói.

— Eu sou um idiota, mãe, recusei esse trabalho, quando ele poderia garantir-te um melhor tratamento.

— Esquece isso filho, vamos apenas viver as nossas vidas. E, levanta essa cabeça, eu não quero ver-lhe assim.

Até ali foi isso que Gael fez, hoje ele havia aprendido que não adianta desobedecer às recomendações médicas, então ele aproveitou as duas semanas para atualizar o seu currículo, estudar e pôr as suas séries em dias.

Dona Íris jamais lhe imporia estar num lugar em que ele não se sente bem, apenas para garantir algum benefício para ela. Já é pressão demais tudo o que Gael teve que abdicar para cuidar dela, ela não vai exigir mais.

Por essas duas semanas eles aproveitaram também para curtir a presença um do outro. Coisa que eles não faziam desde que Gael voltou, pois, as suas cabeças estavam concentradas em sobreviver.

Gael lamentou muito não ter dinheiro para levar a sua mãe no cinema, quando ele estava no seu último dia de repouso, pois já estava se sentindo muito melhor e na próxima semana eles teriam que retornar para a rotina.

Onde sua mãe se concentra no tratamento e ele se concentra em procurar um emprego para eles não morrerem de fomE.

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