Mary......
Eu estava num carro em movimento, a minha mãe estava ao meu lado e a frente estava o motorista em alta velocidade, tinha alguém nos perseguindo. Os barulhos da chuva faziam com que eu tremesse de medo, lágrimas e mais lágrimas desciam pelo meu rosto, sinto a mão da minha mãe afagar os meus cabelos e a sua voz tão doce soar nos meus ouvidos. — Calma querida eu estou aqui.
O carro fazia curvas tentando desviar do carro atrás de nós, ouvir o cantar dos pneus deixava-me com muito medo, a minha mãe percebendo o meu medo acaricia os meus cabelo e a sua voz doce começa a cantar uma linda canção, vou-me acalmando aos pouco, mas num determinado momento sentimos um baque forte vindo de trás, foi tão rápido que quando abro os meus olhos estou de cabeça para baixo, o sinto de segurança segurava-me, fico em desespero, olho para o lado e não vejo a minha mãe, olho para frente e vejo que a janela do motorista está quebrada e ele está no chão muito machucado, lágrimas caem dos meus olhos, ouço uma voz do lado de fora o que me chama atenção e faz-me olhar para o lado em que a minha mãe estava e consigo ver ela em pé, mas tinha alguém com ela, tento prestar atenção ao que eles estavam a falar, e a única coisa que consigo escutar é o choro da minha mãe, parecia um choro de desespero, de repente tudo fica um completo silêncio. — Mãe? — Chamo por ela, e então o seu corpo cai no chão e vejo a sua garganta completamente aberta, as lágrimas caem desesperadamente. — MÃEEE, NÃOOOO, mãe.
Abro os meus olhos e vejo que estou no meu quarto, sento na cama e ainda está escuro. — Droga, maldito pesadelo. Passo a mão no meu rosto limpando as lágrimas que caíram. A porta do meu quarto é bruscamente aberta, as luzes são acesas a incomodar os meus olhos
— Querida, você está bem? — Diz o meu pai preocupado, olho para ele e digo:
Mary: Sim, pai, estou bem. — O seu olhar transmite preocupação. (- Odeio isso, não é Como se eu fosse uma criança, a qual a todo instante precisa de cuidado).
Pai: Não parece, os pesadelos voltaram? — Ele pergunta-me, fazendo com que eu revire os meus olhos
Mary: Parece que sim. — Digo sarcástica.
Pai: Como foi o sonho? Foi muito ruim? — Ele diz exitante, por saber que odeio falar disso.
Mary: Não quero falar disso.—Digo irritada ao lembrar do pesadelo
Pai: Filha conta-me, vai ser bom para você se abrir comigo. — Ele diz se aproximando.
Mary: Não, eu quero dormir, pode sair pai?- Pergunto fazendo-o parar.
Pai: Mas filha eu. — ele diz a tentar se aproximar novamente.
Mary: por favor Pai. — Digo o interrompendo. — Ele paralisa e baixa a cabeça, e quando a levanta novamente, o seu olhar transmite tristeza.
Pai: Tá bom, durma bem meu anjo.- Viro de costa e por fim digo
Mary: Boa noite Pai. — Ele sai e ouço a porta se fechar, mais uma vez aqui estou no meu quarto escuro. Fico acordada durante um bom tempo da madrugada, mas acabo adormecendo.
Desperto pela manhã com a luz do sol incomodando os meus olhos, alguém bate na minha porta, me despertando totalmente.
Mary: Pode entrar. — Digo a coçar os meus olhos. A porta se abre, e dona Lúcia entra com um sorriso contagiante, já eu, não retribuo esse sorriso, já que não dormi muito bem.
Dona Lúcia: O seu pai contou-me o que aconteceu. — Cubro o meu rosto zangada. Um silêncio incómodo reina no meu quarto, sinto o coxão afundar ao meu lado, e então ela tira a coberta do meu rosto e diz:
Dona Lúcia: Querida, se os pesadelos estão a voltar, não pode guardar para si mesma. — Viro para lado oposto em que ela está e digo:
Mary: Não precisa se preocupar. — Digo aborrecida. (-Odeio sentir-me um estorvo para as pessoas.) Ela faz carinho nos meus cabelos, e sentir aquele toque traz à tona recordações. Sinto uma dor no meu peito, lembrança do acidente vem à tona, as lágrimas rolam pelo meu rosto, sinto um enorme e profundo vazio que cresce a cada instante, afundo o meu rosto no travesseiro, tentando disfarçar o choro que não consigo controlar.
Dona Lúcia: querida, hoje tem psicóloga, tenta pelo menos contar a ela. — sento na cama, olho para a janela. (-O dia está lindo, mas porque eu estou tão mal?).
Mary: Como se fosse fácil né.— Digo sem emoção alguma. levanto-me da cama, indo para o banheiro.
Lúcia: Eu sei que não é fácil, mas — Ela diz, me seguindo.
Mary: Mas o quê? Você Não sabe de nada, não sabe o que eu sinto, só sabem fazer perguntas ou arrumar alguma alternativa. Eu estou cansada de tomar remédios que não servem para merda nenhuma, estou cansada de ir numa psicóloga que só sabe ouvir o que estou a dizer e passar-me trezentos comprimidos para tomar, sendo que nenhum faz efeito. — Digo com as emoções a flor da pele
Dona Lúcia: Querida, sei que é difícil para você.- Vejo preocupação nos seus olhos, uma ponta de arrependimento me corrói.
Mary: Desculpa Lúcia, eu não queria…eu… eu não… Devia. — Ela aproxima-se de mim e me abraça, no começo eu não sabia bem o que fazer, mas, acabo a retribuir.
Lúcia- Calma, minha querida, você precisava disso. — Ela diz passado a sua mão levemente nos meus cabelos, fecho os meus olhos sentindo o calor do seu abraço e o toque das suas mãos no meu cabelo. Ela se afasta, passa a sua mão no meu rosto parando na minha bochecha, ela acaricia e diz:
Lúcia: Eu vou estar aqui sempre que precisar. — Ela sorri, eu retribuo e dou um beijo no dorso da sua mão.
Mary: Obrigado Lúcia. — Ela sai me deixando sozinha, olho-me no espelho do banheiro, e nossa, minha imagem espanta-me. Os meus olhos estão fundo, sinal de noite mal dormida, a minha imagem no espelho mostra uma garota totalmente exausta que tenta a todo custo se sentir bem.
Olho para o lado e saio do banheiro, sento-me na cama, com uma baita dor de cabeça e penso na consulta que tenho com a psicóloga, jogo-me para trás e fico a pensar no sonho de ontem. (— Porque esses malditos pesadelos tinham que voltar.) — pergunto-me a bufar, olho para o relógio, o pego e vejo que já são exatamente 9:40 am. A consulta é às 10:30 am.(— Preciso me apressar).
Vou para o meu closet pegar uma Calça Jeans cargo e uma t-shirt preta, vou até o banheiro tiro as minhas roupas e tomo um banho rápido, seco-me e visto a roupa, coloco um all star, faço um coque deixando dois fios soltos, pego a minha bolsa guardo tudo que preciso nela.
Olho-me novamente no espelho e aprovo as minhas roupas, mas, por outro lado, o meu rosto está horrível, os meus olhos estão com uma olheira terrível, que se dá para perceber de longe que não consegui dormir, e como odeio mostrar os meus problemas para as pessoas resolvo passar maquiagem para disfarçar.
Faço uma maquiagem bem-feita e no final ficou ótima. Fico um bom tempo me olhando, fico feliz por conseguir apagar qualquer vestígio de insónia do meu rosto, Mas, porque me sinto tão mal por ter que demonstra para as pessoas que estou bem sendo que estou mal, o pior é que a minha vontade hoje era chorar até que não houvesse mais lágrimas, porém, tenho que me contentar com um sorriso forçado por fora e uma dor constante e profunda por dentro. Ouço baterem na porta o que me faz sair do meu devaneio.
Pai: Querida, vai se atrasar. — O meu pai diz ao lado de fora.
Mary: Me espera no carro, eu já estou indo. — Respondo me apressando. Pego a minha mochila e desço, entro no carro e o meu pai está lá dentro me esperando.
Mary: Bom dia pai. — Ele sorri para mim e diz:
Pai: Bom dia Filha.— sorrio e olho para a janela, o tempo está limpo e ensolarado, sabe as vezes eu acho tão irónico o tanto que o meu humor e as minhas emoções combinam com a minha estação favorita que no caso é o inverno. Eu sei que isso é um pouco aleatório, mas faz sentido, amo o frio e a chuva. Principalmente para ler um pouco. Sim, a leitura é minha maior paixão, a leitura é o meu refúgio, porque é para lá que eu fujo quando estou mal.
Paí: filha, filha? — Olho para o meu pai um pouco assustada. — Pai: Desculpa, não queria te assustar. — Olho para ele confusa.
Mary: tudo bem pai eu que estava distraída, porque o senhor está-me chamando?
Pai: Chegamos. — Olho para o lado e vejo o consultório da psicóloga. Tiro o sinto, abro a porta para poder sair, o meu pai segura o meu braço, olho para ele.
Pai: Conta a ela querida, é o melhor a fazer. — Olho para frente e depois para ele de novo e digo:
Mary: Vou tentar. — Sorrio e ele faz o mesmo e saio. O meu pai sai indo para empresa e eu fico a olhar o prédio, a minha frente. (- E se eu não fosse? Será que o meu pai ficaria bravo?) — Penso. Um sorriso triste se faz no meu rosto, já faz tanto tempo que me consulto e é sempre a mesma coisa, estou cansada disso, mas não quero decepcionar o meu pai então por fim resolvo entrar.
Continua......
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Atualizado até capítulo 30
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