Santiago...
Só tinha três dias que eu
havia chegado e parecia que eu estava nesse inferno a muito tempo, a agua
quente me fez relaxar um pouco, uma das vantagens de banheira era isso, eu
conseguia por míseros momentos fugir um pouco de tudo, não tinha barulho não
tinha nenhum tipo de ruído que poderia me incomodar, quando sai me vesti
rapidamente e me joguei sobre a cama não tinha um pingo de ânimo para sair dela
nas próximas horas, mas uma batida na porta me faz reagir
Quando a abro dou de cara
com Fernando animado me chamando para sala de jogos, eu tenho quase certeza que
não era para um jogo e sim para descer naquele calabouço, eu nem me preocupei
em vestir uma camisa, já que mulheres e homens ali não se misturavam ou eu
achava isso, quando chegamos a enorme sala estava em um silencio ensurdecedor.
Maldição! Eu não deveria fazer isso, se tudo ilícito rolaria ali quem me
garantia me controlar e não encher a cara e pegar meu carro no meio da noite
para enfiar uma faca na garganta daquela Vadia miserável que eu chamava de mãe
e naquele porco imundo que a única vez que fez papel de pai foi para me mandar
para esse inferno.
Odeio pensar na
possibilidade de ter que aguentar isso por muito tempo, só tenho 17 anos, sou
menor de idade então se eu vacilar sou levado para um reformatório contando com
meu histórico de vandalismo e libertinagem...
Acendo um cigarro assim que
me sento no enorme sofá, a primeira tragada me fez relaxar a tensão, um braço
se estica em minha frente e me entrega um copo com algum liquido verde
-Engole de uma vez, isso vai
te fazer conhecer o céu ou o inferno, você escolhe!
Eu pego o copo e reviro de
uma vez. O liquido desceu queimando em minha garganta, puxo mais um pouco de
fumaça para meus pulmões tentando acalmar aquele ardor
- Não vai vomitar no tapete\,
pirralho eu te faria lamber seu vomito. Fred o encrenqueiro, até parece que uma
ameaça dele me faria algum efeito, reviro os olhos e fico encarando o copo
vazio por um tempo. Mais uma conversa traz meu foco de volta, Fernando estava
falando com o Fred sobre a namorada dele... Lívia esse nome as vezes me trazia
um arrepio, o que era estranho para mim sentir isso, algo nela me chamou
atenção e não foi a aparecia já que ela parece um ‘mano’.
Eu não sou o homem mais fiel
do mundo mais saber que ele trai a garota me deixou um tanto quando incomodado,
acho que uma das minhas razões de não me envolver com ninguém eu não tenho
vocação para ser só de uma, a última tragada dada me trouxe uma lembrança do
que me fez parar aqui, pichar o muro da delegacia e atear fogo no carro do delegado
se bem que o delegado é meu pai.
-Não sei como ele se orgulha
de falar sobre isso! Um rapaz magro se senta ao meu lado, ele aparentava ser
mais velho porem não tenho tanta certeza assim – Depois de tudo que a Liv
passou ele deveria cuidar dela, não magoar
-O que ela passou? Pergunto
curioso
-Os pais dela morreram a um
ano, e ela teve que guardar tudo em silencio! Ele encara a parede enquanto conta – Ela se vira como pode, a gente
ajuda ela em algumas coisas, mais se descobrirem que ela está sozinha conselho
tutela leva ela... ele para um momento e continua –Otavio é o que mais protege
ela, porem depois que ele viajou ela se envolveu com Fernando, ele é um bom
namorado, mais acaba traindo muito.
Isso explica muita coisa, a
mochila com algumas coisas, o fato dela sempre parecer tão cansada
-Me chamo Derick, ele
estende a mão se apresentando eu a pego e me apresento a ele também
Fiquei mais um tempo
raciocinando o que acabei de ouvir, como ela deve lidar com isso? Não sou do
tipo que tem piedade de ninguém mais imagino o quão ruim deve ser para ela
aguentar o silencio de uma casa onde ela com certeza foi feliz.
Me levanto e saiu sem que
ninguém note, atravesso aquele enorme corredor, evito ao máximo fazer barulho,
entro e tranco a porta pego meu celular e nenhuma mensagem, acho que meus
amigos resolveram me abandonar, eu me deito e deixo meus pensamentos me
inundarem. A raiva por não está em casa, com minha vida normal, a vontade
desesperada de fugir, o medo de estar apenas fazendo um teste drive do meu
futuro abandono, balanço a cabeça tentando espantar esses pensamentos e me
levanto, e dou passos lentos até a balaustrada
[A1]
Fico um tempinho admirando a
noite, até o vento estava preguiçoso, as horas começaram a seguir um ritmo mais
lento, as vezes comprovo em pratica a teoria que a noite o tempo para, e como
estamos dormindo não temos noção disso.
O despertador começou a
gritar no meu ouvido, AFF QUE MERDAA! Deveria ter desligado esse inferno, me
arrasto da cama para o banheiro e depois de alguns longos minutos desço, pego
um sanduiche e já me dirigir para o meu carro, aproveitei que não tinha ninguém
para me perguntar
Segui direto para o colégio,
queria não entrar, na verdade queria que algo me tirasse dali, parece que o
universo me ouviu uma picape preta atravessa meu carro, eu freei bruscamente
quase acertado a placa de sinalização do colégio, que inferno. Se meu carro foi
arranhado eu juro que arranco a cabeça do barbeiro, eu abro a porta e desço
furioso em direção a picape
-Caralho, você é cego
desgraçado? Rosno
Eu fico petrificado ao ver
quem estava saindo do lado do motorista, aquele cabelo vermelho desgrenhado e
cheio de ondas, acompanhado de um rosto pálido e cheio de sardas, o sorriso foi
inevitável
-Você não perde os maus
modos! O sorriso largo dela se transformou em um beicinho tentador
Beatriz, era minha melhor
amiga, minha confidente e as vezes minha transa em momentos de tesão, ela veio
até mim e me deu um abraço
-Que saudades de você, ela
diz afundando o rosto em meu ombro –Seus pais disseram que você viajou e estava
sem celular!
Agora tudo fazia sentido,
ela e o Vicente não iriam me abandonar assim, tinha que ter dedo dos meus pais.
Eu noto que estávamos sendo
observados, olho pelos ombros e vejo os olhos dos curiosos, eu ainda estava no
estacionamento do colégio e isso chamaria atenção dos professores, e eu iria
parar da direção
-Vamos sair daqui! Eu a puxo pelo braço e entro na picape ela vai para o lado
do carona sem questionar eu arranco o carro e saiu dali, deixando os curiosos
para traz
-Vicente e eu ficamos preocupados com seu sumiço, mais não tínhamos como falar
com você. Bia enfim relaxa a tensão em seus ombros – A imobiliária da sua mãe
pegou fogo! Ela me encara ao dizer isso e eu solto uma risada de escarnio
-Que pena ela não está dentro na hora que isso aconteceu! Cuspi com rispidez as
palavras – Iria amar vê ela queimando junto com mobília velha que ela adora!
-Ela é sua mãe, seu idiota!
Ganhei um tapa no ombro e volto a gargalhar ...
-Ela te acha uma má influência
para mim cabeça de fogo, sem contar que para ela você é uma marmitinha de
empresário
-Que vaca! Começamos a rir e logo em seguida paro o carro na pista de Skate que
fica no fundo do casarão onde moro agora, passamos algumas horas ali, o lugar
me lembrava a quadra que costuma treinar na minha antiga cidade
-E aí já pegou alguém? Bia solta d nada a pergunta me deixando um pouco
constrangido –Tipo você passa o rodo em geral vai que já desvirtuou alguma
menininha aqui! Caímos na risada.
Mais logo volto a minha
seriedade, de quando cheguei aqui só fiz me trancar naquela casa ou ir para o
colégio aqui não tinha garotas interessantes não que eu pudesse ter conhecido,
eu ergo a cabeça e me viro para ela pronto para responder sua pergunta mais
meus olhos encontram os da garota que ultimamente me intriga, eu encaro em sua
direção ela se esconde timidamente atrás de uma mecha de seu cabelo, ela se
aproxima com seu namorado. Fernando nem consegue disfarça a maneira devassa que
ele olha para Bia, e o pior bem na frente da namorada dele
-Santiago, você teve sorte as aulas hoje foram canceladas! Ele diz rindo mais
sem tirar os olhos da minha amiga
-Bia, esse é Fernando e a
namorada dele, Lívia.... Disse antes deles terminarem de se sentar – A Bia é
minha melhor amiga, até onde eu acho né! Bia me dá um soco de leve no ombro e
se volta para eles
Eu não conseguir desviar
olhar em nenhum momento, a maneira descarada que meu amiguinho olhava para Bia
mesmo estando com a namorada dele ao seu lado, ou essa Lívia é cega ou aceitava
os ‘chifres’
Ela percebeu minhas
encaradas, pude ver o rubor subindo pelas bochechas impecavelmente pálidas, em
um momento ela me olhou de voltou, e sorri de canto a deixando totalmente
constrangida a fazendo derrubar a garrafa de agua.
Por um momento lembrei das
palavras de Derick, e aquilo com certeza fez meu semblante mudar, comecei a
encarar o vazio, até Bia me tirar do meu transe
-Santiago! Ela me chamou – Hoje vamos te levar para casa! Todos na mesa
encararam ela.
-Como pretende fazer isso? Perguntei com a expressão neutra mais acendeu uma
esperança dentro de mim, enfim poder sair daqui
-O plano é o seguinte... ela
começou a falar – seu carro deve ter algum rastreio estalado pelo seu pai para
comunicar uma possível fuga, então o Fernando pode dá umas voltas com ele hoje
a noite, enquanto eu te levo daqui! Ela sorriu orgulhosa do seu plano –Ele vai
ser pego pelo chefão e você estará longe depois que a poeira baixar Vicente dá
um jeito de depenar seu carro até achar a escuta!
A ideia dela foi bem
elaborada, se Fernando colaborasse daria certo, e para minha surpresa ele topou,
agora era só esperar anoitecer, eu voltei com Bia para o estacionamento do
colégio para buscar meu carro, foi ai que ela me mostrou o papel que Fernando
havia passado por debaixo da mesa com seu número para ela
-Vai pegar? Perguntei estacionando o carro
-Nem vai dar tempo, deixa pra uma próxima. Ela abriu um risinho eu desci do
carro –Até mais tarde, estarei aqui as 23horas te esperando! Eu acenei um
positivo com a cabeça e entrei no meu carro e dirigir em direção ao casarão, no
jardim Hellen estava sentada meditando, quando me viu ela se levantou
rapidamente tentei entrar antes dela me alcançar mais foi inevitável
-Espera! Ela gritou –Preciso
falar com você! Eu freei os passos e me virei lentamente
-O que é? Soltei um suspiro
rápido!
-Queria te fazer uma pergunta! Ela me encarou, seu olhar parecia sincero e
preocupado, o que me fez sentar e esperar o que ela tinha a dizer
-Você e a Liv, tem algo? Sua pergunta me pegou de surpresa –sei la notei uns
olhares entre vocês. Ela concluiu e esperou que eu me manifestasse
-Não, ela namora, e eu estou bem de boa na minha! Respondi evasivamente
-Sinto que ela gosta de
você, Liv já sofreu muito e não quero que um mauricinho encrenqueiro a faça se
sentir mal! Sua sinceridade até me toca, tirando a parte da ofensa
-Fica tranquila, não teremos
nada, ok? Falo e tento me levantar mais ela segura a manga do meu moletom
-sinto que gosta dela também não sei porque sinto isso, talvez seja a energia
da casa! Eu a encaro descrente com sua última frase ‘ Talvez seja a energia da casa’ o que ela quis dizer com isso?
-Tomou seu comprimido hoje? Fui sarcástico mais seu olhar ficou gélido como se
ela tivesse algo a ser dito
-Não conhece a história do QG, não é?
-Não, que história é essa? Me sentei novamente
Ela então começou:
Aqui a uns séculos atrás era de uma família de bruxos, irmãos se casaram
tiveram filhos esses filhos tiveram filhos e por ai vai, porém existiu uma
herdeira, que no ápice da raiva destruiu tudo, só se manteve esse casarão, aqui
tem magia, Álvaro reuni jovens para testar se algum reencarnou, parece louco
mais é muito real, no jardim do fundo onde tem a grande arvore é onde Anna
Clara Beltron deixou toda sua vitalidade quando foi separada do seu amor.
Álvaro é obcecado pelos Beltrons, existem boatos que eles estão entre nós, e
ainda tem poderes mais que estão presos adormecidos.
Eu segurei para não rir da
sua historinha de conto de bruxas, mais algo me assustou, senti um arrepio
forma na minha espinha, e do nada um silencio tomou conta de tudo, meu corpo
paralisou
-Você sentiu ne? Hellen perguntou quase sorrindo – Sinto toda noite quando
estou aqui
Eu tentei ignorar isso e me
levantei indo em direção ao meu quarto, passei pela recepção e Lívia estava de
cabeça abaixada digitando algo no computador e mal notou que eu passei por ali,
arrumei minhas coisas rapidamente, se passaram algumas horas e já era quase 23horas, o silencio estava
ensurdecedor, sai pela janela do meu quarto, o andar não era tão alto assim,
Lívia estava abrindo o portão, então fui rapidamente até ela e pedi descrição,
eu usava um casaco do Fernando, tínhamos a mesma altura, como ele saiu com meu
carro mais cedo ninguém saberia que havíamos trocado.
Passei o braço em volta da
cintura dela, e continuamos andando
-Está ansioso para voltar para casa? A sua pergunta me deixa confuso, em algum
momento eu deveria ter pensado nisso, se eu voltar para minha casa serei
mandado de novo para cá, então teria que ir para outro lugar.
-Se cuida, ok! Apertei seu queixo com os dedos e continuei andando, quando
cheguei no ponto marcado fiquei um tempo escorado no muro observando a
movimentação dentro do carro de Bia, ela estava aos beijos com o Fernando,
estavam quase transando como dois animais selvagens, acendi um cigarro
permitindo a eles se divertirem um pouco, mais assim que estava soltando a
fumaça e ela se dissipou com o leve vento minha cabeça viajou, as palavras de
Derick a história louca de Hellen mais acima de tudo o rosto da Lívia hoje
quando nos despedimos ela parecia querer chorar ‘ acho que ela gosta de você’ o
que Hellen disse ficou se repetindo como um gravador quebrado
Eu não posso ir, não agora,
não quero deixar ela, não quero ir sem saber o que realmente Álvaro quer, já
que ele junta jovens
Peguei meu celular enquanto
o cigarro estava aceso liberando uma fumacinha que parecia dançar no ar mandei
uma mensagem para minha amiga
‘ Desculpa, não vou
conseguir ir, tentamos em uma próxima, abraços’ Olhei de volta em direção ao
carro e vi ela pegar o celular e ler a mensagem, seus olhos ficaram tristes
mais logo se recompôs contando como Fernando a beijou em seguida, ela arrancou
com o carro e eles saíram dali
Já imaginava para onde
iriam, e eu so precisaria ver o ombro dele amanhã para confirma isso.
Minha melhor amiga era a
pessoa mais previsível que eu conhecia, sei cada detalhe dela, o que ela gosta
de fazer na cama, como gosta de ser fudida ou de fuder os caras, contando que
ele não fique nu perto da namorada ela não iria descobrir as marcas, voltei
andando para o casarão, pegaria meu carro amanhã.
A cada passo dado meus
pensamentos viajavam, eram indecifráveis ate para mim mesmo, eu não poderia
acreditar que estava abrindo mão da minha liberdade por uma garota e uma
historinha contada por uma menina que tinha o psicológico duvidoso, o vente
soprou mais uma vez parecendo fumar aquele cigarro comigo, olhei entre meus
dedos e sorri, estava a quase 20 minutos com o mesmo cigarro aceso, eu era
viciado, duas carteiras eram pouco para mim algo ali estava diferente, mais o
que? Eu tenho que compreender muita coisa ainda, e levaria um bom tempo para
isso, mais eu ainda era um jovem, tenho toda uma vida pela frente, olhei para o
enorme portão e saltei o muro não quis acionar já eram meia noite e sei que
esse horário Hellen estaria ali meditando novamente.
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Atualizado até capítulo 118
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