Capitulo 4

Santiago...     

Só tinha três dias que eu

havia chegado e parecia que eu estava nesse inferno a muito tempo, a agua

quente me fez relaxar um pouco, uma das vantagens de banheira era isso, eu

conseguia por míseros momentos fugir um pouco de tudo, não tinha barulho não

tinha nenhum tipo de ruído que poderia me incomodar, quando sai me vesti

rapidamente e me joguei sobre a cama não tinha um pingo de ânimo para sair dela

nas próximas horas, mas uma batida na porta me faz reagir

Quando a abro dou de cara

com Fernando animado me chamando para sala de jogos, eu tenho quase certeza que

não era para um jogo e sim para descer naquele calabouço, eu nem me preocupei

em vestir uma camisa, já que mulheres e homens ali não se misturavam ou eu

achava isso, quando chegamos a enorme sala estava em um silencio ensurdecedor.

Maldição! Eu não deveria fazer isso, se tudo ilícito rolaria ali quem me

garantia me controlar e não encher a cara e pegar meu carro no meio da noite

para enfiar uma faca na garganta daquela Vadia miserável que eu chamava de mãe

e naquele porco imundo que a única vez que fez papel de pai foi para me mandar

para esse inferno.

Odeio pensar na

possibilidade de ter que aguentar isso por muito tempo, só tenho 17 anos, sou

menor de idade então se eu vacilar sou levado para um reformatório contando com

meu histórico de vandalismo e libertinagem...

Acendo um cigarro assim que

me sento no enorme sofá, a primeira tragada me fez relaxar a tensão, um braço

se estica em minha frente e me entrega um copo com algum liquido verde

-Engole de uma vez, isso vai

te fazer conhecer o céu ou o inferno, você escolhe!

Eu pego o copo e reviro de

uma vez. O liquido desceu queimando em minha garganta, puxo mais um pouco de

fumaça para meus pulmões tentando acalmar aquele ardor

- Não vai vomitar no tapete\,

pirralho eu te faria lamber seu vomito. Fred o encrenqueiro, até parece que uma

ameaça dele me faria algum efeito, reviro os olhos e fico encarando o copo

vazio por um tempo. Mais uma conversa traz meu foco de volta, Fernando estava

falando com o Fred sobre a namorada dele... Lívia esse nome as vezes me trazia

um arrepio, o que era estranho para mim sentir isso, algo nela me chamou

atenção e não foi a aparecia já que ela parece um ‘mano’.

Eu não sou o homem mais fiel

do mundo mais saber que ele trai a garota me deixou um tanto quando incomodado,

acho que uma das minhas razões de não me envolver com ninguém eu não tenho

vocação para ser só de uma, a última tragada dada me trouxe uma lembrança do

que me fez parar aqui, pichar o muro da delegacia e atear fogo no carro do delegado

se bem que o delegado é meu pai.

-Não sei como ele se orgulha

de falar sobre isso! Um rapaz magro se senta ao meu lado, ele aparentava ser

mais velho porem não tenho tanta certeza assim – Depois de tudo que a Liv

passou ele deveria cuidar dela, não magoar

-O que ela passou? Pergunto

curioso

-Os pais dela morreram a um

ano, e ela teve que guardar tudo em silencio!  Ele encara a parede enquanto conta – Ela se vira como pode, a gente

ajuda ela em algumas coisas, mais se descobrirem que ela está sozinha conselho

tutela leva ela... ele para um momento e continua –Otavio é o que mais protege

ela, porem depois que ele viajou ela se envolveu com Fernando, ele é um bom

namorado, mais acaba traindo muito.

Isso explica muita coisa, a

mochila com algumas coisas, o fato dela sempre parecer tão cansada

-Me chamo Derick, ele

estende a mão se apresentando eu a pego e me apresento a ele também

Fiquei mais um tempo

raciocinando o que acabei de ouvir, como ela deve lidar com isso? Não sou do

tipo que tem piedade de ninguém mais imagino o quão ruim deve ser para ela

aguentar o silencio de uma casa onde ela com certeza foi feliz.

Me levanto e saiu sem que

ninguém note, atravesso aquele enorme corredor, evito ao máximo fazer barulho,

entro e tranco a porta pego meu celular e nenhuma mensagem, acho que meus

amigos resolveram me abandonar, eu me deito e deixo meus pensamentos me

inundarem. A raiva por não está em casa, com minha vida normal, a vontade

desesperada de fugir, o medo de estar apenas fazendo um teste drive do meu

futuro abandono, balanço a cabeça tentando espantar esses pensamentos e me

levanto, e dou passos lentos até a balaustrada

[A1]

Fico um tempinho admirando a

noite, até o vento estava preguiçoso, as horas começaram a seguir um ritmo mais

lento, as vezes comprovo em pratica a teoria que a noite o tempo para, e como

estamos dormindo não temos noção disso.

O despertador começou a

gritar no meu ouvido, AFF QUE MERDAA! Deveria ter desligado esse inferno, me

arrasto da cama para o banheiro e depois de alguns longos minutos desço, pego

um sanduiche e já me dirigir para o meu carro, aproveitei que não tinha ninguém

para me perguntar

Segui direto para o colégio,

queria não entrar, na verdade queria que algo me tirasse dali, parece que o

universo me ouviu uma picape preta atravessa meu carro, eu freei bruscamente

quase acertado a placa de sinalização do colégio, que inferno. Se meu carro foi

arranhado eu juro que arranco a cabeça do barbeiro, eu abro a porta e desço

furioso em direção a picape

-Caralho, você é cego

desgraçado? Rosno

Eu fico petrificado ao ver

quem estava saindo do lado do motorista, aquele cabelo vermelho desgrenhado e

cheio de ondas, acompanhado de um rosto pálido e cheio de sardas, o sorriso foi

inevitável

-Você não perde os maus

modos! O sorriso largo dela se transformou em um beicinho tentador

Beatriz, era minha melhor

amiga, minha confidente e as vezes minha transa em momentos de tesão, ela veio

até mim e me deu um abraço

-Que saudades de você, ela

diz afundando o rosto em meu ombro –Seus pais disseram que você viajou e estava

sem celular!

Agora tudo fazia sentido,

ela e o Vicente não iriam me abandonar assim, tinha que ter dedo dos meus pais.

Eu noto que estávamos sendo

observados, olho pelos ombros e vejo os olhos dos curiosos, eu ainda estava no

estacionamento do colégio e isso chamaria atenção dos professores, e eu iria

parar da direção

-Vamos sair daqui! Eu a puxo pelo braço e entro na picape ela vai para o lado

do carona sem questionar eu arranco o carro e saiu dali, deixando os curiosos

para traz

-Vicente e eu ficamos preocupados com seu sumiço, mais não tínhamos como falar

com você. Bia enfim relaxa a tensão em seus ombros – A imobiliária da sua mãe

pegou fogo! Ela me encara ao dizer isso e eu solto uma risada de escarnio

-Que pena ela não está dentro na hora que isso aconteceu! Cuspi com rispidez as

palavras – Iria amar vê ela queimando junto com mobília velha que ela adora!

-Ela é sua mãe, seu idiota!

Ganhei um tapa no ombro e volto a gargalhar ...

-Ela te acha uma má influência

para mim cabeça de fogo, sem contar que para ela você é uma marmitinha de

empresário

-Que vaca! Começamos a rir e logo em seguida paro o carro na pista de Skate que

fica no fundo do casarão onde moro agora, passamos algumas horas ali, o lugar

me lembrava a quadra que costuma treinar na minha antiga cidade

-E aí já pegou alguém? Bia solta d nada a pergunta me deixando um pouco

constrangido –Tipo você passa o rodo em geral vai que já desvirtuou alguma

menininha aqui! Caímos na risada.

Mais logo volto a minha

seriedade, de quando cheguei aqui só fiz me trancar naquela casa ou ir para o

colégio aqui não tinha garotas interessantes não que eu pudesse ter conhecido,

eu ergo a cabeça e me viro para ela pronto para responder sua pergunta mais

meus olhos encontram os da garota que ultimamente me intriga, eu encaro em sua

direção ela se esconde timidamente atrás de uma mecha de seu cabelo, ela se

aproxima com seu namorado. Fernando nem consegue disfarça a maneira devassa que

ele olha para Bia, e o pior bem na frente da namorada dele

-Santiago, você teve sorte as aulas hoje foram canceladas! Ele diz rindo mais

sem tirar os olhos da minha amiga

-Bia, esse é Fernando e a

namorada dele, Lívia.... Disse antes deles terminarem de se sentar – A Bia é

minha melhor amiga, até onde eu acho né! Bia me dá um soco de leve no ombro e

se volta para eles

Eu não conseguir desviar

olhar em nenhum momento, a maneira descarada que meu amiguinho olhava para Bia

mesmo estando com a namorada dele ao seu lado, ou essa Lívia é cega ou aceitava

os ‘chifres’

Ela percebeu minhas

encaradas, pude ver o rubor subindo pelas bochechas impecavelmente pálidas, em

um momento ela me olhou de voltou, e sorri de canto a deixando totalmente

constrangida a fazendo derrubar a garrafa de agua.

Por um momento lembrei das

palavras de Derick, e aquilo com certeza fez meu semblante mudar, comecei a

encarar o vazio, até Bia me tirar do meu transe

-Santiago! Ela me chamou – Hoje vamos te levar para casa! Todos na mesa

encararam ela.

-Como pretende fazer isso? Perguntei com a expressão neutra mais acendeu uma

esperança dentro de mim, enfim poder sair daqui

-O plano é o seguinte... ela

começou a falar – seu carro deve ter algum rastreio estalado pelo seu pai para

comunicar uma possível fuga, então o Fernando pode dá umas voltas com ele hoje

a noite, enquanto eu te levo daqui! Ela sorriu orgulhosa do seu plano –Ele vai

ser pego pelo chefão e você estará longe depois que a poeira baixar Vicente dá

um jeito de depenar seu carro até achar a escuta!

A ideia dela foi bem

elaborada, se Fernando colaborasse daria certo, e para minha surpresa ele topou,

agora era só esperar anoitecer, eu voltei com Bia para o estacionamento do

colégio para buscar meu carro, foi ai que ela me mostrou o papel que Fernando

havia passado por debaixo da mesa com seu número para ela

-Vai pegar? Perguntei estacionando o carro

-Nem vai dar tempo, deixa pra uma próxima. Ela abriu um risinho eu desci do

carro –Até mais tarde, estarei aqui as 23horas te esperando! Eu acenei um

positivo com a cabeça e entrei no meu carro e dirigir em direção ao casarão, no

jardim Hellen estava sentada meditando, quando me viu ela se levantou

rapidamente tentei entrar antes dela me alcançar mais foi inevitável

-Espera! Ela gritou –Preciso

falar com você! Eu freei os passos e me virei lentamente

-O que é? Soltei um suspiro

rápido!

-Queria te fazer uma pergunta! Ela me encarou, seu olhar parecia sincero e

preocupado, o que me fez sentar e esperar o que ela tinha a dizer

-Você e a Liv, tem algo? Sua pergunta me pegou de surpresa –sei la notei uns

olhares entre vocês. Ela concluiu e esperou que eu me manifestasse

-Não, ela namora, e eu estou bem de boa na minha! Respondi evasivamente

-Sinto que ela gosta de

você, Liv já sofreu muito e não quero que um mauricinho encrenqueiro a faça se

sentir mal! Sua sinceridade até me toca, tirando a parte da ofensa

-Fica tranquila, não teremos

nada, ok? Falo e tento me levantar mais ela segura a manga do meu moletom

-sinto que gosta dela também não sei porque sinto isso, talvez seja a energia

da casa! Eu a encaro descrente com sua última frase ‘ Talvez seja a energia da casa’ o que ela quis dizer com isso?

-Tomou seu comprimido hoje? Fui sarcástico mais seu olhar ficou gélido como se

ela tivesse algo a ser dito

-Não conhece a história do QG, não é?

-Não, que história é essa? Me sentei novamente

Ela então começou:

Aqui a uns séculos atrás era de uma família de bruxos, irmãos se casaram

tiveram filhos esses filhos tiveram filhos e por ai vai, porém existiu uma

herdeira, que no ápice da raiva destruiu tudo, só se manteve esse casarão, aqui

tem magia, Álvaro reuni jovens para testar se algum reencarnou, parece louco

mais é muito real, no jardim do fundo onde tem a grande arvore é onde Anna

Clara Beltron deixou toda sua vitalidade quando foi separada do seu amor.

Álvaro é obcecado pelos Beltrons, existem boatos que eles estão entre nós, e

ainda tem poderes mais que estão presos adormecidos.

Eu segurei para não rir da

sua historinha de conto de bruxas, mais algo me assustou, senti um arrepio

forma na minha espinha, e do nada um silencio tomou conta de tudo, meu corpo

paralisou

-Você sentiu ne? Hellen perguntou quase sorrindo – Sinto toda noite quando

estou aqui

Eu tentei ignorar isso e me

levantei indo em direção ao meu quarto, passei pela recepção e Lívia estava de

cabeça abaixada digitando algo no computador e mal notou que eu passei por ali,

arrumei minhas coisas rapidamente, se passaram algumas horas e  já era quase 23horas, o silencio estava

ensurdecedor, sai pela janela do meu quarto, o andar não era tão alto assim,

Lívia estava abrindo o portão, então fui rapidamente até ela e pedi descrição,

eu usava um casaco do Fernando, tínhamos a mesma altura, como ele saiu com meu

carro mais cedo ninguém saberia que havíamos trocado.

Passei o braço em volta da

cintura dela, e continuamos andando

-Está ansioso para voltar para casa? A sua pergunta me deixa confuso, em algum

momento eu deveria ter pensado nisso, se eu voltar para minha casa serei

mandado de novo para cá, então teria que ir para outro lugar.

-Se cuida, ok! Apertei seu queixo com os dedos e continuei andando, quando

cheguei no ponto marcado fiquei um tempo escorado no muro observando a

movimentação dentro do carro de Bia, ela estava aos beijos com o Fernando,

estavam quase transando como dois animais selvagens, acendi um cigarro

permitindo a eles se divertirem um pouco, mais assim que estava soltando a

fumaça e ela se dissipou com o leve vento minha cabeça viajou, as palavras de

Derick a história louca de Hellen mais acima de tudo o rosto da Lívia hoje

quando nos despedimos ela parecia querer chorar ‘ acho que ela gosta de você’ o

que Hellen disse ficou se repetindo como um gravador quebrado

Eu não posso ir, não agora,

não quero deixar ela, não quero ir sem saber o que realmente Álvaro quer, já

que ele junta jovens

Peguei meu celular enquanto

o cigarro estava aceso liberando uma fumacinha que parecia dançar no ar mandei

uma mensagem para minha amiga

‘ Desculpa, não vou

conseguir ir, tentamos em uma próxima, abraços’ Olhei de volta em direção ao

carro e vi ela pegar o celular e ler a mensagem, seus olhos ficaram tristes

mais logo se recompôs contando como Fernando a beijou em seguida, ela arrancou

com o carro e eles saíram dali

Já imaginava para onde

iriam, e eu so precisaria ver o ombro dele amanhã para confirma isso.

Minha melhor amiga era a

pessoa mais previsível que eu conhecia, sei cada detalhe dela, o que ela gosta

de fazer na cama, como gosta de ser fudida ou de fuder os caras, contando que

ele não fique nu perto da namorada ela não iria descobrir as marcas, voltei

andando para o casarão, pegaria meu carro amanhã.

A cada passo dado meus

pensamentos viajavam, eram indecifráveis ate para mim mesmo, eu não poderia

acreditar que estava abrindo mão da minha liberdade por uma garota e uma

historinha contada por uma menina que tinha o psicológico duvidoso, o vente

soprou mais uma vez parecendo fumar aquele cigarro comigo, olhei entre meus

dedos e sorri, estava a quase 20 minutos com o mesmo cigarro aceso, eu era

viciado, duas carteiras eram pouco para mim algo ali estava diferente, mais o

que? Eu tenho que compreender muita coisa ainda, e levaria um bom tempo para

isso, mais eu ainda era um jovem, tenho toda uma vida pela frente, olhei para o

enorme portão e saltei o muro não quis acionar já eram meia noite e sei que

esse horário Hellen estaria ali meditando novamente.

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