Capítulo 3

As roupas de Rosa não eram tão feias assim. Ema se ajustou a ela, mesmo lhe deixando com a aparência de uma princesa. Rosinha morreu de amores ao perceber o quão fofo ficou o visual de sua nova amiga.

— Seu rosto está parecendo uma bonequinha! — disse ela.

— É sério? Não sou o seu cachorrinho! — resmungou Ema.

— Contudo, ainda precisa de uma roupa convincente ou meu pai nunca acreditará que você é uma princesa!

— Quando vamos ler os diários de sua mãe? — perguntou Ema enquanto Rosinha amarrava a calcinha dela com um barbante

— Caramba, sua bunda é menor que a minha! — disse Rosinha com risadinhas.

— Para de brincadeiras! — afirmou Ema — Como vamos ler os diários da sua mãe?

— Meu pai guardou todas as coisas da mamãe na sua biblioteca particular, o único problema é que ninguém pode entrar lá, nem mesmo eu!

— Esses diários vão ser uteis?

— Mamãe deve ter escrito algo que pode ser útil para entender os seus poderes.

— Assim espero, não quero ficar nem mais um segundo presa nessa dimensão.

— Onde você pensa que vai? — Perguntou Rosinha.

— Pegar os diários!

— Nem pensar, está de dia e todos os moradores do palácio estão acordados.

— Nesse caso, o que faremos?

— Conseguir um passe livre para você!

A mesa estava farta. Tinham bolos de todos sabores e estilos em volta de brigadeiros, bombons e biscoitos. Canecas de porcelana com leite quentinho eram servidas. Mordomos com poses respeitosas observam a costa do seu senhor. O rei estava na cadeira mais destacada encarrando sua filha com desprezo. Ema forçou uma risadinha, tentando tirar a tensão do seu semblante. Um mordomo a encarou com uma expressão de repugnância. “Parece que não estou sendo chique o suficiente!” Pensou Ema mastigando mais educadamente.

— Querida, pode comer à vontade — disse o rei para Ema —, não precisa se acanhar.

— Sou meio tímida — respondeu Ema forçando uma risadinha de porco.

— Rosa, hoje irei me encontrar com o seu futuro esposo, por isso quero que você não saia de casa sem a companhia dos seguranças — disse o rei para Rosinha.

— Ainda estão discutindo a cerimônia? — disse Rosa com um olhar triste.

— Na verdade, ainda estamos discutindo questões políticas — respondeu o rei.

— Você sabe a reputação daquele homem, não sabe? Ele é um monstro!

— São só boatos, além disso, você nasceu para servir o seu mundo…

— Meu rei… você pode me fazer um favor? — Perguntou Rosinha limpando as lagrimas dos seus olhos.

— Não me peça para anular uma coisa que não pode ser anulada — respondeu o rei quase rosnando.

— Essa aqui é Ema, minha nova amiga. Ela passará uns tempos comigo antes de me tornar noiva.

— Ema, por que não tira essa mochila das costas? — perguntou o rei, encarando Ema com um ar sério.

— Gosto da minha mochila — respondeu Ema, deixando cair leite na sua roupa — Droga, sujei minha roupa nova!

— Está bem, você não parece ninguém que mataria uma princesa, mas não quero ver ninguém perambulando o palácio de noite.

— Pode deixar, eu gosto de dormir cedo — respondeu Ema torcendo para que ele engolisse sua atuação.

O banheiro da realeza tinha uma banheira que parecia uma piscina. Ema, com sua roupa de banho, se molhava com água quente. Rosinha não conseguia tirar os olhos dos braços dela. “Como que pode uma pessoa ter quatro braços?” pensou a princesa. Ema percebeu o olhar curioso de Rosa. Ela jogou água com sabão nos olhos dela, fazendo-a gritar.

— Porque você fez isso! — gritou Rosinha limpando os olhos.

— Você já teve uma parte do corpo que tenha vergonha de mostrar para as pessoas? — indagou Ema.

— É claro que sim, meu dedão é feio, odeio quando as pessoas ficam encarando-o!

— Esses braços são o equivalente ao seu dedão, a diferença é que trocaria tudo para poder ter o seu dedão no lugar deles.

Rosinha tirou suas roupas e entrou na banheira como um peixe. Ela nadou até a Ema e a abraçou com uma expressão fofa de pena. Ema se soltou dos braços dela e a empurrou para longe.

— Você pensa que pode me abraçar? Não te conheço para te dar tal liberdade — disse Ema fazendo uma expressão de quem não gostou.

— Nossa, você não gosta de abraços? — lamentou Rosinha com um ar triste — Supus que isso deixaria você feliz!

— Não leve isso para o lado pessoal, as pessoas não gostam muito de mim, intendo que você só está fazendo isso para ser boa, mas não precisa.

— Está me chamando de falsa? — perguntou Rosinha indignada.

— Sim?

— Me desculpa! — afirmou Rosinha com uma careta bonitinha.

Ema percebeu no olhar de Rosinha que ela não estava fingindo. Toda sua infância e adolescência foi marcada por zombarias e desprezo, ela nunca teve ninguém que demonstrasse carinho. Ela pegou quatro esponjas e, sorrindo, disse:

— Posso estregar suas costas?

— Pode! — respondeu Rosinha, mudando sua expressão triste para uma entusiasmada.

— Até agora você não me disse o seu verdadeiro nome — disse Rosinha enquanto às quatro esponjas esfregavam suas costas.

— Meu nome é Ema Suzume, não tenho família ou clã para dar como referência.

— Só você tem quatro braços?

— Nunca encontrei outra pessoa igual a mim — respondeu com um olhar triste — o problema de ter uma aparência fora do padrão é…

— O bullying? Sei como é. Posso parecer uma gostosona de revista,

mas quando eu era adolescente, as pessoas me chamavam de gorda!

— Mudando de assunto… que horas vamos tentar pegar os diários de sua mãe?

— Tem um horário perfeito para isso, todavia vamos quebrar algumas regras!

— Especifique.

— Às três horas da manhã, os seguranças que fazem ronda vão se encontrar com as empregadas no outro lado do palácio, nos dando uns vinte minutos para entrar na biblioteca, roubar o diário e dar o fora sem sermos pegas.

— Como você pode ter tanta certeza de que teremos 20 minutos?

— Ouvi falar que acontecem algumas coisas estranhas por lá — disse Rosa com seus "Hihihihihihi" bonitinhos.

— Assim espero ou terei que matar seus seguranças.

— Matar! Tem certeza de que não pode simplesmente imobilizar?

— E arriscar perder nossas cabeças? Nem ferrando!

— Tem razão, não quero perder a minha cabeça, ainda mais que vai ser difícil colocar ela no lugar!

— Pelos fantasmas, você tem 32 anos mesmo?

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