Capítulo 16

( Visão Do Santiago )

Decidimos sair da casa sem avisar o pessoal. A princípio era pra eu ir sozinho, mas Richard me viu entrando no carro. Ele então insistiu para o levar, e assim fiz.

Saímos bem rápido da garagem para mais ninguém ver. Tinha bastante infectados na entrada na qual passamos por cima e damos início a nossa pequena viagem.

Desde quando saí de casa para me reunir com o pessoal é que minha mãe me liga insistentemente. Vou passar em casa para me encontrar com ela e explicar a situação.

Espero que estejam todos bem. Meu pai é cadeirante então ele praticamente nunca sai de casa, minha mãe que cuida dele. Por conta desse problema do meu pai ele foi aposentado do seu serviço.

E com o dinheiro da aposentadoria é que eles conseguem comprar as coisas. E sempre que posso estou ajudando também, mandando alguma quantia em dinheiro para eles.

Faltava pouco para terminar minha faculdade de direito. Agora com esse caos todo não sei como vai ficar as coisas.

Aos poucos vou desacelerando o carro por conta dos obstáculos no meio do caminho. O asfalto está uma merda, cheio de buracos.

E ainda tem os infectados para desviar e não acabar de vez com o carro. Quando me dou conta percebo que Richard está olhando para os infectados.

— Algo chamou sua atenção?

— Posso está vendo coisas, mas tenho a impressão que certos infectados são mais rápido que outros. — Responde Richard.

— Uma mutação?

— Pode ser.

Depois de algum tempo chegamos na minha casa. Aparentemente está tudo normal. Nenhuma janela quebrada, porta está intacta e nenhum grupo de infectados por perto.

Richard então fica olhando em volta. E me pergunta onde estamos. Respondo que esse lugar é minha casa, ele fica surpreso.

Não faz muito tempo que conheço o pessoal, comecei andar com eles assim que Larissa me apresentou. Ela já namorava John nessa época, e passei a conhecê-lo.

Desde então ando com esse grupo que me acolheu. Minha vida na faculdade não era fácil, vivia sendo humilhado constantemente. Por causa da minha condição social, de ser pobre.

Porém assim que passei a andar com o pessoal as coisas mudaram, aquele pessoal que me humilhava constantemente sempre que me viam pararam. E tudo então passou a dar certo.

Entre todos ali a pessoa que mais me chamou atenção foi Sohui. Ela é uma das poucas pessoas que me entende realmente, ela que me deu motivação para continuar na faculdade. E me deu forças quando fiquei sabendo do acidente de meu pai.

Eu amo ela.

Quero tê-la independente do que estamos passando. Mesmo que ela me recuse...

Preciso falar para ela sobre o que sinto. E saber o que ela sente sobre mim também.

Preciso de um bom momento para me confessar. Enquanto isso não acontece vou continuar me esforçando para que nada de ruim aconteça ao grupo.

— O que vamos fazer aqui? — Questiona Richard.

— Vou entrar em casa para ver como estão meus pais. Quero contar a eles sobre o que está acontecendo e que estou bem.

— Entendo. Quer que o acompanhe? Vai que possa ter um infectado lá dentro.

Concordo em Richard me acompanhar. A gente então desce do carro e vamos caminhando até a porta. Assim que coloco a mão na maçaneta da porta percebo que está aberta.

Essa porta não era pra estar aberta... A gente então entra dentro de casa encostando a porta. Richard fica ali parado observando os cantos da casa, enquanto vou adentrando.

— Mãe?

— Pai?

Chamo por meus pais mas sem nenhum sinal de resposta. Continuo andando pela casa procurando eles. Richard permanece parado.

Chegando no quarto deles posso perceber que tudo está no seu devido lugar, nada foi mexido. Um som porém atrai minha atenção.

Vinha do banheiro. Um pequeno som acompanhado com um ruído. Posso escutar também o som de gotas de água pingando, continuamente.

A princípio ignoro isso e continuo andando pelos cômodos restantes da casa. Passei pela varanda, sala de estar, os dois quartos, a lavanderia, cozinha, e pelo quintal. Não encontrei ninguém.

— Nada ainda? — Pergunta Richard.

— Falta o banheiro.

Richard então se aproxima de mim, que estou parado em frente ao banheiro. Os pingos de água continuava, e aquilo me deixava cada vez mais ansioso.

Minha mão ao mesmo tempo tremia. Richard percebe e se oferece para abrir a porta primeiro.

— Não... Eu faço isso.

( Visão do Richard )

Ainda não sei porque tive a brilhante ideia de acompanhar Santiago. Pensei que ele fosse para um lugar maneiro, mas me enganei. Ele veio justamente para a casa de seus pais, que provavelmente já devem ter morrido.

Ele está vasculhando cada cômodo da casa procurando eles, me da pena ver isso. infelizmente não posso fazer muita coisa para ajudar ele.

Sem ter sucesso em achar seus pais ele caminha até o último cômodo que falta, o banheiro. Ele fica alguns segundos encarando a porta até que decido agir. Me ofereço para abrir mas ele recusa.

— Deixa comigo.

Ele então abre a porta do banheiro vagarosamente até chegar na metade, um infectado surge, jogando ele contra a parede.

Era um infectado mulher. Santiago porém não fazia nada além de manter o infectado afastado dele, que o tentava morder.

Ele parecia estar em choque. Me aproximo e dou um chute no infectado, que o derruba no chão. Santiago então reage.

— NÃO FAZ ISSO! É MINHA MÃE!!

Santiago então tenta se aproximar do infectado novamente, mas eu impeço.

— Me solta Richard!

— Acorda cara! Ela não é mais sua mãe, é um infectado agora!

Santiago tenta sair dos meus braços mas não consegue, pois sou mais forte que ele. O infectado então se levanta e vem para cima da gente.

Novamente dou um chute para afastar ela. Nisso Santiago consegue sair, e assim que ele se solta o infectado parte para cima dele.

Me jogo para cima do infectado, derrubando nos dois no chão, com ela sobre mim tentando me morder insistentemente.

Santiago fica parado olhando, pensando em como vai lidar com essa situação. Espero que ele tome logo uma atitude, não sei quanto tempo vou conseguir suportar esse infectado, eles tem uma força fora do normal.

( Visão do Santiago )

Minha mãe virou um infectado... E agora está atacando Richard... Minhas pernas, não consigo mover. Nem mesmo minhas mãos consigo mexer de tanto medo...

O som de goteira também não para... PARE, PARE, PARE, PARE, PARE, PARE, PARE, PARE, EU DISSE PARA PARAR!!!!

Um pequeno desvio me faz olhar para o banheiro novamente. A cortina do chuveiro estava aberta, podia ver a cadeira de rodas de meu pai, mas sem ele. O chão está coberto de sangue, e tinha vísceras espalhadas junto delas tinha a parte de um braço.

O braço tinha um relógio, o mesmo que meu pai usava. Um sensação de vômito me vem, porém é interrompida pela voz de Richard.

— Faça alguma coisa Santiago!

Richard não ia aguentar por muito tempo. Uma memória da minha mãe então me vem em mente.

Era meu primeiro dia na faculdade e estava muito nervoso, quando minha mãe vem até mim e diz. "Faça o que for necessário, mesmo que isso machuque outras pessoas".

Me desculpe mãe, mas não posso deixar você o matar, igual fez com o papai. Me aproximo de Richard e seguro minha mãe, afastando ela. Ela também tenta me morder mas não consegue.

— Leva para o lado de fora! — Diz Richard.

Não posso fazer isso, não quero que minha mãe fique perambulando por ai infectando outras pessoas. Tenho que dar um fim nisso.

— Pega uma faca na cozinha. — Respondo para Richard que vai correndo até a cozinha.

Desde já peço desculpas por isso mãe. Não queria que as coisas terminassem assim. Maldito vírus.

Richard então chega segurando uma faca. Ele olha para mim e me pergunta se quero realmente fazer isso.

Apenas estendo minha mão para pegar a faca, com ela em mãos acabo com o sofrimento de minha mãe.

Descanse em paz, mãe e pai. Vou fazer o possível para permanecer vivo nesse pesadelo.

Assim que termino vou até o banheiro lavar minhas mãos que estão sujas. Richard fica esperando parado na porta.

— O que vamos fazer agora? — Pergunta Richard.

— Vamos embora. Não tenho mais nada para fazer aqui.

— Tudo bem. Vou ir na frente para ligar o carro. Deixa que eu dirijo.

— Aqui, pegue a chave. Vou ficar aqui mais alguns minutos.

— Leve o tempo que precisar.

Assim que Richard sai permaneço alguns minutos ainda na casa, até que decido sair. Entro no carro e vamos embora.

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