۝ Capítulo 18

Caesar ficou no carro por alguns instantes, sentindo o peso das palavras de Dominic. "Você." O significado daquela resposta ecoava na mente dele como um tiro disparado à queima-roupa.

Ele nunca viu Dominic hesitar antes. Nunca o viu tão... instável.

Mas o que mais o incomodava era o próprio corpo respondendo àquilo. Uma parte dele queria sair do carro e confrontar Dominic, arrancar dele uma explicação mais clara, algo mais do que aquele olhar carregado de coisas que Caesar não estava pronto para admitir.

A outra parte sabia que isso só faria Dominic vencer.

Soltando um suspiro, Caesar finalmente saiu do carro e subiu para o apartamento de Dominic. Ele não pediu permissão. Nunca precisou.

Ao entrar, encontrou Dominic parado na sala, de costas para ele, olhando a cidade pela parede de vidro. A tensão em seus ombros era visível, mas ele não se virou.

— Você sempre entra assim na casa dos outros? — Dominic perguntou, a voz baixa, carregada de um cansaço que Caesar raramente via nele.

— Só quando estou lidando com alguém que não consegue me dizer a verdade.

Dominic soltou uma risada baixa, sem humor.

— A verdade? — Ele finalmente se virou, os olhos escuros encontrando os de Caesar. — Você realmente quer ouvir isso?

Caesar cruzou os braços.

— Quero.

Dominic o encarou por um momento, como se estivesse decidindo até onde iria. Então, avançou um passo. Depois outro. O ar entre eles mudou.

— Eu perdi o controle por sua causa, Caesar. — Dominic disse, cada palavra carregada de algo que fazia a pele de Caesar arrepiar. — Eu não deveria me importar se você me desafia. Eu não deveria me incomodar quando você olha pra mim como se eu fosse só mais um cara.

Ele parou a centímetros de distância, os olhos fixos nos de Caesar, esperando uma reação.

— Mas eu me importo. — Dominic continuou, a voz rouca. — E isso me irrita.

Caesar sentiu a respiração falhar por um segundo. Dominic nunca jogava sem ter certeza de sua vitória. Mas agora... agora ele parecia estar apostando sem saber aonde aquilo o levaria.

— Você está dizendo que... — Caesar começou, mas Dominic o cortou.

— Estou dizendo que você é a única pessoa que consegue me desestabilizar. E eu odeio isso.

O silêncio entre eles era elétrico. Caesar poderia rir da ironia daquilo. Dominic sempre teve o poder, sempre ditou as regras. Mas agora? Agora ele estava diante dele admitindo o impensável.

— E o que você quer que eu faça com isso? — Caesar finalmente perguntou, a voz baixa.

Dominic soltou um suspiro, desviando o olhar por um breve segundo antes de falar:

— Quero que pare. —Caesar ergueu uma sobrancelha.

— Pare com o quê?

— De me fazer sentir assim.

— Fala como se fosse obrigação minha.

Aquilo era quase um pedido. Quase uma confissão. Mas Caesar não era um homem que recuava.

— Não posso prometer nada. Até porque não estou agindo diferente. — Ele disse, e viu o maxilar de Dominic travar.

— Claro que não pode.

Dominic se afastou, passando a mão pelos cabelos, claramente frustrado consigo mesmo. Caesar percebeu que, pela primeira vez, Dominic estava lidando com algo que não conseguia controlar. E era ele.

E talvez... só talvez... ele gostasse disso.

Continua…

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