Capítulo 18

Fernanda

Desde criança, meu sonho era me formar, construir uma carreira consolidada e casar-me, com aquele que seria o amor da minha vida. Entregar-me, apenas depois do casamento..., mas, vi os meus sonhos, serem quebrados como um vidro, quando se quebra no chão.

Desde que chegamos aqui no morro, Alemão vivia no meu pé. Nunca senti nada por ele, mas ele nunca entendeu isso.

Num dos bailes, que ele faz..., mandou os seus vapores me levarem na área vip, onde ele e mais alguns traficantes estavam. Ele puxou-me para o seu colo, mas eu não quis... deixei claro que nunca rolaria nada entre nós e saí de lá irritada.

Me despedi das garotas, e voltei para a casa... Já era madrugada, quando escutei batidas na porta, pensei ser as garotas. Ao abrir era Alemão, estava visivelmente bêbado... até mesmo transtornado. Ele invadiu a minha casa, rasgou as minhas roupas e abusou de mim. Eu implorei chorando para que parasse, mas não adiantou.

Depois disso, nunca mais fui aquela garota doce e extrovertida. Me fechei para tudo... não quis contar para as garotas, porque sabia muito bem, que elas surtariam e o pior aconteceria.

Foi muito difícil, me recuperar. Tentar fingir perto das garotas que tudo estava bem... então tomei o hábito de me cortar, quando me sinto mal. Por esse motivo, quase não uso shorts ou blusinhas. Só uso quando não há mais nenhum ferimento ou vestígio.

Ontem eu descontei toda a minha frustração, mágoa e raiva na pista, dançando com Beatriz..., fazia muito tempo, que não me sentia tão feliz e aliviada. Mais uma vez, Alemão fez questão de me quebrar. Fui até o banheiro e ele agarrou-me, tentou mais uma vez abusar de mim, mas não conseguiu, pois, consegui fugir dele, dando-lhe um chute nas partes íntimas.

No final do baile, ele puxou-me para perto dele e disse no meu ouvido, que eu querendo ou não seria dele de novo, que me faria esposa dele.

Chorei a noite toda, imaginando ser obrigada a me casar com alguém que não suporto.

Quando as garotas saíram, fui tomar um banho... chorei compulsivamente, então decidi acabar com tudo isso.Peguei uma faca e fiz alguns cortes superficiais..., quando ia cortar os pulsos definitivamente ouvi barulho na porta e Beatriz, me chamando... foi aí que a lucidez veio... percebi a burrice que iria fazer. Acabar com a minha vida, por um idiota qualquer.

Me senti segura, em contar tudo para Beatriz... foi um alívio, tirei aquela angústia, aquele nó da minha garganta... ao dividir esse segredo com alguém.

Assim que ela saiu, coloquei uma roupa, dei uma arrumada na casa e fui caminhar um pouco. Fui até uma praia e tomei um banho de mar... comprei uma água de coco e fiquei sentada ali admirando o mar.

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

Lino

Essa noite, foi muito tensa. Mal consegui dormir, lembrando da bonekinha. Essa garota apareceu, só para me perturbar.

Acordei, fiz as minhas higienes pessoais, me troquei e passei na boca para ver como estava o carregamento para amanhã. Em seguida, desci com o Leke para o bar da tia Nenê.

Ao chegar, a bonekinha estava lá... com uma roupa... que fez o meu amigo se levantar na hora.

💭💭... Puta merda! Que bonekinha gostosa do caralho! -pensei💭💭

Odeio que me chamem pelo meu nome, porque me lembro muito da época da minha infância. Mas quando ela me chamou por nome, senti meu coração bater mais rápido. Meu nome naquela boca gostosa, ficou perfeito...

Estava na mesa com Leke, esperando o nosso café, quando vi ela sair... não resisti e fui atrás dela na minha moto. Fiquei esperando do lado de fora da casa das garotas...

Ela demorou bastante lá dentro, Raissa passou e tentou me beijar, mas mandei ela ralar daqui... não quero que Beatriz nos veja juntos.

Assim que ela saiu da casa, notei que ela havia chorado, não gostei do sentimento que tive ao imaginar o motivo de suas lágrimas. Estávamos tão próximos, que não aguentei... eu precisava, eu necessitava beija-lá... ter a certeza de que o seu beijo, é tão bom quanto imaginei a noite toda. E minha nossa... é muito melhor do que pensei... é doce, intenso e causa um efeito surreal, por todo o meu corpo.

Estávamos no maior amasso, quando a piriguete da Raissa, veio dar o maior showzinho. Beatriz foi embora, me deixando puto da vida.

Lino: Qual foi Raissa? Tu tá pensando que tá falando com quem? -disse sacando a minha arma e apontando para a cara dela.

Raissa: Desculpa Lino! Desculpa! Só fiquei com ciúmes!

Lino: Pega a visão, Raissa! A próxima vez, que tu cantar de galinha comigo... eu meto bala na tu cara... sacou? — gritei.

Raissa: Sim!

Guardei a minha há arma e ela veio se esfregar em mim.

Raissa: Deixa eu te ajudar a relaxar, gato! Olha como você está! -disse segurando no meu membro.

Lino: Saí fora! -disse a empurrando. -Só uma, pode me fazer relaxar e não é tu! Rala daqui!

Subi na minha moto e fui até o bar, as garotas já não estavam mais lá.

Lino: Cadê as garotas? — perguntei para o Leke, que estava na porta.

Leke: Já foram!

Desci feito louco na moto, mas não as vi. Fiquei muito irritado. Voltei para o bar e pedi uma cerveja, sentado na banqueta do balcão.

Nenê: Cerveja, logo cedo? Nem café tomou, filho!

Lino: Não estou com fome!

Minha mãe do coração, trouxe um café bem forte..., ela nunca ouve o que eu digo, tive que beber... afinal ela é a dona Nenê. Que enfrenta até traficantes, barra pesada e o dono do morro.

Nenê: O que está acontecendo entre você e aquela menina?

Lino: cof, cof, cof... -engasguei com o café. -Que menina! -disse limpando a garganta.

Nenê: A Beatriz! Vi o olhar de vocês hoje de manhã... fora que ela te chamou por nome, e você nem reclamou! E olha que nem eu posso te chamar assim!

Lino: Não está rolando nada!

Nenê: Fica ligado, Lino! Essa menina não, é qualquer uma! Ela não é do morro!

Lino: Eu sei!

Sai de lá mais irritado, então fui para o galpão trabalhar... ocupar a minha cabeça.

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