— Não, Mari, nós não vamos para o hospital. Não gosto de injeção.
— Eu também não, meninos. Então, fiquem longe, tá?
Eles concordam, e Mari sai correndo para a fonte pegar água, sempre observando se as crianças estavam seguras.
Essa era a maneira que ela achava para as crianças não saírem de casa quando ela saía para pegar água ou lenha. Dessa forma, eles se divertiam com as brincadeiras e não se machucavam, e ela fazia o seu trabalho sem colocar as crianças em perigo.
Para adiantar o seu lado, Mari carregava um balde grande cheio de água na cabeça e outro nas mãos, para diminuir as viagens e economizar tempo.
Depois que ela encheu tudo e colocou para os animais beberem, ela colocou o almoço no fogo. Após dar almoço para as crianças, arrumou elas e levou para a escolinha primária. Voltou para casa preocupada porque as horas já haviam passado, e ela não tinha certeza se daria tempo de cumprir com as suas obrigações da agenda que o seu pai ordenou.
Se ela não fizer tudo certo, o pai perde a paciência com facilidade.
Ela vai correndo pegar lenha no mato e, ao chegar, já era hora de buscar as crianças. Assim que chegaram, ela correu para os cajueiros juntar os cajus, mas não deu tempo de tirar as castanhas, e isso já é motivo para o pai descarregar a sua ira sobre ela.
Assim que os pais de Mari chegaram em casa, o Sol já se escondia, mas mesmo assim, Rômulo notou que a agenda da Mari não foi cumprida. Faltava tirar as castanhas do caju e a fúria do homem se acendeu contra a pobre Mari.
Ela recebeu um tapa forte no rosto, que sentiu o gosto do sangue em sua boca. Com os olhos cheios de lágrimas, ela olha o seu agressor que não se contenta e arrasta ela pelos cabelos, súplica.
— Para, pai. Tá doendo muito.
— Cale a boca, sua vadia preguiçosa. Por que não descastanhou os cajus? — perguntou Rômulo.
— Porque não deu tempo — respondeu ela — Eu tô cansada, eu fiz tudo que podia.
— Calada, sua podre de preguiça.
— Rômulo, por favor, pare. Ela é apenas uma adolescente, ela não tem obrigação de se matar trabalhando, não é fácil cuidar de duas crianças e da casa, disse Lorena, demonstrando o seu desgosto.
— Você já vem defendendo ela. Não me faça perder a paciência com você também. Com raiva, ele dá um soco no estômago da Mari, que ela cai sem poder respirar.
— Pare de fingir, preguiçosa. Você não serve pra nada.
As lágrimas banhando o seu rosto, ela se encolhe e fica na posição fetal tentando aliviar as dores.
Mari tenta levantar e recebe um chute do homem e mais uma advertência.
— Se eu chegar amanhã e não tiver tudo feito como eu quero, vou fazer você se arrepender de ter nascido. Você é a mais velha, tem que ser exemplo para seus irmãos.
Mari nada fala, apenas se arrasta até o quarto sentindo tanta dor. Mas o maior é que não entendia porque seu pai a odiava tanto. Será que é por ter enfrentado ele no passado? Ou ter o ameaçado para defender sua mãe? O problema é que a situação tinha se agravado demais e nem sua mãe podia protegê-la.
Ao ver que Mari estava no quarto, Rômulo se aproxima e pega a chave. Ela já sabia o que ia acontecer e começou a gritar desesperada.
— Não, pai, por favor. Não me tranque.
Ela corre até a porta somente para vê-la fechar diante dos seus olhos. Ali ela passa o restante da tarde e a noite presa no quarto, sem direito a janta, o que fazia ela não desistir da vida era as lembranças dos momentos que teve nos braços do Jhonatan. O que Mari não sabia é que seu sofrimento estava apenas começando.
Uma nuvem negra estava a cercando, e sua dor só aumentaria ainda mais.
Com seus pensamentos, ela adormeceu pensando em John e suas promessas. Como ele era um homem de palavra, ela estava tranquila, e não via a hora de estar de novo nos seus braços. O que Mari não sabia é que sua vida estava em uma montanha-russa, porque Lourdes estava doente e foi diagnosticada com câncer no cérebro.
No dia seguinte, ainda toda machucada, Mari se encontra com John. Os olhos do homem percorreram todo o corpo da jovem e viram todos os seus hematomas, mas nada falou. Tinha muitos problemas para pensar na situação deplorável da garota.
— Oi, Mari, precisamos conversar! — afirmou ele.
Com os olhos inchados e vermelhos,
— Aconteceu alguma coisa? Você tá com os olhos de quem chorou muito.
— Sim, Mari, chorei. A Lourdes tem câncer e precisa da minha atenção e dos meus cuidados. Mari sentiu uma pontada no coração ao ouvir e perguntou.
— O que você quer dizer?
Com os olhos cheios de lágrimas, ela pergunta, temendo a resposta do homem. Antes que ele respondesse, Mari se jogou nos braços dele.
E é abraçada na mesma hora.
Ele encostou o queixo na cabeça dela, fechou os olhos, e disse:
— Eu te amo, Mari, mas minha esposa está doente e precisa de atenção e cuidados. Não vou te deixar, mas tenho que priorizar minha família. Não posso te assumir ou aparecer com você em público, dizendo isso se afastou, os olhos da Mari se encheram de lágrimas e o coração de angústia.
Ela voltou para casa completamente decepcionada, cheia de tristeza e dor, como se o seu coração tivesse se rasgado.
Mesmo dividido, ela queria o John. Ela estava triste pela situação da Lourdes, mas não conseguia abrir mão do amor que sentia pelo marido. Era uma situação difícil para todos.
Ela queria muito que ele demonstrasse que de alguma forma ela era especial, mas não parecia importante, pois nem seus ferimentos ele havia notado. Pensando sobre isso, ela passa o restante do dia chorando, mas não desistiria do seu amor.
Na sua cabeça, ela era jovem e poderia esperar por ele, o tempo que fosse preciso, porque tinha certeza absoluta que ele retornaria para seus braços, definitivamente.
Jhonatan estava perdido em seus pensamentos. Ele nunca havia nem imaginado trair a esposa e não conseguia entender os seus sentimentos. Ele tinha certeza que amava as duas e não queria perder nenhuma delas. Estava dividido entre dois amores e não sabia que rumo tomar para sua vida e não entendia porque estava dividido entre as duas.
Continua…
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Atualizado até capítulo 143
Comments
mandinha
Ela esperava o quê ? O cara é casado msm que aja sentimentos de ambas as partes mas... ainda sim é casado.
2025-02-05
0
Alexsandro Pereira neto
Tou Amando
2025-01-02
0
Anair de souza
estou gostando muito
2024-10-12
0