Capitulo 4

Permaneço aqui, imóvel, dentro do carro. Já fazem uns minutos em que ele saiu e me deixou aqui, mas eu não consigo me locomover.

Um turbilhão de coisas vem em minha mente, eu simplesmente não me dei ao luxo de chorar até agora.

Tudo isso eu tenho levado como uma piada. E realmente é, mas me sinto sufocada.

Não consigo me controlar, não consigo respirar.

Meu Deus, nãooo! Um ataque de pânico não irá resolver meus problemas agora.

Quando me dou conta é tarde demais, minha cabeça começa a girar, sinto uma pressão em meus ouvidos e em meu peito.

Começo a chorar loucamente, a gritar, a se debater dentro do carro. Não consigo me controlar, não consigo fazer com que essa merda toda pare.

Meu peito se comprime, tento buscar forças para respirar. Se passam alguns minutos até que percebo que estou recuperando meus sentidos e conseguindo, devagar, respirar novamente.

Acredito que já fazem mais de trinta minutos em que eu estou aqui, espero que ele não perceba e venha atrás de mim nessas condições deploráveis.

Mas quando eu percebo é tarde demais.

- MADSON!? Ele grita me olhando do lado de fora do carro\, apoiando sua mão sobre o vidro.

Percebo que, pelos seus olhos arregalados em mim, ele deve estar assustado.

Não o julgo, minhas condições devem ser deploráveis mesmo. Acabei com o resto de integridade que me restava desse dia.

- MAADSON\, abra já essa porta! Ele grita ainda forte olhando para mim e em seguida espalmei-a o vidro do carro.

Percebo que ao me debater enquanto sofria o ataque de pânico acabei travando as portas.

Abaixo a cabeça e penso na humilhação que está sendo para mim este dia. Vou ser obrigada a destravar essa porta e sair do carro, com ele me vendo nessas condições.

Mantenho minha cabeça abaixada  e sutilmente com meu braço direito eu destravo a porta do carro. Ele imediatamente abre a porta do carro. Sinto a brisa do ar fresco entrar pela porta, mas não sou capaz ainda de me mover.

- O que está acontecendo aqui\, Madson. Você poderia me explicar? Faz quarenta minutos que estou te esperando. Diz ele ainda nervoso.

Meu corpo ainda está um pouco trêmulo, minha cabeça segue abaixada e meus braços estão cruzados sobre minhas pernas. Eu não teria coragem de olhar pra ele agora, ou sequer tentar entrar em outra briga.

Estou sem energia e sem condições disso.

- Alex\, por favor\, eu te peço. Me dê apenas mais dez minutos...minha voz sai fraca e trêmula.

Antes mesmo que pudesse me mover, ele me puxa pelo banco e me pega em seus braços, me ajeitando e me segurando em seu colo.

Mais o que diabos está acontecendo aqui?

Meu Deus, ele está me carregando no colo, é isso?

Acho que vou sofrer outro ataque, a qualquer momento!

Eu não consigo evitar em erguer minha cabeça, que está pairando sobre seu peito levemente e olhar para ele.

Ele está olhando para frente, franzindo suas sobrancelhas, maxilar contraído de sempre. Ele dá passos largos e rápidos, parecendo não haver nenhuma dificuldade ou esforço em estar me conduzindo em seu colo. Antes mesmo que pudesse falar qualquer outra coisa, ele fala, como se estivesse lendo meus pensamentos e me impedindo de falar.

- Já vi que vou ter muito trabalho com você!

Um ano.

Até lá, você vai me enlouquecer, princesa! Ele fala num tom ríspido, mas, enquanto o olho por baixo de seus ombros, percebo seu sutil sorriso com o canto esquerdo dos lábios.

Por Deus!! Esse maldito sorriso me irrita mais-que-tudo!!

- Me largaaa! Me esperneio em seu colo.

Quando foi que te mandei fazer uma coisa dessas? Me coloque no chão agora! Exijo a ele.

- Fique quieta por alguns segundos pelo menos!! Já estamos quase chegando. Ele resmunga.

Com a força em que ele me agarra em seus braços, sou obrigada a me calar e esperar até chegarmos.

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