Promessa de Perdão

O sol começava a se pôr sobre a pequena cidade à beira-mar quando Samira se encontrou diante da imponente mansão de João Paulo Regente. O vento salgado sussurrava segredos enquanto ela se aproximava da entrada, sentindo o peso de sua nova realidade.

O destino a trouxera até aqui, uma jornada dolorosa e impensável que começara quando sua mãe, Maria, a vendera a esse homem rico e misterioso em troca de uma promessa de riqueza e segurança. Os olhos de Samira ainda estavam marejados pelas lágrimas que derramara ao se despedir do pai, um homem bom e gentil que a havia criado com amor.

Seu pai, antes de partir, fizera questão de lhe segurar a mão com fraqueza, seus olhos cheios de tristeza e arrependimento. Ele sussurrou com dificuldade: "Prometa-me, minha filha, que você perdoará sua mãe. Ela fez isso por amor, por desespero. Eu não queria isso para você, mas agora é o seu destino."

Samira, com os olhos embaçados pela dor, assentiu. "Eu prometo, pai. Eu vou tentar."

Ele soltou um suspiro aliviado, fechando os olhos e deixando-a com um último beijo na testa antes de partir, deixando-a sozinha com a cruel realidade que se desenrolava diante dela.

Agora, enquanto ela estava prestes a entrar na vida de João Paulo Regente, uma figura enigmática e temida na cidade, Samira se esforçou para lembrar a promessa que fizera ao pai. Ele acreditava que havia amor nas ações de sua mãe, mas ela ainda lutava para compreender como uma mãe poderia entregar sua própria filha nas mãos de um homem como Regente.

A mansão se erguia majestosa diante dela, suas paredes de pedra escura e janelas altas e imponentes. Ela tragou em seco, lembrando-se das histórias sombrias que ouvira sobre o homem que agora seria seu "dono". As palavras de seu pai ecoaram em sua mente, lembrando-a da promessa que fizera.

Ao entrar na mansão, Samira foi recebida por um mordomo austero, de cabelos prateados e olhos perspicazes. Ele a conduziu através de corredores elegantes até uma sala de estar luxuosa, onde encontrou João Paulo Regente sentado em uma poltrona de couro, lendo um jornal.

Regente era um homem de meia-idade, com um ar de autoridade e mistério que o rodeava como uma aura. Seus olhos se ergueram quando Samira entrou na sala, avaliando-a com um olhar perspicaz.

"Samira, suponho?", ele perguntou, sua voz profunda e dominadora.

Ela assentiu com nervosismo, sentindo-se diminuída sob seu olhar penetrante. "Sim, senhor."

Ele fechou o jornal e a estudou por um momento, como se estivesse avaliando uma mercadoria recém-adquirida. "Sua mãe me disse que você é uma jovem inteligente e talentosa. Espero que ela esteja certa."

Samira tentou engolir o nó na garganta enquanto a tristeza e a raiva se misturavam dentro dela. Ela nunca escolhera essa vida, mas estava determinada a cumprir a promessa que fizera ao pai. "Eu vou fazer o meu melhor, senhor."

Ele assentiu satisfeito. "Muito bem, então. Você será responsável por auxiliar em tarefas domésticas e servir durante as reuniões da casa. Há regras estritas aqui, Samira, e você deve segui-las."

A jovem assentiu novamente, resignada ao seu destino. Ela começou a perceber que, se quisesse sobreviver nesse ambiente cruel, teria que ser forte e resiliente, assim como seu pai a ensinara.

À medida que os dias se transformaram em semanas, Samira mergulhou na rotina da mansão Regente. Ela aprendeu a lidar com o mordomo rigoroso e a se movimentar pelos corredores silenciosos. Mas, mesmo enquanto executava suas tarefas com diligência, ela não conseguia deixar de sentir a falta de sua antiga vida e a tristeza pela decisão de sua mãe.

No entanto, à noite, quando estava sozinha em seu pequeno quarto, as lágrimas silenciosas fluíam, e ela se lembrava da promessa que fizera ao pai. "Eu vou perdoar minha mãe", sussurrou para si mesma, sabendo que esse era o único caminho para encontrar paz em meio ao caos de sua nova vida.

Assim, Samira começou a jornada dolorosa de perdão, procurando entender os motivos que levaram sua mãe a tomar uma decisão tão desesperada. E enquanto a vida com João Paulo Regente continuava a desenrolar-se, ela estava determinada a encontrar um lugar para si mesma, apesar das sombras do passado que a assombravam

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