Novos ares

Anne

Liguei para o hospital a procura do diretor e expliquei parcialmente a situação, sem deixar transparecer o que se passou e dor que estava sentindo... Ele entendeu que eu queria urgência em relação as férias, mas demoraria pelo menos uma semana para que eu pudesse se afastar. Era o tempo que eu precisava para colocar tudo em ordem e embarcar.

O diretor afirmou que eu deveria trabalhar normalmente, insisti que não estava em condições e pedi para ficar em casa. Ele, no começo não gostou nada, mas concordou no final e afirmou que descontaria nos dias de férias...não tive outra opção a não ser aceitar.

Em casa me vi sozinha, a solidão me faz pensar em tudo que havia acontecido e, mais uma vez, desabei.

A campainha toca e eu vou atender sem ânimo

Júlia: Oi Anne, vim ver como está... passei mais cedo, mas acho que estava dormindo.

Anne: Júlia, eu... bom, eu estou tentando entender tudo que está acontecendo. Não fazia ideia de que meu relacionamento estava tão mal e que eu não fui suficiente para o Pedro.

Júlia: Para já com isso. Você é maravilhosa. Não podemos prever o que se passa no coração das pessoas. Ele se apaixonou por outra, acredito que se ele pudesse mandar no coração, ele estaria com você agora. Não podemos mandar no coração, minha querida, mas essa tristeza que está sentindo vai passar, você vai conhecer alguém que irá te amar e trazer alegrias para os seus dias... Vai fazer você suspirar pelos cantos e rir sem motivos. Vai ver só.

Anne: Não acredito mais nessas coisas, Júlia, mas agradeço a força que está me dando. Ainda não tive coragem de falar com as meninas...

Júlia: Elas viriam correndo pra cá.

Anne: Por isso mesmo. Não quero estragar o fim de semana delas.

Júlia: E você já comeu alguma coisa?

Anne: Não desce nada... não consigo nem pensar em comer.

Júlia: Mas precisa comer. Vou buscar uma comidinha para você. É só esquentar. Já volto.

Júlia sai e Anne começa a se perguntar se realmente amava o Pedro, pois não se lembra de sentir por ele essas coisas que a Júlia falou.... seu relacionamento era bom, mas será que era somente comodismo?

Júlia volta trazendo comida e me convida para um bar que abriu recentemente, dizendo que eu precisava melhorar o meu astral. O filho de Julia ficaria com o pai, já que era fim de semana. Eles tiveram o filho, mas não eram um casal. Foi um “acidente” como ela dizia. Mas ela amava muito o filho e cuidava muito bem dele.

Não estou com o menor clima para sair de casa. Quero mesmo um pote de sorvete e minhas amigas para assistir um filme de romance. Ela insiste tanto que, mesmo sem ânimo acabo concordando em ir, somente para acompanhar a Júlia.

Tomo um banho, passo um hidratante, coloco um vestido preto, pois estou de luto, faço uma maquiagem básica, arrumo o cabelo o prendendo em um rabo de cavalo, coloco um colar simples, um par de brincos e um conjunto de anéis e por fim um sapato tipo scarpin preto. Alguns minutos se passam e Júlia chega, vestida um vestido cor gelo com um cinto perolado justo marcando suas curvas e manga longa. A maquiagem estava perfeita e o cabelo também. Nos pés ela calçava uma sandália Anabela com tiras delicadas na cor caramelo. Seguimos

rumo ao bar em um táxi. Não me controlei e bebi além da minha capacidade e liguei para o meu agora ex....

Quem atende é a atual e me deixa arrasada.... eu desligo assim que ouço a voz da moça do outro lado e juro nunca mais quero vê-lo, ouvi-lo ou saber notícias dele. Eu conto para Júlia sobre a viagem.

Júlia: você vai a passeio ou pra morar?

Anne: Não sei ainda, meu pai quer que eu fique por lá com ele.

Júlia: E você, o que quer fazer?

Anne: Ainda não sei... acho que é preciso ares novos para colocar a cabeça em ordem. Mas não decidi o que farei.

Conversamos mais um pouco, ela bebe mais umas cervejas e por volta das 23h vamos para casa. Na verdade, eu vou, pois Júlia só me deixa na porta do Apartamento e retorna para encontrar um gatinho com quem estava saindo.