Capítulo 08

Enrico

Provocar um novo inimigo quando já estamos tão cheios de problemas significa mais dificuldades a vista, o Don ficou furioso, mas a antecipação do casamento foi inevitável, Luísa ficaria muito exposta e eu não teria uma noiva a tempo para acalmar o conselho de “ancião” que não aceitou muito bem a decisão do meu avô, mas eu sou um dos herdeiros eles não têm como rebater isso.

Confesso senti uma onda de raiva tomar conta do meu corpo quando vi uma mulher que deveria ser só minha beijando outro homem, quando eu vi Luísa na boate encarando o camarote em busca de algo que indique que mais alguém estava vendo a cena que para mim em nova Iorque é bem trivial, nem por um segundo cogitei que ela poderia ter reagido da forma que reagiu.

Ela me enfrentar e dizer abertamente que não aceitaria traições me fez admirá-la, algo tão incomum para a máfia, principalmente aqui, uma mulher nunca deve enfrentar um homem, somente obedecê-lo. Eu gostei de ver que ao meu lado governará uma mulher forte e decidida, que saiba se impor, claro que odiei o fato de ela ter beijado outro homem, principalmente um inimigo, mas eu sei que ela não fez sabendo quem ele era.

— E como você agiria nessa situação? – Santiago um dos capos que vão responder a mim a partir de amanhã pergunta com ódio depois de eu dizer que ele não deveria ter matado os infiltrados que descobriu no meio do seu pessoal.

– Nossos inimigos não são chamados de ratazanas atoa Capo Santiago – digo debochado enquanto brinco com a minha caneta, maldita hora que ele pediu uma reunião antes do casamento – Eles são apenas ratazanas, para pegarmos e matá-los devemos fazer armadilhas, se eles queriam informações você daria a eles e deixariam com que caíssem na própria ratoeira, pense comigo, se você disser que em palermo tem açúcar, para onde você acha que as formigas vão?

— Já falei para parar de ser apressado Santiago – o meu avô ratifica o que eu disse – Você é um dos nossos maiores capos, mas sempre se deixa levar pelo sangue quente.

Continuamos em uma conversa corriqueira, conheço mais um pouco sobre os negócios e pouco a pouco me cientifico de como tudo funciona por aqui, tenho o desprazer de ter ao meu lado, Andrea, pelo que eu soube ele agora é noivo de Francesca, mas era o possível candidato a noivo de minha futura esposa.

Por falar nisso por mais que eu tente adiar o máximo possível prolongando essa reunião chata no meu mais novo escritório a hora do casamento chega, eu tenho que trocar a minha jaqueta por um smoking, sorrio com a ironia quando vejo que fiquei parecido com o meu irmão mais velho e ele ainda nem casou com a mulher da sua vida, e eu aqui nem queria casar e já estou arrumado, faltando apenas meia hora para o inicio de um casamento em que ambos tem sangue forte, boa coisa pode não sair disso.

enquanto encaro o meu reflexo no espelho penso na minha família, por mais que eu esteja ciente de que se pudesse eles estariam ao meu lado não deixo de sentir a falta deles, conversei muito com o meu irmão e disse que ele podia ficar despreocupado que eu daria conta, ele não se preparou para um casamento tão repentino, de fato ninguém se preparou.

– Você está impecável Enrico– meu avô diz e eu me viro para encará-lo – sei que nunca se preparou para isso, mas acredite, as melhores coisas da vida são as inesperadas.

Eu sorrio da sua analogia, o meu avô apesar de ser um dos homens mais fortes da máfia que eu já ouvir falar acredita no amor, deve ser porque ele conheceu o amor, infelizmente o filho conheceu a gana, se deixou levar pelo poder, dinheiro e mulheres.

– O senhor acha seguro o meu sogro ser o meu conselheiro? – Brinco para aliviar a tensão ele gargalha

– Totalmente seguro, só não confie quando ele te mandar pular com tubarões – brinca e eu gargalho – você sabe que a sua vó tinha sonhos, ela costumava dizer que todos os sonhos delas se realizariam um dia, muitos deles já vi acontecer filho, e mesmo se não acontecesse comigo em vida eu morreria acreditando na palavra dela– diz sorrindo de modo nostálgico – eu fui atras de vocês quando na noite anterior eu sonhei com ela, eu não me importaria em morrer pela máfia, já estava conformado que alguém do conselho queria tomar o meu lugar, ser Don é um dos cargos mais importantes, mas também se você não tiver o controle ele te deixará sem o que importa ou te matará lentamente, eu não queria que vocês tivessem esse poder, não porque eu não acredito no potencial de vocês, mas porque eu queria que vocês tivessem uma família daquelas mais normal possível daquelas que a gente vira diabético só de olhar – ele diz fazendo cara de nojo – mas a sua vó apareceu em meu sonho e disse que havia chegado a hora de você reinar, você nasceu para ser Don meu neto, lute por você e pela família linda que você vai construir, assim como o seu irmão tem a dele, chegou a sua hora.

Ele diz tirando o anel que passa de geração em geração, de Don para Don, ele pegou em minha mão e colocou em meu dedo anelar o objeto cravejados em diamante azuis sorrio quando vejo o S em diamante negro, ele coloca o anel simbolizando que o meu casamento com a minha esposa e com a máfia já está feita, eu sou o Don, não tenho mais como voltar atrás, meu avô não diz nada, não precisa ele acabou de depositar toda a confiança em mim, assim como milhares de vida, ele apenas beija a minha testa e se afasta saindo em seguida do quarto após dar uns tapas em minhas costas.

Encaro o anel em minha mão e uma sensação muito grande toma conta do meu corpo, sinto as minhas forças renovadas, sinto o poder dos Santoro se infiltrando em meu ser, o meu avô tem razão, farei o que for preciso para manter todos unidos, para manter a minha família bem e principalmente para manter a minha esposa feliz ao meu lado.