16 Noite difícil

A noite é alegre e divertida, eles dão toda a atenção para Lucca até o pequeno mamar mais uma vez e cair no sono, Mia o coloca no berço dá um beijinho em sua testa e admira o filho, seu coração se contrai de amor, mesmo ficando grávida de uma forma estúpida, nem por um instante quis impedir o nascimento do filho que é sua razão de viver, foi nele que encontrou forças para continuar e agora fará de tudo para que seu pequeno seja feliz, como já está fazendo.

Para Mia não é fácil ficar perto de Ettore, depois de ter fugido daquela maldita casa nunca se aproximou de qualquer homem, para ter seu bebê precisou encontrar uma médica, só de pensar em um homem a tocando seu corpo tremia, só de pensar naquela noite sente nojo, não consegue entender como um homem é capaz de fazer aquilo, mesmo sabendo que não tinha escapatória, ela jamais imaginou que seria na surdina e literalmente a força perderia sua pureza, até hoje lágrimas rolam com as lembranças, sua sorte foi ter Rita se não até o filho perderia para os crápulas, os pensamentos invadem sua mente e ela deita sentindo todo o cansaço.

Ettore apenas observa o carinho de Mia com o filho, suas ações e ela fica parada de frente ao berço quieta, percebe ela tremer e ir pra cama, certamente algo a incomoda, em minutos ouve a respiração pesada e se aproxima puxando o cobertor sobre ela, vai até o berço e faz carinho em Lucca que dorme como um anjinho, ele sorri e sai fechando a porta.

Em seu quarto Ettore pensa no que deixa Mia assim, tão tensa e com medo, o que havia mais em seu passado? O que o pai de Lucca fez? De onde ela veio? Tudo parece um grande mistério quando se trada dela, pelo menos agora pode ficar tranquila, pois ninguém ousaria se aproximar da esposa de Ettore Greco, muito menos de Lucca que para todos é seu filho, talvez o futuro incerto a deixasse assim, precisam conversar, essa viagem faria bem aos dois e a esse casamento, os pensamentos se vão e ele finalmente dorme.

No meio da madrugada Ettore ouve um chorinho, se vira e o choro continua, ele levanta e vai até o quarto de Mia, bate na porta e nada, Lucca continua chorando e ele entra já indo até o berço e pegando o pequeno, ele faz um carinho e balança mas o choro continua, vê que a fralda está pesada e leva pro seu quarto, pega tudo o que precisa e com dificuldade consegue trocá-lo, minutos depois novamente choro e Ettore suspira.

— Shhh fica calmo pequeno, vamos chamar sua mamma. — Ettore fala carinhoso e quando entra no quarto vê Mia se contorcendo na cama e resmungando algo.

— Nãao, me sol... nãao.

Ettore fica preocupado, parecia um pesadelo, ele se aproxima e sente algo estranho, sua mente fica confusa e quando ela fala de novo tenta acordá-la e quase leva um tapa, por sorte foi rápido, ela acorda e se encolhe na cama.

— Mia? Sou eu Ettore.

Ela continua em silêncio de olhos fechados e ele vê algumas lágrimas rolarem em seu rosto, ele tenta mais uma vez se aproximar mas ela se encolhe mais.

— O Lucca quer a mamma. — Ele fala baixo e Mia o olha.

Mia acorda assustada, acaba de ter um pesadelo daquela noite horrível, sua mente ainda está confusa, quando finalmente volta a si, vê Ettore com Lucca nos braços e respira fundo pegando o filho.

— Vem na mamma filho, eu te amo muito — Mia fala chorosa beijando o filho.

Ettore sente o coração derreter com a cena, se afasta observando ela amamentar o filho e sorri ao ver que está mais calma.

Mia fica um bom tempo abraçada ao filho, o pesadelo foi tão real que agora só quer seu menininho nos braços, Lucca parece um anjinho dormindo e ela o leva até o berço, vai pra sacada e se encolhe na poltrona, não quer dormir pois teme outro pesadelo.

Ettore observa calado e depois se aproxima, lágrimas silênciosas banham seu rosto e ele fica preocupado, segura em sua mão e percebe o olhar de espanto dela.

— Não deixa me acharem, per favore. — Ela suplica e Ettore assusta.

— Shh fique calma, ninguém vai te fazer mal Mia. — Ettore aos poucos a acalma.

Depois de algum tempo sente que ela está tremendo e a carrega para a cama, puxa o cobertor e vai buscar um remédio pois Mia está febril.

— Não tenha medo, só descanse. — Ettore fala e sai do quarto.

Mia olha triste, fica com o olhar fixo em Lucca e lutando contra o sono, quando Ettore volta ela sente um alívio, toma o remédio que ele oferece e puxa sua mão.

— Não me deixa aqui sozinha. — Sua voz sai embargada.

— Eu não vou a lugar algum, durma, estarei aqui quando acordar. — Ettore sorri e acaricia seu rosto.

Mia sente o carinho e em segundos seus olhos fecham e acaba adormecendo, Ettore sente uma dor em seu peito de vê-la assim, ela parecia apavorada, sentiu o medo em seus olhos, na sua voz, respirando fundo ele dá a volta e senta do outro lado da cama a observando, mesmo sendo de madrugada envia mensagem para o investigador e finalmente dorme.

Algumas horas depois Ettore acorda ouvindo os resmungos e olha pro lado, de novo Mia está se contorcendo e implorando por algo que ele não entende, a voz de súplica o deixa desnorteado, é como se já tivesse visto aquilo, sua mente fica confusa mas o grito dela o desperta e imediatamente a puxa num abraço.

— Shhh, fique calma, sou eu Ettore, shhh, já passou. — Ettore vai falando carinhosamente e ela continua se debatendo.

Mia acorda em pânico e sente braços fortes lhe envolvendo, o medo aumenta e ela começa a debater, depois de um tempo ouvindo a voz suave que enfim se acalma e percebe que é Ettore preocupado tentando acalmá-la, aos poucos se afasta e tenta limpar as lágrimas, se encolhe debaixo do cobertor e por mais que não queira acaba adormecendo.

Ettore fica preocupado, isso não é normal, com certeza aconteceu algo muito grave com ela pra ter tanto medo assim, só de imaginar o que possa ser sente um calafrio, olha no relógio e são 5h, pensa em correr mas não quer e nem pode deixá-la sozinha, decide tomar uma ducha e trabalhar.

Por volta das 7h Lucca acorda choramingando e Ettore prepara o banho, deixa ele bem cheirosinho, Mia está dormindo tranquila e ele desce para a cozinha, pede um café da manhã reforçado e quando volta fica tenso.

Mia acorda e olha em volta o pavor toma conta, teve outro pesadelo e dessa vez roubavam seu filho, ela não encontra Lucca no berço, vai até o banheiro e volta, seu coração acelera, o corpo treme e ela não vê mais nada.

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