| Constrangimento

Acordo no dia seguinte com a certeza de muito trabalho eu vou ter hoje.

Depois da mega festança sobra o serviço. Me levanto tomo um banho e como sempre prendo os cabelos e coloco o uniforme. vou até a cozinha onde Olivia ja me recebe com um sorriso.

— Bom dia garota... conseguiu descansar?

— Bom dia Olivia! Renovada para mais um dia...

— Você foi muito bem ontem... Vai receber uma bonificação com o salário.

— Obrigada Olivia!

— Olha, você pode sair de folga na terça.

— Obrigada Olivia... Mas eu nem tenho aonde ir...

— Vá visitar os seus amigos... chegou ja tem um tempo e nunca pegou nenhuma folga.

— Obrigada pela preocupação... Mas aqui eu só conheço você e Clemency...

— Tudo bem garota... Termine o café e comece pelo escritório.

Depois de tomar o café eu pego o carrinho de limpeza e sigo para o Escritório. Limpo como sempre faço. Sem ousar tirar nada do lugar.

Sem querer acabo esbarrando numa bolinha que tinha em cima de uma estatueta. A bolinha rola e tento pegar antes de cair, mas fracasso. Ela cai em baixo da mesa.

Afasto as cadeiras e me coloco de quatro e começo a caçada procurando a bendita bolinha. O tapete praticamente da cor da bolinha não me ajuda. E quando mais fundo coloco a mão em baixo da mesa mais eu me empino.

Até que eu ouço um " Run run" pigarreado.

Com o susto de ter sito pega naquela situação bato a cabeça na mesa.

Fico de joelhos e olho para a porta.

— Puta que pariu! O que está fazendo aqui?!

Eu jurava que tinha dito isso apenas na minha cabeça. Sim, mas alem do constrangimento de estar de quatro procurando uma mini bolinha e sem seguida bater a cabeça eu vejo o todo poderoso Henrry na minha frente sem camisa. Apenas com uma calça moletom, cabelos desgrenhados e barba por fazer.

— Eu moro aqui.

Diz ele se aproximando e estendendo a mão para mim. O seu olhar é intimidador. A sua voz sai num tom grave delicioso de ouvir.

— Garota do café.

— Me desculpe senhor,

Abaixo os olhos evitando mais constrangimentos.

— eu só estava pegando uma bolinha que caiu.

— A sua cabeça está sangrando.

Ele ignora minha fala e leva a mão até a minha cabeça. E droga ele esta perto demais. O meu rosto deve estar vermelho. Eu desvencilho-me do toque dele dando um passo para trás.

— Me desculpe... eu vou terminar de arrumar e saio senhor.

Ele fica ali me olhando e após achar a maldita bolinha eu encerro o meu trabalho saindo de lá as pressas.

Vou para a cozinha, Olivia vê a minha agitação e a minha cabeça sangrando.

— O que aconteceu garota?

— Um pequeno acidente com a mesa do escritório.

— Meu Deus...

— Não é nada. Estou bem.

— Precisamos ver isso.

— Traga uma caixa de primeiros socorros Olivia.

A voz grave e firme de Henrry enche toda cozinha.

— Sim Senhor. - Olivia vai até a área de serviço e volta com um caixa de primeiros socorros.

Henrry: Sente-se aqui garota do café.

— É Liz. Meu nome é Liz.

Falo me sentando.

— Certo garota do café.

Mas que petulante ele é. Ele se aproxima e inspeciona o corte

— É... você vai sobreviver.

Ele diz de maneira leve. E limpa o local com álcool

—É o que eu sou. Ai!

Eu reclamo quando o álcool entra em contato com o ferimento. Ele coloca um curativo e olha para mim.

— Pronta para outra. De nada.

Ele sorri.

— Obrigada senhor Toffel.

Ele apenas sai. Sem virar. Tão diferente. parece uma incógnita.

— Garota se precisar tire a tarde livre.

— Mas o que? Nem pensar... Isso aqui é um arranhão perto do que já enfrentei...

Droga falei demais de novo. Mudo de assunto rapidamente.

— Eu vou limpar os banheiros.

E antes que ela pudesse dizer algo eu saio.

Termino o dia com tudo feito. Já tinha mentalizado a minha rotina. Torcendo para não cruzar o caminho do cara do café novamente.

Vou até o meu quarto, tomo banho e durmo.

Henrry narrando

Depois do sucesso da festa ontem eu decido ficar parte do dia em casa. Levanto faço as minhas higienes e desço para tomar café.

Olivia me serve e depois eu sigo para o Escritório que é quase o meu lugar favorito em casa.

E ao entrar me deparo com uma cena um tanto provocante e inesperada.

Uma mulher de quatro no chão apalpando algo no tapete. Eu fico ali alguns segundos e então pigarreio para que ela note minha presença.

Ela se assusta e bate a cabeça na mesa. E de modo espontâneo praticamente grita.

— Puta que pariu! O que esta fazendo aqui?!

Acho engraçado. Será que eu fico tanto tempo fora que nem os meus funcionários me conhecem?

—Eu moro aqui.

Estendendo a mão para ela. E quando os nossos olhares se encontram eu não posso acreditar. É a garota do café. De novo. E na minha casa.

Ela se desculpa. Mas pelo que? Ah se ela soubesse que a imagem dela de quatro vai demorar de sair da minha cabeça, assim como os seus olhos que parecem esconder tristeza, e a sua postura de sempre estar na defensiva.

Ela sai e eu fico ali. Não resisto e algum tempo depois vou até a cozinha. Estou ultrapassando algum limite? Não sei, e nem quero saber.

Mando Olivia pegar uma caixa de primeiros socorros. Aproveito o momento para olhar mais aquele rosto angelical.

" Liz, meu nome é Liz" Por que eu sinto como se já soubesse quem ela é?

Garota do café. Eu digo novamente. Apenas para ve-la irritada. Termino o curativo e saio.

Volto para o Escritório. Ando pela casa torcendo em topar com ela novamente. O que não acontece. E isso me frustra.

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