| Encurralada

Quatro meses depois

A cada dia meu estado emocional se torna crítico.

Acordo muitas vezes com Edward me olhando de madrugada, descobri isso enquanto fingia estar dormindo, ele abriu a porta, ele tem uma chave reserva. Certa vez eu cheguei do estágio e ele estava cheirando minha blusa.

Ele me persegue dentro de casa quando minha tia não esta. E ainda me diz: Ela jamais vai acreditar em você. Para onde você iria? Você não tem mais ninguém. Ele se aproveitava da minha dor para me fazer medo.

Ele fazia pressão psicólogica comigo me lembrando da minha condição: uma pobre fod*ida, sozinha no mundo, sem pais, ou irmãos. Me sentia um lixo todas as vezes que ele me lembrava o quão miserável eu era aos seus olhos. Alguém que estava de favor no teto dele.

E para onde eu iria? O estágio mal pagaria um aluguel.

Todos tinham notado a minha mudança, estava mais magra, ansiosa, e com olheiras. Era um pesadelo chegar em casa antes da minha tia. Ele sempre estava lá, e nos últimos dias ele estava cada vez mais atrevido. Ja o peguei espiando pela porta do banheiro. Mexendo nas minhas gavetas de roupas intimas. E toda vez que eu tento falar com minha tia ele me olha com um sorriso demoníaco. E suas palavras martelam na minha cabeça: Ela jamais acreditaria em você, eu mataria ela se contasse algo.

Para piorar, a minha tia as vezes tem dormido no serviço. A demanda dela como camareira aumentou muito. Me trancava no quarto e por vezes nem dormir eu consiguia, vendo a maçaneta girar. Certa manhã ele saiu do seu quarto apenas de cueca. Eu corri para o meu quarto e me tranquei.

Sentia nojo naquela situação. Ele havia entrado na minha cabeça aleijando meu psicológico. Meu pavor o divertia. Eu podia ver nos seus olhos. Na mesa minha tia conversa tranquilamente com ele sem saber que aquele desgraçado estava me torturando.

Muitas vezes ele fazia questão que eu ouvisse eles trepando. Seus gemidos altos me agoniavam. Eu colocava o traveseiro no meu ouvido para abafar aquele som,e tinha que fingir demência no dia seguinte.

Ao chegar do Estágio, a mesa estava pronta. Minha tia cantarolava enquanto colocava as travessas na mesa.

— Liz! Vá lavar as mãos e venha jantar.

— Oi tia! Esta alegre hoje... Já venho.

Na mesa de jantar eles sorriam, enquanto eu brincava com o garfo no prato.

— Liz... quase não comeu nada... O que houve?

— Estou um pouco sem fome tia...

— Você esta abatida nos últimos dias... Brigou com algum namoradinho?

Edward se ajeitou na cadeira. Olhando com raiva para mim. Ele estava obcecado, eu via em seus olhos.

— Não tia... apenas preocupação com as provas chegando...

Falei tentando cortar o assunto. E como em um passe de mágica ele coloca a máscara de boa pessoa.

— Vai se sair bem... Você é esforçada.

Depois do jantar eu lavo a louça e vou me deitar. Quando o meu despertador toca no dia seguinte eu me levanto e vou ao banheiro. A esse horário a minha tia ja saiu, ja que ela chegou mais cedo ontem. Faço minhas higienes e saio do banheiro. Edward me pegou pelos pulsos e me jogou na cama.

— O que esta fazendo? Pare!

Gritei assustada.

— Sua putinha, se eu souber que tem algum macho na sua vida... Eu mato você e coloco a culpa nele. Nenhum homem vai tirar o que é meu... Eu sei que você é virgem... Eu quero ser o primeiro a comer essa delicinha ai... que eu ja vi pelas frestas da porta... Quando estou fod*endo sua tia, é nela que eu penso...

Eu chorava compulsivamente. Até então ele nunca tinha feito tal coisa. Ele segurava meus pulsos enquanto estava em cima de mim. Ele passava a língua pelo meu pescoço. Tudo que eu sentia era repulsa. Chorava sem parar. Ele desce mão até meu seio.

— Por favor... pare... pare...

— O Recado esta dado.

Ele segura o meu queixo dando um beijo na minha bochecha.

Eu limpo tantas vezes que fica vermelho o meu rosto. Me arrumo e saio correndo daquele lugar. Entro na faculdade com os olhos inchados de tanto chorar.

Clara e Luna vem ao meu encontro.

— O que aconteceu Liz?

Eu apenas me jogo no braço dela e começo a chorar, Luna faz carinho nas minhas costas.

— Esta tudo tão difícil.

Foi a única coisa que disse e poderia dizer... Até na faculdade eu ja tinha visto Edward. O medo estava me corroendo, eu ja havia tentado falar mas simplesmente travava.

— Ei, conte para gente... o que esta acontecendo? Você está diferente demais.

O sinal toca. Eu saio do abraço da Clara e enxugo o rosto.

— Falamos depois... vamos... não podemos nos atrasar.

Entro na sala. Com o coração pesado. Parece que o professor está falando grego. Eu só pensava no medo que senti essa manhã. Eu precjsava sair daquela casa antes que algo acontecesse.

Minha tia jamais acreditaria em mim... Ela vê ele com bons olhos. Ama ele platonicamente. Só ressalta as qualidades. Enquanto eu... preciso me calar diante dos abusos dele. Pois quem eu sou? Sem minha tia uma sem teto, sem meus pais. Mas eu não poderia mais viver assim. Arrumaria minhas coisas e sairia daquela casa o quanto antes. A aula encerra e eu sigo para o estágio que fica próximo a faculdade.

Na volta para casa enrolo... Não quero voltar. Eatou com medo. Estou só... Sinto o meu coração palpitar apenas em pensar voltar.

O que eu faço?

E se a minha tia tiver dormido no serviço?

Retorno para casa. Abro a casa silenciodamente e vou direto para o quarto. Me tranco lá, e me encolho na cama. Hoje será outra noite sem dormir.

Vejo as horas no relógio passando. As três e meia minha maçaneta da porta gira.

Ele cantarola meu nome Liz... Liz... Eu quero o mel da sua flor...

Exausta durmo no pé da cama. Acordo toda dolorida. E antes no meu despertador alarmar, eu ja estou pronta e saio correndo daquela casa. Chego mais cedo na faculdade. E me sento no banco de fora. Até que os professores e demais alunos chegam.

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