Cap-15

Kath

Quando o meu celular toca, e eu vejo que é uma chamada de vídeo da Hailey, meu coração quase sai pela boca. Ela já deve estar sabendo das fofocas correndo pelas revistas e internet, e vai me matar, por mais uma vez, tomar uma decisão precipitada, sem a consultar...

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Atendo a chamada, e para minha surpresa, dou de cara com os dois, Hailey e Brandon.

— Oi pombinhos!

Tento parecer o mais natural possível, enquanto vou arrumando a mesa da sala de jantar.

— Oi kath!— os dois repondem em uníssono, com um certo desapontamento na voz.

— Como vocês estão? Já visitaram toda França?

Abro uma gaveta e tento escolher a toalha mais bonita, ignorando a expressão descontente dos dois.

— A pergunta é, O QUE DEU EM VOCÊ KATH!?— vociferou Hailey.

Com certeza eu estou ferrada, Hailey gritando comigo.

— Calma amiga...

Olho a expressão zangada dela, e o Brandon atrás, com a mão no pescoço, fazendo o clássico gesto de pescoço cortado.

— Calma?!— ela baixa o tom de voz.— Kath, porque ficou noiva em menos de um mês, e nem mesmo me contou? O que está acontecendo?

Eu tento manter a calma, não quero estragar a lua de mel dos meus amigos.

— Vai ser um casamento por contrato... conveniência...— murmurei.

— Desde quando você precisa disso, minha amiga?— a voz soa preocupada e mais suave.

— Desde que a porr@ do meu marido morto, me deixou a máfia italiana como herança! vociferei, perdendo o controle.

Os dois arregalam os olhos, eles mudam a expressão para o pânico, eles sabem bem o que é a máfia.

— Eu sinto muito, Kath...— Hailey diz com olhos baixos.

—  Vamos voltar para Nova York, amanhã!— Brandon exclamou.

— Não, não, não...— repeti várias vezes para dá ênfase.— O Ethan já cuidou de tudo pra mim.— Suspiro com pesar — E além do mais, não adiantaria vocês virem, eu não tenho saída... é me casar ou eles darão um jeito de "sumir"— faço as aspas com o dedo— com a minha vida. É duro admitir, mas o subchefe da máfia, está salvando a minha vida...

Os dois me olham incrédulos.

— Está apaixonada pelo cretino?— Hailey pergunta desconfiada.

— Não!— hesito por alguns instantes.— Ele também assinou um contrato, que pedi para o Ethan fazer... é um casamento de aparências... não vai ser consumado. Vocês me entendem...

— Tá querendo dizer que o homem aceitou casar com você, mesmo sem poder ter relações íntimas?

— Aceitou, mas disse que tem que ser um segredo... A máfia não aceitaria esse contrato...

Nem me dou conta que já estou sentada na mesa, sem fazer nada.

— Kath... O que posso fazer por você?— Hailey pergunta aflita.

— No momento nada... eu quero que continue a lua de mel de vocês, dentro de uma semana, estarei casada, viajando para Itália, para ser apresentada a família de criminosos!— Falei dramática.

— Pelo menos o italiano é bonito...— Hailey tenta amenizar a situação.

Brandon a olha desconfiado.

— Meus amigos, adoraria continuar a conversa, mas vou receber o Vincenzo para jantar, preciso terminar de ajeitar as coisas aqui...

— Está cozinhando?— Brandon pergunta admirado— Uma ótima estratégia para fazer o homem desistir do casamento!

Os dois acabam rindo da piada.

— Engraçadinho! Eu comprei o famoso espaguete flambado no queijo pecorrino, do "Cacio e Pepe".

— Kath, desculpe a minha sinceridade, mas não está parecendo que está casando forçado... já está arrumada né?

Reviro os olhos, afirmando.

— Percebi pela maquiagem ousada, quero ver sua roupa.— ordenou.

—  Não estou precisando dos seus concelhos de moda agora...

— Não vou dar concelhos, quero saber como está se vestindo, para receber seu noivo indesejado.

— A campainha está tocando, Hailey, deve ser meu jantar chegando...— minto, na tentativa de desligar o mais rápido possível.— Até logo amigos!

— Não ouse desligar!— Hailey protesta.

— A gente se fala outro dia amiga, Beijos!

Desligo o celular, antes que ela abrisse a boca novamente.

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Nem morta que eu vou mostrar o vestido azul marinho curto, colado no meu corpo com um decote ousado de alças largas.

Verdade seja dita, me acostumei com a idéia de casar com o Vincenzo, e mesmo sem querer, sempre me pego tentando impressiona-lo. Ou provoca-lo...

Me levanto, e largando o celular, arrumo a mesa de jantar.

Vou até o quarto da minha mãe, e bato de leve na porta.

— Está tudo bem, mãe?— pergunto entrando no quarto.

Ela está toda arrumada, e tenta com dificuldade colocar um sapato no pé.

— Estou bem, querida. Só triste por ter falado que estava namorando...

Me inclino para ajuda-la com o sapato.

— É que foi tudo muito rápido... sabe amor a primeira vista?— me levanto sorrindo.

— Oh, Kath! Minha menina está amando!

Minha mãe me encara com ternura, e acaricia meu rosto.

Me sinto péssima em mentir para ela, mas Claire, jamais aguentaria a verdade, é muito frágil.

— Um italiano bilionário! Estou impressionada, filha!— ela exclama empolgada.

— Pois é mãe... único problema é que nos casaremos na Itália, preciso conhecer a família dele e vamos aproveitar para casar na igreja.

— É uma pena não ter condições de viajar... mas te desejo toda felicidade do mundo, que o seu futuro marido, seja como o seu pai, um homem honrado, gentil, que cuida da sua família.

Meu coração dói no peito, ao ser lembrada do meu pai. Me pergunto o que ele falaria para mim, se estivesse aqui.

—  Obrigada mamãe!— supiro profundamente.— Assim também espero...

A campainha toca, vou atender é o jantar que eu pedi.

Assim que fecho a porta, e coloco a refeição sobre a mesa, recebo a ligação da portaria, me perguntando se permito a entrada de Vincenzo Moretti.

Encaro a porta ansiosa, meu coração acelera sutilmente.

Me pergunto o porquê, de estar dessa maneira.

Quando a campainha toca, tento me mostrar o mais natural possível, mas quando meus olhos encontram os castanhos sedutores, meu coração de bater sutil, vai para um bater de tambores frenéticos.

Como não reagir ao homem vestido casualmente, numa calça de sarja preta, toda modelada pernas grossas, exibindo nos pés um Salvatore Ferragamo. Mas nada é mais vistoso do que o tronco desse homem, numa camisa azul claro, que faz minha imaginação, ganhar vida na montanha de músculos salientes, que o tecido claro da camisa, me dá um sutil vislumbre, do que seria vê-lo despido.

— Não vai me convidar para entrar?— ele me pergunta com um meio sorriso malicioso.

Droga! Ele deve estar exaltado, pela admiração que eu não fui capaz esconder.

— Claro... desculpe...— abro o restante da porta, dando passagem para ele.— Entre Vincenzo.

O que foi que deu em mim?

Ele entra, com seu ar prepotente, e segura minha mão e deposita um beijo.

Já ia protestar, mas minha mãe chega no ambiente, temos que manter as aparências.

Puxo a minha mão da dele, não confio mais no meu corpo, não confio em mim, perto desse homem.

— Essa é a minha mãe, Claire Dempsey.— aponto para a mulher de aparência frágil e meiga.— Mãe, esse é o meu noivo, Vincenzo Moretti.

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