Cap-11 Contrato Assinado

Vincenzo

A assistente Emma Miller, me encaminha mais uma vez, até o escritório da Katherine.

Assim que a porta é aberta, meus olhos vão de encontro com um homem, que parece querer me fuzilar.

— Senhor Moretti, meu advogado, Ethan Ballard.—Katherine apresenta com voz suave, saindo de trás da figura masculina, exibindo seu corpo gracioso.

Meus olhos encaram os azuis claros, ela está calma, com uma certa frieza nos olhos.

Não evito percorrer meu olhos pelo corpo feminino, ela não é alta, 1,60 no máximo, com seu salto alto, ainda dá no ombro do advogado, que apesar de ser grande, tem alguns centímetros a menos do que eu.

O que ela não tem de altura, lhe sobra em curvas salientes, que estão mais visíveis hoje, num terninho justo que acompanha todo contorno de seu corpo.

— Matteo Moretti, meu representante legal.

O sonso do Matteo só falta babar pela mulher.

— Prazer, senhora Dempsey.

Os dois contornam a mesa e se posicionam na nossa frente.

— Fiquem á vontade, sentem-se.— Katherine aponta para as cadeiras.

— Podemos começar?— o advogado Ballard pergunta se sentando ao lado de Katherine.

— Claro.— respondo sentando frente á eles, ao lado do Matteo.

— Minha cliente tem algumas exigências, para aceitar esse casamento.— ele me entrega o contrato.— ela não quer dividir um quarto, não terão qualquer tipo de envolvimento emocional e físico, como beijos, abraços, e relações sexuais. Minha cliente exige respeito, nada de palavras ofensivas, e violências. Quer ter privacidade, não quer que interfira na maneira que conduz o seu trabalho na transportadora.

— Tudo bem.— respondo entregando o contrato para o Matteo.

— Que tipo de casamento vocês terão?

— Comunhão Universal de Bens.— Matteo responde.

— Não! Parcial de bens.— exigiu o advogado.

— Posso garantir, que as posses de Vincenzo Moretti, são de maior valor do que as da senhora Dempsey, é vantagem para os dois lados.— argumentou Matteo.

O advogado ia protestar, mas Katherine coloca a mão no braço do advogado e o detém, assentindo com o casamento.

Ela me intriga, com sua tranquilidade, não expressa emoção alguma, o contrário do que eu vi ontem.

Isso me incomoda, como vou prever as atitudes dessa mulher, se um dia ela é impulsiva e cheia de expressões, e no outro me esconde tudo que se passa em seu interior. E olha que sou uma pessoa analista, enxergo o comportamento o humano nas mínimos detalhes. Mas hoje, ela está uma perfeita incógnita.

Matteo entrega o contrato da máfia italiana. Tivemos que modificar um pouco, já que a maioria das regras é mais para os homens.

Revendo tudo, não posso deixar um relacionamento aberto, jamais teria o respeito da máfia, eles prezam pelo pudor feminino. Embora as leis não sejam tão rígidas como antigamente, tem certas tradições que temos que manter.

Ela pega o contrato e lê em voz alta, sem hesitar por um só momento.

— "1. Ninguém pode se apresentar diretamente a um dos nossos amigos. Isso deve ser feito por um terceiro.

Nunca olhe para outro homem, além de seu marido.

Nunca seja visto com policiais.

Não vá a bares ou boates, só se acompanhada do marido.

Estar a disposição da máfia é um dever.

Compromisso devem ser honrados.

Os maridos devem ser tratados com respeito, assim como o marido tratará a esposa com respeito.

Quando lhe for solicitada uma informação, a resposta deve ser a verdade.

Não se pode apropriar de dinheiro pertencente a outras famílias ou outros mafiosos.

Deve prezar pela imagem do marido, nunca denegri-lo. Se alguma regra for desrespeitada, ou houver uma traição, seja conjugal ou a confiança da máfia, será julgada pelos membros, e terá uma pena, dependendo da gravidade, até ser condenada a morte."

Ela termina de ler e sem nenhuma cerimônia, pega uma caneta da mesa, para assinar o papel, como se não desse importância ao que leu.

O advogado a olha incrédulo e tenta impedir.

— Kath, tem certeza? Não acha melhor eles assinarem primeiro?

— Sem problema.— falo pegando a caneta.

Matteo me entrega o contrato de Katherine e em sinal afirmativo, me libera para assinar.

Em segundos a minha parte está assinada.

— Kath... pense bem...— O advogado a instiga, a não assinar.

A aproximação dos dois me incomoda, parecem íntimos. O homem está claramente apaixonado pela viúva, mas Katherine está tão fria quanto uma estátua numa noite de inverno.

— Já me decidi, não vejo problemas em seguir essas regras, desde que seja aceita pela máfia.— afirma me olhando séria.

— Não será um problema, as mulheres são bem vindas.— Matteo me chuta por baixo da mesa.— Talvez sofra um preconceito no começo, não é italiana e nem faz parte da família. Mas nada que não possa conquistar com o tempo. Não vai ser a única a sofrer com o preconceito, eu também vou ter que lidar com isso. Mas morando no Estados Unidos, não será uma convivência constante, e se formos parceiros imbatíveis, logo teremos a aprovação de todos.

Ela fica estática, olhando para o nada, até que finalmente segura a caneta e assina o contrato.

Respiro aliviado, um passo de cada vez, agora é só esperar o casamento.

— Gostaria de saber, se posso começar a trabalhar na sua empresa, tenho que lidar com muitos atrasos e vou contratar uns funcionários novos, para trabalhar pra mim.

— Quando quiser, senhor Moretti.— ela responde.

— Vou te pagar o valor de 50% da sua transportadora, não quero ficar em débito com a senhora, assim que a sociedade for oficial.

Ela dá com os ombros.

A mulher está um mistério sem fim.

Pego a caixinha com o anel de noivado que comprei e sem abrir, deixo na mesa dela.

— Matteo, vai entrar com o pedido de casamento, e assim que tiver o dia, aviso a senhora. Essa semana tenho muitos assuntos para resolver, mas a semana que vêm, vou começar o meu trabalho aqui.

— Ótimo! Assim eu preparo um escritório para o senhor.

Se levantando, ela estende a mão, eu hesito, da última vez, foi um choque toca-la. Me levanto em seguida, e deixo a energia correr pelo corpo, só com o aperto de sua mão.

— Vou anunciar o noivado, se não se importar, temos que manter as aparências.— falo segurando a mão mais tempo que o necessário, meu corpo se recusa a se afastar dela.

Ela não se importou, e parece se dar conta da energia que o toque de nossas mãos transmitem mais uma vez, mas dessa vez ela não larga minha mão, se mantém a segurando, sem reação como eu.

Sinto mais de perto, o cheiro doce e incorpado, que incendeia o ambiente deixando um rastro de sensualidade pelo ar.

Ela é perfeita, a pele alva se destaca nos cabelos negros e olhos azuis. A boca carnuda, está num batom vermelho, que só faz ficar mais atrativos.

Uma deusa!

Volto ao mundo real, com ela soltando a minha mão, com a mesma frieza anterior.

Está na hora de me afastar desse mar de tentação.

— Até logo, senhora Dempsey.

— Boa tarde, senhor Moretti.

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