Cap-8 Conflito Interior

Kath

O restante da minha tarde, eu não consegui trabalhar, não conseguia ler, analisar...

Uma reviravolta na minha vida, um turbilhão de sentimentos confusos.

Arrumo as minhas coisas, vou sair mais cedo, não adianta ficar aqui, não vou conseguir pensar em mais nada.

Saio do escritório e dou de cara com o Brian, meu analista de rotas, ele é muito bom, consegue estratégias assertivas para fretes mais rápidos e econômicos. Mas é bem lento.

— Terminei minha análise, dos frestes dos Jones, senhora.— ele diz, me entregando seu trabalho.

— Obrigada Brian, mas entrega para Emma, estou de saída, amanhã eu analiso isso.

Ele assente, e se vira em direção a mesa da Emma.

— Já vai, senhora Dempsey?— Emma pergunta.

— Sim. Chame um táxi pra mim. Coloque a análise de rotas com o contrato, amanhã eu cuido disso.

— Ok!

A caminho da saída, eu vou mexendo no celular, procurando o contato do Ethan, preciso conversar com ele.

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Eu: "Onde está?

Preciso conversar."

Ethan: "No escritório. Poderia vir aqui? Estou resolvendo um problema com um cliente."

Eu: "Tô indo"

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Mal entro no táxi, sinto um calafrio percorrer meu corpo. O arrependimento de ter aceitado o acordo, me vêm com tudo.

O que foi que eu fiz?

Eu procuro na minha mente, algo que me alivie, alguma luz que me livre desse casamento e acima de tudo, me livre da máfia italiana.

Muitas lembranças me perseguem na minha cabeça, em alta velocidade. Será que vou reviver um casamento abusivo e violento, mais uma vez?

Vincenzo, é lindo, me pareceu gentil. Mas o Richard também tinha essas qualidades quando eu o namorava, ele era um encanto me tratava como uma princesa, até o dia da morte do meu pai...

Respiro fundo. Preciso focar na parte positiva, esse casamento é um negócio.

Como todo investimento, ele têm riscos. Mas preciso focar nos benefícios e lucros que terei.

Uma aliança mais profunda na máfia, com certeza vai me conceder muitos lucros, e terei uma maior expansão, podendo abrir mais filiais, além do estado de Nova York. Não tenho como controlar meu lado ambicioso, e de visão do futuro.

Não, não, não!!!

Isso não é certo!

Eles são mafiosos!

Não seguem a lei!

Eu não posso me acostumar com isso, só porque vou ter a chance de crescer mais.

Meu Deus! Eu vou ser esposa de um italiano mafioso, que pelo jeito é um tipo de líder importante na hierarquia da máfia.

Eu poderia muito bem, me livrar de tudo isso, e fugir pelo mundo, desaparecer sem rumo.

Quem sabe as Ilhas Maldivas, na Ásia?

Infelizmente, não sou o tipo de mulher que foge dos problemas, eu os enfrento de frente.

Seria muito mais fácil, vender a tranportadora e viver dos juros do meu dinheiro, teria uma vida de luxo sem preocupação alguma.

Quem sabe não me apaixonaria por alguém?

Penso isso por pensar, mas minha personalidade é forte, meu pai me criou para ser muito mais que uma socialite rica, e a vida que tive, me moldou a ser a mulher implacável que sou hoje.

Não vou fugir!

Eu vou transformar esse casamento forçado, em algo a meu favor.

Como dei a volta por cima da primeira vez, eu vou fazer desse casamento a minha ascensão suprema!

Não perde por esperar Vincenzo Moretti, e companhia ilimitada de subordinados.

Se não posso sair da máfia, vou entrar nela de queixo erguido, vou dar tudo de mim, e mostrar como uma mulher encurralada sabe se sair muito bem!

Essa é a minha nova meta de vida, deixar esses mafiosos aos meus pés. Eles aprenderão comigo, como se faz a coisa toda, crescer e prosperar.

Perdida nos meus pensamentos, nem vejo a hora que o táxi para no prédio, na agitada Time Square.

Me identifico na portaria e vou subindo o elevador lotado.

Nesse ponto do meu dia, já tomei a minha decisão, e não vou lamentar, com o ditado popular na cabeça — "se te derem um limão, faça uma deliciosa limonada"—  eu entro no andar da sociedade de advogados, "Ballard & Walsh", observada pelos olhos curiosos, dos advogados juniores.

A secretária de Ethan me atende.

— Senhora Dempsey, me acompanhe.— andando atrás da loira, ela vai falando.— O senhor Ballard, me pediu para acomoda-la em seu escritório. Ele está no fim de uma reunião com um cliente.

Entro no escritório de Ethan, e ainda sou impressionada com a vista desse lugar, uma sala com enormes janelas de vidro, que dá a visão dos arranhas céus, e todo colorido das propagandas dos prédios. Quando me aproximo da janela, vejo a agitação da avenida lá embaixo, um lugar nada convencional para um escritório de advogacia, já que a fama aqui, é a grande concentração de indústrias de entretenimento.

— Fique á vontade, senhora Dempsey. Aceita um café, ou água?— A loira me pergunta com a mão na maçaneta da porta.

— Aceito água.— só agora me dou conta da boca seca.— obrigada Ava.

Depois de uns minutos, admirando a vista, me sento no sofá de canto do escritório espaçoso, e observo a decoração do lugar. A ausência de muitos itens de decorativos, as cores suaves das paredes, a estante grande e cheia de livros de direitos, como "O Juri"(John Grisham), "O sol é para todos"(Harper Lee), entre outros, expressa exatamente a personalidade, calma, mas firme do Ethan.

Minha mente volta para o acontecimento de hoje, sinto uma vontade imensa de ligar para Hailey, mas ignoro, não vou pertubar minha amiga em lua de mel, num assunto que ela não pode resolver, e nem me ajudar, só a preocuparia.

Começo a maquinar tudo que terei que fazer daqui para frente, preciso anunciar o noivado, tenho que mostrar naturalidade no meu casamento e fingir um amor, que é ausente nesse noivado.

Quero me apavorar novamente, são muitos pontos da vida que tenho que resolver.

Para minha surpresa, Ethan entra no escritório com um copo de água na mão.

Me levanto, ele sorri com a minha presença. Sinto uma pontada de dor no coração, eu sei que ele é apaixonado por mim, mas não tenho esse sentimento.

— Olá Kath!— ele me entrega o copo de água.

— Oi...— respondo apreensiva.

Bebo a água, com o coração apertado no peito. Sei que vou decepciona-lo, pior ainda, quebrar o coração que ainda tem esperanças em me conquistar.

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