Ajuda ao San

Suzy estava sentada no sofá com um livro aberto em seu colo. Ela estava cursando medicina e sempre que podia estudava.

Ela escuta o som da moto parando e logo a buzina soa, a fazendo deixar o livro de lado e levantar para abrir o portão para Juliano.

Não demora muito o portão da garagem abre e Juliano vê Suzy em pé na garagem. Ele entrou com a moto e Suzy fechou o portão. Juliano tirou o capacete e em seguida a capa. Suzy observa quieta, reparando em como ele é bonito e assim que ele termina, ela se aproxima estendendo a mão para Juliano, com um sorriso simpático estampado em seu rosto.

— Oi, sou a Suzy, não nos apresentamos direito ontem à noite.

Juliano se virou a olhando e xingou mentalmente. Suzy é absurdamente linda. Agora a luz do dia, dava para reparar melhor. Ele apertou a mão de Suzy, observando que apesar do frio ela vestia um shortinho e um cropped que deixava amostra sua barriga lisa.

— Oi Suzy. Tudo bom? Ele já acordou?

— Não. Mas vai adorar saber que você chegou, vai lá acordar ele. Vou fazendo almoço para nós.

Suzy entrou e Kaleu saiu na direção de Juliano que abaixou e alisou seus pelos macios.

O cheiro de carne cozida estava por toda a casa. Mesmo tendo tomado café da manhã a pouco tempo Juliano sentiu sua boca salivar com aquele cheiro. Ele caminhou até o quarto de San, mas observou que no outro quarto a cama estava bagunçada e as coisas de Suzy estavam espalhadas pelo cômodo.

 Ao entrar no quarto, Juliano se deparou com San dormindo todo encolhido em sua cama com a coberta até a cabeça. Ele tirou os sapatos deixando no canto perto da porta e deitou na cama tirando a coberta da cabeça de San.

 Observou San dormindo por um tempo e sorriu. San era lindo, seus cabelos castanhos e bagunçados, que demonstravam que precisava urgente de um corte, o rosto estava corado, seus lábios entreabertos e amassados pelo travesseiro.

Ele em pouco tempo sentiu o que jamais havia sentido, ele amava San a ponto de matar por ele se precisasse. Sabia que era pouco tempo para estar sentindo um sentimento tão forte assim, mas estava certo do que sentia.

Ele pousou um beijo no rosto de San, era assim que iria acordá-lo, mas ao fazer isso se assustou. San estava quente demais, ele tocou com a mão em sua testa e pescoço confirmando que o rapaz que dormia estava queimando em febre, o que justificava as bochechas estarem tão coradas. Ele resolve gritar por Suzy.

— Suzy.

— Oi. — Ela aparece na porta, segurando um pano de pratos nas mãos e Juliano senta na cama.

— Tem termômetro? San está queimando em febre.

— Ai meu Deus. Não sei, espera.

Suzy vai até a cozinha e abre o armário onde fica a caixa de primeiros socorros e vê além de medicamentos, o termômetro e mais pinos de cocaína.

— Mas que merda, San, puta que pariu.

Juliano aparece na cozinha querendo saber se havia termômetro ou se ele iria à farmácia buscar e vê Suzy com a caixa na mão xingando San.

— Que foi? Não tem? Eu vou à farmácia buscar.

— Tem, mas é que...

Juliano se aproxima e pega a caixinha das mãos dela, olhando dentro da caixa e vendo a droga, ele então olha para Suzy.

— Isso é pó? — Ele pega os pininhos na mão e olha chateado para o conteúdo em sua mão.

— O que isso faz aqui? Foi ele ou você?

— Eu?? Você está me acusando de drogar o San? Você não me conhece Juliano. Eu jamais faria isso. Eu o ajudei a sair da dessa vida, por favor não me acuse. — Ela o responde brava. — Ele escondeu várias dessas pela casa e NÃO, EU NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO.

Juliano se assusta com a reação de Suzy, mas quando ia se desculpar, ele escuta San tossir no quarto. Ele larga os pinos na pia e pega o termômetro indo até o quarto. Suzy pega os remédios e um copo com água e segue Juliano, ainda furiosa pela acusação injusta.

San vê Juliano entrar no quarto e sorri para ele.

— Você está aqui.

— Sim, estou, vem. — Ele se aproxima ficando à frente de San ao lado da cama. — Deixa eu ver sua temperatura.

Juliano coloca o termômetro na boca de San que o olha sonolento. Assim que o termômetro apita Juliano pega e olha resmungando.

— Quanto?

— Juliano: 39.2

— Nossa, está muito alta, isso é um perigo. Olha, toma esses remédios San. — Ela estende os remédios para ele que senta na cama e toma os dois comprimidos.

— Vou dar um banho nele. Vai ajudar.

Ele se levanta e tira a camiseta não se importando com a Suzy ali no quarto, em seguida tira a meia e a calça. Após ficar apenas de boxer Juliano vê Susy o olhando.

— Pode me ajudar e ligar o chuveiro. — Disse com firmeza.

Juliano senta San na cama sentindo San totalmente mole pela febre e começa a tirar a roupa de San, que começa a resmungar que não quer tomar banho. Juliano o deixa apenas de cueca enquanto Suzy ligava e ajustava o chuveiro deixando a água morna, quase frio no lugar de quente fervendo como San costumava deixar.

— Não, tá frio. Me cobre Ju. — Pediu com a voz manhosa e fraquinha.

— Vem amor, vamos tomar um banho e o frio vai passar.

Juliano leva San para o banheiro e entra no box com ele, a água rapidamente os molha e Suzy observa a cena morrendo de ciúme por San estar ali com Juliano, mas ao mesmo tempo agradece, pelo homem que ama ter alguém que cuide dele e se preocupe. Para ela só importava ver San bem e feliz, por mais que isso a machucasse.

Ela sai, fecha a porta e volta para a cozinha. Liga o fogo novamente e volta a fazer o almoço. Pouco depois escuta Juliano sair do banheiro com San e o levar resmungando para o quarto. Juliano veste San e o deita cobrindo-o apenas até a cintura.

— Não amor, ainda estou com frio.

— Eu sei San, mas deixa a febre abaixar e eu te cubro mais tá bom?

— Tá bom.

— Deita comigo. — Pede baixinho entre a crise de tosse.

— Deito San.

Juliano se enrolou na toalha já sem a cueca e deitou na cama com San que virou o abraçando e fazendo carinho em seu peito.

Suzy chega na porta do quarto com uma forma na mão, a mesma que Juliano havia usado para trazer café da manhã na cama para San. Na forma agora havia um prato com sopa e um copo com água.

— San, trouxe seu almoço.

San se vira olhando Suzy e sorri, em seguida senta na cama e Juliano ajeita os travesseiros nas costas de San e outro na perna para que San apoie a forma de pizza com o prato.

— Obrigado Ma.

— Agradeça se alimentando. Quero você sem febre até as três da tarde. Vamos a uma reunião. E não ouse dizer que não San. Eu achei mais das suas porcarias pela casa.

Suzy sai do quarto visivelmente irritada e San olha envergonhado para Juliano.

— San, o que está acontecendo?

— Nada, ela tá louca.

— San, eu vi os pinos na cozinha. Você mencionou ontem que teve uma recaída, mas pela quantidade de droga que vi agora não parece apenas uma recaída.

San mexe na comida com a colher quieto e envergonhado, sem saber o que dizer.

— Fala comigo San. O que está acontecendo? Quero te ajudar.

Juliano pega no queixo de San e levanta o fazendo olhar para seus olhos tão azuis.

— Eu...é... eu voltei a usar faz um mês. Eu preciso, vocês não entendem, eu estou muito cansado, isso tem me mantido de pé.

— Tem te mantido de pé? San qual é, você sabe onde isso te levou, ou já esqueceu?

San não tinha notado que Suzy havia voltado para o quarto. Juliano olhou Suzy e ela se aproximou sentando na beira da cama.

— Come, você precisa para o seu corpo reagir.

San então começou a comer ainda quieto e com os dois o olhando, ele estava se sentindo desconfortável por estar naquela situação, mas sabia que ele era o culpado disso e não ousaria reclamar.

— Vamos comer também Juliano. Gostaria de falar com você. — Ela disse ainda séria, pois estava brava pela acusação injusta um pouco antes.

— Ok.

Suzy levanta e beija a testa de San que estava um pouco mais fria agora, o que a deixou um pouco mais tranquila.

— Come tudo Neni.

San sorriu quando ela o chamou de Neni. Ele amava o apelido que havia ganhado a dois anos atrás, por causa de Hanna, a filha de Suzy.

Juliano seguiu Suzy até a cozinha e após colocarem a comida em seus pratos eles se sentam comendo em silêncio. Após alguns minutos Suzy quebrou o silêncio após tomar um gole de suco.

— Ju, posso te chamar assim?

— Pode. Mas o que é Ma e Neni?

— Apelidos carinhos entre nós e Hanna, Ma de madrinha e Neni de... eu brigava muito com o San e o nome completo não saia da minha boca, Hanna não conseguia falar e ficou Neni.

—Entendi, bonitinho.

— Ok, Ju, eu já vi isso antes, na verdade já passei por isso, San acha que está no controle, mas isso não existe controle. Eu não posso ficar aqui como da outra vez. Eu tenho minha faculdade e minha filha pra cuidar, mas não consigo ir tranquila deixando-o do jeito que ele está.

— O que eu preciso fazer? Me fala.

— O primeiro de tudo é ter paciência. Você vai entender com os dias. — Ela pousou a colher sobre o prato ainda o olhando. — Segundo ele precisa ir as reuniões e precisa de alguém com ele supervisionando para que ele não use qualquer coisa, um simples cigarro ou uma cerveja.

— Tipo 24 horas?? Isso é impossível, eu não tenho como ficar com ele o tempo todo.

— Calma, eu sei disso. Imagino que tenha uma vida e se conheceram agora, mas o tempo que puder ficar, fique, por favor. Uma pergunta, você o ama?

— Claro que sim. — Respondeu sem nem pensar e se assustou em assumir aquilo em voz alta pela primeira vez.

— Ju, ele está convicto de que tem o controle. Isso significa que ele vai usar mais. Você precisa estar ciente disso e quando isso acontecer você precisa ser firme com ele. Ele fica fora de si. Eu venho para cá aos finais de semana que Hanna estiver com o pai para te ajudar.

— Suzy, tem certeza de que ele tá usando tanto assim que vai perder o controle? Acho que você pode estar exagerando.

— Ju, eu sou uma ex viciada também. Já passei pela mesma coisa que ele. Sei do que estou falando. Vou falar com a psicóloga dele e te passar o número dela. Vai ajudar. — Ela volta a comer e Juliano já sem apetite apenas olha seu prato pensativo.

— Desculpa se te assustei com tudo isso, porém tenho que ser sincera com você e te deixar ciente de que não será nada fácil.

— Tudo bem. Eu só não esperava tudo isso. Ele parece tão de boa.

— Sim. As aparências enganam. Eu vim esse fim e semana porque sabia que tinha alguma coisa errada. Ele não me ligava e não me respondia. Eu sabia que ele tinha voltado a usar.

Juliano respirou fundo e se levantou levando seu prato pra pia e jogando o restinho de comida fora. Ele odiava jogar comida fora, mas tudo aquilo, tinha o deixado sem fome alguma depois da conversa com Suzy. Ele lava o prato e os talheres, os deixa no escorredor de louças, enxuga a mão e vai até o quarto de San que havia comido tudo e deixado a bandeja no chão e agora dormia com Kaleu ao seu lado.

Juliano levou a bandeja pra cozinha e Suzy insistiu que lavaria a louça. Juliano então voltou e deitou com San e ficou mexendo no celular.

As duas da tarde Suzy entra já arrumada no quarto e pede para Juliano acordar San para irem à reunião. Juliano assim o faz e as duas e meia Juliano já vestido e San estava pronto, emburrado entrando no carro. Juliano insistiu em levá-los e Susy indicava o caminho. Não era longe o local da reunião e eles chegaram pontualmente às três da tarde.

— Você não vem? — San pergunta ao ver Juliano sentado no carro enquanto ele e Suzy descem. —  Você pode vir se quiser. — Se sentindo um pouco sem graça.

Juliano pensa um segundo se devia ou não ir. Então ele desce do carro e pega a mão de San, seguindo com os dois para a casa onde seria a reunião.

Suzy

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