Estava tão aflita e agoniada que estava andando de um lado para outro.
Voz masculina: Mãe! - Ele correu até ela e abraçou sem reparar que ela estava dormindo.
Me assustei com a entrada desse homem no quarto e respirei fundo para me recompor.
Alice: Olá, Me chamo Alice Bettencourt. Eu estava com sua mãe quando ela desmaiou.- disse tentando não parecer nervosa.- O médico ainda não voltou para informar nada mas deu uma medicação a ela que a fez dormir.
O rapaz se virou imediamente ao ouvir minha voz e já estava com lágrimas nos olhos.
Homem: Obrigado por ajudar ela. Eu disse que ela precisava ficar em casa e descansar até tudo acabar mas ela não me ouve. Não me ouve.- Disse tentando disfarçar as lágrimas. - Me chamo Arthur. Arthur Wollinger.
Alice: Ela já teve isso? Desculpe me intrometer mas fiquei preocupada. Será que posso aguardar pelo menos até o médico voltar?
Arthur: Claro. - se virando para Luna e a abraçando novamente.
O médico chegou pouco depois e nos informou que ela iria precisar ficar internada para conseguir se recuperar e depois de um tempo fui embora pois ela não iria acordar tão rápido. Voltei para casa e fui tomar um banho e logo em seguida peguei algo na geladeira para comer. Tudo isso me fez lembrar novamente do meu pai. Uma sensação tão ruim tomou conta do meu peito e as lágrimas desceram muito rápido. Se isso acontecer com meu pai não terá ninguém para ajudá-lo. Será que fui muito egoísta? Mas só de pensar naqueles homens me tocando me dava ânsia de vômito. Se com apenas os olhares e falas terríveis que me lançavam eu já sentia um nojo enorme, imagine se me tocassem? Logo o barulho da porta me fez despertar daqueles pensamentos ruins.
Malu: E aí? Como foi o jantar? - disse entrando no apartamento e jogando a chave na mesa.
Alice: Péssimo. Ela passou mal e desmaiou, a levei para o hospital de ambulância e ela precisará ficar internada para se recuperar.
Malu: Aí meu Deus. Que horror. - Ela me abraçou e beliscou um pouco do que eu comia.- Não fique assim. Ela vai se recuperar logo. Ela ficou só?
Alice: Não, jamais deixaria ela. Ela me ajudou num dos piores momentos da minha vida. -suspeirei.- O filho dela chegou então vim pra casa. Arthur Wollinger. Ele disse que ela deveria está em casa até tudo passar. Não quis ser intrometida, perguntei se ela já havia tido isso antes mas ele não me respondeu então não falei mais.
Malu: Arthur Wollinger? Não brinca, a mãe dele que te ajudou?
Alice: Vai dizer quer conhece ela?
Malu: Ele. Arthur estuda na universidade mas faz o tipo metido e pegador. As meninas disputam por uma noite com esse cara. Não sabia que a mãe dele era viva. Na verdade, eu não sei nada sobre ele além disso né. - ela disse dando uma risada fraca.
Alice: Ele falou bem frio comigo. Mas chorou bastante abraçando a mãe.
Malu: Pelo menos ele sente algo de verdade por alguém. Vamos descansar que o dia foi longo.
Alice: Vamos. Antes de irmos pra universidade amanhã, poderia me levar no hospital? Queria ver como ela está.
Malu: Claro.
Lavei a tigela em que eu estava comendo algumas frutas e fui para o quarto tentar descansar. Será que era o Arthur que ela conhece é mesmo o filho da Luna? Ela é tão doce e gentil. Como poderia ter um filho com as características ditas por Malu? Adormeci rapidamente e acordei com a Malu batendo na porta do quarto.
Malu: Vamos, temos que sair cedo para passar no hospital.
Alice: Ok. - levantei rapidamente, fiz minha higiene e fui para a sala. - Obrigada, estava tão cansada que quase não acordei.
Malu: Tô vendo. Eu só não posso te esperar no hospital porque minha primeira aula é bem cedo.
Alice: Claro.
Comemos e saímos rapidamente para não nos atrasar. Ela me deixou no hospital e foi para a universidade. Eu já conhecia um pouco a cidade então sabia o ônibus que precisava pegar. Fui andando até chegar na recepção e um homem alto, bonito e grisalho me parou antes que eu pudesse entrar no quarto onde a Luna estava.
Homem: O que pensa que estava fazendo?
Alice: Desculpe, sou uma conhecida da senhora Luna. Eu gostaria de ver como ela está.
Homem: Sou o marido dela, Christian Wollinger. Você não tem permissão para entrar e certamente minha mulher não conheceria alguém como você.
As palavras dele me fizeram congelar. Realmente fiquei sem saber o que falar. Talvez eu não tivesse tanta intimidade para visitá-la. Não sabia se ele tinha conhecimento do que a senhora Luna fez por mim então achei melhor não mencionar nada.
Arthur: Olá. -ele falou praticamente sem me olhar. - Entre, ela já estava querendo falar com você.
Alice: Obrigada. Com lincença.
Entrei no quarto e pude ouvir ele e pai falando sobre mim. O senhor Christian não acreditava mesmo que sua esposa me conhecia.
Luna: Minha querida. -disse entre uma tosse e outra.- Como você está?
Alice: Bem e a senhora?
Luna: Já pedi que não me chamasse assim.- disse tentando sorri.- Obrigada por me ajudar.
Alice: A senhora... Desculpe. Você salvou minha vida. -falei sorrindo.- Estou tentando retribuir um pouco. Como está se sentindo? O que aconteceu? Como posso ajudar?
Luna: Imagina. Estou bem. Melhorando.- sorrindo.- Conheceu meu menino?
Alice: Sim, rapidamente.
Luna: Ele é um homem encantador. As vezes vai pela cabeça do pai e me dá bastante trabalho mas ele é muito amoroso.
Alice: Se puxou a senhora eu não tenho dúvidas que sim. -falei segurando a mão dela.- Consegui um emprego de meio período numa universidade e consegui uma bolsa de estudo lá para o curso de economia.
Ela me deu um sorriso fraco e algumas lágrimas começaram a escorrer em seu rosto.
Luna: Eu fico feliz. - disse enquanto eu enxugava suas lágrimas.- Espero que seja muito feliz a partir de agora. Quero ajudar você então...
Antes que ela pudesse continuar a falar a tosse aumentou e ela começou a tentar puxar o ar sem conseguir. Fui até o filho e marido dela e os informei pedindo que chamassem o médico. O Arthur entrou correndo quase me derrubando e correu até ela.
Arthur: O que você fez?
Alice: Nada, eu juro. Ela estava falando quando começou a ficar assim. -falei preocupada e senti as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto.
O médico entrou e o pai do Arthur me expulsou de lá. Ele falava tão grosseiramente que me lembrei bem dos homens do cassino. Isso me fez arrepiar de medo. Sai de lá sem conseguir parar de chorar, peguei o ônibus e cheguei no trabalho um pouco atrasada. Eu estava tão atordoada que não conseguia me concentrar.
Diretor da Univ.: Você não está bem. Aconteceu alguma coisa? É a terceira vez que erra no sistema o livre que foi retirado por alunos.
Alice: Perdão. Uma amiga minha está internada e... Desculpe, isso não irá se repetir. Não irei misturar as coisas.- falei baixando a cabeça e tentando controlar para não chorar.
Diretor da Univ.: Entendo. Mas preciso que se concentre agora. Suas aulas começam hoje a noite então a tarde está livre para rever sua amiga. Espero que ela fique bem logo.
Ele disse quase indiferente com a situação e saindo logo após. Fiz meu trabalho e fui almoçar no refeitório com a Malu, Sam e Isabelly.
Alice: Eu preciso ir ao hospital depois do almoço.
Sam: Está doente? O que aconteceu?
Alice: Não. Obrigada pela preocupação. - disse tentando sorri.- Uma amiga está internada e estou sem notícias desde hoje pela manhã cedo. Ela parecia piorar.
Isabelly: Sinto muito. Quando nosso pai ficou internado foi... Terrível. - disse tentando não chorar ao lembrar.
Sam: Não fique assim. Ele está num lugar melhor. -ele tentou esconder que também queria chorar e a abraçou.
Malu: É difícil mesmo. Só o tempo para tudo isso passar. Estou aqui com você. - ela disse pegando na mão da Isabelly.
Alice: Não queria trazer memórias tão ruins. -falei abraçando-a. - Eu também estou aqui com você.
Assim que terminei vi o Arthur entrar com um duas garotas abraçando-a e mais dois caras atrás dele. Todos pararam para olhar. Como ele pode está tranquilo assim com a mãe daquele jeito? Assim que os olhos dele me encontraram eu virei o rosto e respirei fundo. Ela disse que ele era amoroso mas não é o que parece. Ele sentou com os amigos e quando ia começar a comer, o celular dele tocou, seu rosto agora parecia sombrio e aflito. Ele se levantou e saiu correndo. Logo imaginei que tinha sido algo com a mãe dele então tentei disfarçar e sai dizendo que esqueci algo na biblioteca.
Alice: Aconteceu algo com sua mãe?
Arthur: Não me enche. - ele falou sem me olhar e seguindo em direção a um carro.
Alice: Por favor.- disse segurando o braço dele e assim que me toquei do que fiz, o soltei.
Arthur: É. Tá me perseguindo? O que quer tanto com minha mãe?- Ele disse num tom bravo.
Alice: Preocupada, ela me ajudou tanto e eu gostaria de ter notícias.- falei sem saber se meu argumento o faria me dizer algo.
Arthur: Depois que saiu os médicos conseguiram estabiliza-la mas agora piorou de vez.- Disse entrando no carro rapidamente.
Alice: Aí meu Deus. Posso ir com você?
Ele analisou ao nosso redor, não havia ninguém por perto e ele balançou a cabeça positivamente.
Arthur: Rápido e em silêncio.
Fiz como ele disse e fui. No caminho passei um SMS para Malu e fui o caminho em silêncio. Ele parecia um escultura feita a mão de tamanha perfeição mas quando abria a boca tudo isso sumia e dava lugar a uma imagem arrogante e intocável.
Arthur: O que tá olhando?
Alice: Nada. - Falei tentando disfarçar o olhar e me concentro na vista da janela.
Arthur: Não quero que ninguém saiba disso, entendeu? Não quero manchar minha imagem sendo visto com uma garota como você.- Disse me analisando quando parou no sinal e me olhando com superioridade.
Alice: Entendo, senhor Wollinger. Ninguém jamais ficará sabendo.
Meu foco era a senhora Luna e não me importei com as palavras desse homem com aparência de anjo mas completamente insuportável. Ele estacionou o carro no hospital poucos minutos depois e entramos no hospital. O pai dele estava num tom sério e ainda mais sombrio que o próprio filho. Não sei porque mas não conseguia ver alguma tristeza nele.
Christian: Entre logo.
Entrei com o Arthur mesmo não sendo convidada. Ela estava muito fraca e quando nos viu deu um leve sorriso. Ela acariciou o rosto do Arthur e sorriu.
Luna: Que bom que veio. -ela disse com uma voz falha e se virou para me olhar.- Ah, minha querida. Me prometa que ficará bem.
Alice: Vamos ficar bem.- falei sem conseguir conter as lágrimas e segurei a outra mão dela.- Não se esforce.
Arthur: Você vai ficar bem. Não pode me deixar, sabe disso, não e?
Luna: Não se preocupe, você se sairá bem sem mim também. Me prometa que terá juízo.
Arthur: Prometo, se ficar comigo.- Ele disse chorando e soluçando.- Não posso perde-la.
Luna: Precisa me prometer independente de qualquer coisa.- Ela disse beijando a testa dele com resto da força que ainda parecia ter. - E você.- ela se virou para mim. - Fique perto do Arthur, ele vai cuidar de você também. Quero que cuide dela, meu filho.
De repente sua mão perdeu todas as forças e seu rosto foi lentamente deslizando pro lado.
Arthur: Mãe! Mãe! Por favor! - ele gritava enquanto sacudia ela para tentar acorda-la mas o barulho dos aparelhos informava que não iria adiantar.
Alice: Senhora Luna! - falei beijando sua mão.- Obrigada por tudo.
Sem saber se deveria ou não mas sem pensar nessa atitude fui até o Arthur e o abracei. Assim que fiz isso me dei conta da atitude impulsiva e pensei em me afastar mas ele retribuiu o abraço e intensificou esse abraço sem conseguir parar de chorar. Os médicos e enfermeiros chegaram. Levaram ela e foram embora. O pai dele entrou e ficou parado nos olhando.
Christian: O que tá fazendo abraçando essa garota?
Arthur: Me deixa um pouco. - disse ele se afastando um pouco de mim. - Não está mal? Sua mulher acabou de morrer.
Christian: Você sempre soube que isso iria acontecer. Deveria ter se preparado. Deixe disso e vá pra universidade. Eu vou resolver a burocracia. Nem parece um homem.
Alice: E-eu acho melhor sairmos daqui.
Eu não sei o que me deu mas puxei o Arthur e sai de lá com ele.
Arthur: Como ele pode falar assim? Me preparar? Se não me puxasse eu iria quebrar a cara desse...- ele respirou fundo e olhou pra mim.- Como conheceu a minha mãe?- ele disse tentando controlar o choro.
Alice: Longa história. Não se incomode com ele. Deve chorar sim, ela é uma mulher incrível. Eu a conheço faz pouco tempo mas dá pra notar a mulher deslumbrante e iluminada que ela é. -respirei fundo ao lembrar que o tempo verbal ao qual deveria falar seria no passado.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 90
Comments
Maria Lima De Souza
Estou amando, muito interessante a história por abranger vários temas, e muito amor.
Parabéns autora.
2024-08-02
1
Annazinha
Prendeu minha total atenção, com esse capítulo.
Vim aqui pra esperar os últimos capítulos de "Depois que vc foi embora"
2023-02-23
6
Rosiglei Muniz
Forte esse capítulo
2022-11-27
2