Erick

Depois de ir a casa de Lia na quarta feira noite, percebi que Cesar também estava abatido na quinta feira e que ambos se evitaram.

Lia não conversou muito durante trabalho na casa da Sara, ofereci carona e ela já tinha combinado com pai de jantar.

É sexta e estou termino de separar as cadeiras que serão pintadas na associação e as que precisam de reformas, fecho a sala saindo no corredor e encontro o delegado, outro policial e Lia com uma sacolas na mão.

— Consegui separar tudo?

O policial arruda pergunta, ele é um saco e está pegando no meu pé sempre que pode.

— Sim. E já estou indo tenho trabalho de escola para fazer. Falo e Lia concorda.

— Quase esqueci, o trabalho de biologia é na sua casa hoje. Ela fala e posso ver seu pai olhando estreito e não quero que pense algo errado.

— A Sara e o Carlos já estão esperando, a Lu me ligou. Falo

— É melhor ir. Lia diz e entrega as sacolas ao pai, olha os modelos e me avisa de qual gostaram. Diz

— Tudo bem, quer que te leve? O delegado pergunta.

— Estou indo para casa. Falo mas estou sem jeito, já que os dois oficiais olham para mim e trocam um olhar.

— É o mesmo caminho. Lia concorda.

Faço caminho para sair e recebo olhares afiados.

— Vai com cuidado Erick e não se atrase amanhã. Arruda tem um tom ameaçador, só assenti passando.

Escuto eles resmungando com Lia.

— Que coisa vocês dois! Lia reclama me seguindo.

— Os dois são sempre gentios né! Comento e ela rir.

— Não deixa o uniforme e a postura deles te enganar, no fundo são...como posso dizer?

— Bonzinhos? Coloco

— Cautelosos. Lia diz. — Mas sim são legais, quando os conhece melhor.

Estamos na minha casa, depois de uma conversa normal sobre escola e os projetos da associação em que soube mais detalhes do que estão fazendo lá.

Assim como nós outros dias foi animado estudar com o grupo, e decidi acompanhar Lia e Sara até pracinha, só para sair um pouco, já que elas comentaram que ia ter algum evento cultural lá.

— Vai fazer o que amanhã? Sara pergunta a Lia, estamos vendo um grupo local cantando, a poucas pessoas ali.

— Estava pensando em ir no training, só para ver. Lia diz.

— Ué está pensando em voltar? Sara parece surpresa.

— Não sei ainda, talvez por diversão. Lia diz.

— E a sua mãe sabe? Sara pergunta.

— Não! Mas não decidi ainda, como disse vou só ver, mas talvez vá ajudar na associação.

— Vocês estão mesmo empenhados nesse projeto. Sara fala olhado para nós.

Não sei o que pensou com sorriso que deu, mas não ah nada, Lia é legal, não deu nem um indício de querer algo.

— É um bom projeto. Falo entrando na conversa.

— Pode ajudar se quiser! Lia fala a Sara.

— Não, já tenho meus irmãos para cuidar. Diz. — O que me faz lembrar de ir. Diz e se despede.

— Você está pensando em fazer trilha? Pergunto.

— Deixei algumas coisas que gostava de lado, em parte pelo que houve com meus pais, e talvez volte fazer. Diz

— Sério ainda estou surpreso! Confesso, ela não aparenta em nada ser uma garota tão descolada, mas me surpreendeu desde a porta, ao fato de andar de moto, quais as chances? Ela é magra, pele bonita, cabelos de uma cor brilhosa, e tem rosto até fofo. E percebo que estou a encarando, quando ela franze as sobrancelhas.

— Poderia dizer o mesmo de você, sabia? Não é em nada como achava. Ela fala e olha para frente.

— Ah é? E como pensou que era? Pergunto e penso que não podia ter uma boa imagem de mim.

— Metido e mimado além de mau educado. Ela fala sem qualquer cerimônia.

Não estou surpreendido, poderia ser pior.

— Ah, as vezes sou reservado. Falo e ela rir.

— É acho que deva ser isso, ou fato de namorar com a Taís.

— Também, mas ela não era de todo ruim. Falo, e busco na mente enquanto estávamos juntos, teve momentos bons, mais entre nós, em parte com outras pessoas a Taís tinha um comportamento que me incomodava, mas gostava muito dela para ver. Lia olha rápido e vira.

— Ok, talvez me comportasse mau por estar com ela. Olho de novo de relance a ela e me pergunto como foi parar no caminho do Cesar?

— E você e o Cesar, como? Acabo perguntando.

— Ué, como qualquer outras pessoas, um dia nós topamos e conversamos, e aconteceu. Ela diz, não parece incomoda agora em falar.

— E vocês ainda estão... que lance era o de vocês mesmo? Pergunto na curiosidade do momento.

— Ele é seu amigo, nunca falou nada mesmo? Ela pergunta de volta e balanço cabeça, ela exala. — Começamos a sair depois do carnaval, a gente começou a conversar e se encontrar, ele tinha os problemas dele com os pais e eu os meus, e acho que foi onde encontramos algo em comum em falar e nos conhecemos melhor. Lia fala.

Percebo que nesse tempo vi Cesar com uma ou outra garota, mas nada sério, depois ele era mais na dele.

— Era algo aberto de vocês?

— No começo sim, sei que ele saia, festava e sabe Deus, não era nem uma boba, depois de um tempo se intensificou, apesar de estar bem com que tínhamos, sei lá não esperava que ele fosse ficar com uma das minhas amigas. Lia fala e posso ver que ainda mexe com ela e que talvez goste mesmo do Cesar. — Mas é o Cesar, não tinha muito o que esperar, acho que essa coisa de se aparecer. Ela diz.

— Nunca vi vocês juntos, e nem na escola.

— Nunca fui muito de sair com a turma da escola, e não é como se fossem me convidar também. Fala.

— E por que não? Pergunto sem entender o motivo.

— Pra começar sou filha do delegado. Diz irônica.

— É, e o que tem?

Ela vira para mim. — É sério? Se você estiver dando uma festa com menores e bebidas ou até coisas ilegais, vai me convidar? Ela pergunta e acabo rindo fez sentido, e paro de rir isso acaba não sendo legal, mas Lia não parece ofendida.

— Isso não devia ser motivo para te excluir. Falo.

— Não me sinto, e sinceramente não me importo muito, tinha minha atenção em outras coisas. Fala.

— Tipo chutar coisas e fazer trilha? Posso dizer que estou admirando essa garota é desprendida do mundo que cerca a escola.

— Tem atividades mais legais, que só festar e beber, e se importa de mais com quem vai ficar. Lia diz e agora concordo e estou super curioso para saber sobre o que mais ela faz de interessante fora da escola e lembro do cachorro quente e a noite.

— Aí estava indo a festa do Cesar. Lembro.

— É porque achei que seria algo íntimo, ele tinha essa mania de só me chamar para sair com toda galera da escola. Diz e posso ver que isso a irritou.

— A então não era algo em segredo! Concluo.

— Não tinha nada a esconder, minha vida particular não precisa ser compartilhada com toda escola, posso ficar e sair com quem quero, agora se ele nunca fez questão de assumir isso, era uma questão dele não minha, e estava bem a forma como nós víamos.

E novamente estou encarando a garota, quais as chances, de ser bonita, descolada e resolvida? Então vejo que Cesar deve ter visto muito nela do que gostar e ferrou tudo ficando com a amiga e só posso lamentar por ser idiota.

— Aí, o Cesar foi idiota, você é uma garota legal. Falo e recebo um singelo sorriso e ela volta a atenção para frente e cai um silêncio.

— Meu deus eles são ruins. Falo vendo o grupo cantar desafinado. Ela rir e concorda.

— E sim. Diz e caminha afastando e a sigo.

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