Bianca
Sinto uma leve brisa no ar, eu estou sentada no jardim da minha casa de infância, percebo que alguém escova meus cabelos, olho para cima e vejo os lindos olhos da minha mãe. Ela sorri para mim docemente me fazendo sentir acolhida e me diz:
Eu quero que você saiba, meu amor, que eu sempre vou estar com você, mesmo que eu não esteja mais por perto algum dia, eu sempre vou cuidar de você.
Acordo assustada com o barulho do despertador e percebo que foi apenas mais um sonho, ultimamente tenho sonhado muito com a minha mãe. Assim que abro os olhos sinto uma pontada na cabeça fruto da minha ressaca, mas tenho que entrar no plantão da tarde então tomo uma aspirina e almoço, me arrumo e sigo para o hospital. Ao chegar, troco minha roupa e me debruço no balcão da enfermaria completamente exausta.
Antonella: Parece que a noite foi boa, você está com a cara péssima. — Antonella é minha colega de residência e se tornou uma amiga com o tempo.
Antonella
Bianca: Nem me fala, nunca mais eu bebo. — Falo enquanto massageio minhas têmporas buscando um pouco de alívio.
Antonella: Vem cá.
Ela me puxa para o quarto de observação e manda eu me deitar, eu só obedeço. Antonella volta com uma
bolsinha de glicose e coloca um acesso em mim.
Antonella: Vou colocar bem rapidinho, em 15 minutos pode tirar.
Bianca: Não sei nem como te agradecer.
Deito e relaxo esperando a bolsa de soro glicosado acabar, fecho os olhos e me permito viajar um pouco, em alguns instantes adormeço. Sonho outra vez com a minha mãe, ela está comigo, brincando no jardim da nossa casa outra vez, ela está linda como sempre, com os cabelos loiros soltos ao vento e me dando aquele lindo sorriso que só ela tinha, um garotinho corre em nossa direção sorrindo. Ao longe escuto alguém me chamar, e aquela voz vai ficando mais alta e mais perto. Desperto com minha colega me chamando.
Giulia: Bia, acorda.
Abro os olhos ainda sonolenta, mas já me sentindo muito melhor e avisto Giulia, outra enfermeira com quem eu dividia os plantões sempre.
Bianca: Desculpa, eu cochilei, estava só esperando acabar.
Aponto para o soro glicosado e percebo que a dor de cabeça e sensação de ressaca foram embora graças a Deus.
Giulia: Tudo bem, o plantão está tranquilo hoje, só te chamei por que tem um moço aí te procurando.
Bianca: Um moço?
A primeira pessoa que me vem na cabeça é o Rafael, o cara da noite passada. Mas como ele saberia que eu
trabalhava aqui?
Giulia: É, um cara bem gostoso por sinal.
Retiro o acesso do meu braço me ajeito e vou até à recepção. Definitivamente não era o Rafael, um homem alto, de cabelos castanhos e olhos negros como a noite, o corpo parecia ter sido esculpido pelos deuses, parado na recepção, ele se vira para mim quando eu entro e sinto meu corpo inteiro gelar. Seu rosto me era estranhamente familiar, aqueles traços perfeitamente desenhados eu já havia visto em algum lugar.
Homem misterioso
Ele encara o meu rosto que devia estar bem amassado e eu passo a mão pelos cabelos tentando me ajeitar para parecer ao mínimo apresentável, o olhar dele não sai do meu rosto e aquilo faz o meu corpo inteiro ferver.
Homem: Boa tarde, Srta. Ricci.
Quem era aquele homem? Por que me causava tantas sensações? E por que diabos ele sabia meu nome?
Bianca: Boa tarde, posso ajudar?
Homem: Gostaria de falar com a senhorita por um momento.
Bianca: Pode falar.
Homem: A sós.
Ele lança um olhar para trás de mim, e observo que absolutamente todas as enfermeiras estão olhando para ele atentamente e babando.
Bianca: Ok, me acompanhe, por favor.
Sigo para uma sala privada e ele me acompanha, durante todo o caminho a minha cabeça só pensa no que aquele homem pode estar querendo comigo, eu não o conheço, embora a sensação de já tê-lo visto antes não saia de mim.
Chego na sala e me encosto contra a parede, ele se senta na mesa de frente para mim e começa a me encarar, aquilo faz minhas pernas ficarem bambas, não sei explicar o porquê, mas aquele maldito olhar, está acabando comigo.
Bianca: Eu conheço você?
Homem: Não.
Bianca: Mas você me conhece.
Homem: Sei o básico sobre você, o que me interessa mesmo é a sua vida profissional.
Bianca: Como assim?
Homem: Você é enfermeira neonatal, certo?
Bianca: Quase certo, ainda faltam três meses para a minha residência acabar, e, nessa altura sim, eu pego o título.
Homem: Isso são apenas formalidades. Eu preciso dos seus serviços.
Bianca: Quais serviços?
Homem: Tenho um filho, um bebê de apenas alguns dias ele nasceu antes do tempo e com alguns problemas de saúde, e precisa de cuidados especiais.
Bianca: Certo, em que hospital ele está?
Homem: Está em casa, sendo assistido por um médico particular.
Aquilo me deixa um tanto indignada, um bebê prematuro doente não pode ser assistido apenas em tratamento domiciliar.
Bianca: Mas se ele requer cuidados, deveria estar num hospital. — Falo ainda tentando entender o porquê desse bebê estar em casa.
Homem: Isso não vem ao caso.
Ele respira fundo e passa a mão pelos cabelos, reparo que apesar de muito bonito, ele está com olheiras, parece não estar dormindo muito. Mas não deixo que aquilo me distraia da situação em questão.
Bianca: Como não? Você é doido? Um bebê doente não tem imunidade para se curar sozinho em casa.
Homem: Srta. Ricci, eu sei o que faço com meu filho, o pai sou eu, estou aqui para lhe oferecer o cargo de
cuidadora dele, não para que opine no que eu faço ou deixo de fazer.
Bianca: Ele precisa ir para um hospital, isso é loucura. — Minha voz começa a se alterar um pouco, mas não consigo controlar a raiva que estou sentindo.
Homem: Eu não posso expor ele a ir para um hospital! — Ele diz se exaltando um pouco, e eu faço o mesmo, apesar de ele ser muito imponente, não me deixo intimidar.
Bianca: Expor ele? Como assim? Do que você tá falando?
Homem: Não posso arriscar... — Ele diz um pouco mais baixo e abaixando o olhar.
Ele parece verdadeiramente triste, sinto que ele se preocupa com o filho, mas não entendo por que ele não
pode trazer a criança para o hospital.
Homem: O que me diz Srta. Ricci, você aceita?
Bianca: Não tenho interesse, obrigada.
Começo a caminhar para fora da sala, mas ele me pega pelo braço e me faz voltar. O toque dele, na minha pele é o suficiente para uma onda de calor percorrer todo meu corpo, quase como uma onda magnética que me chama para ele.
Homem: Tenho uma proposta irrecusável, quanto você ganha aqui, quatro, cinco mil euros por mês? Eu vou te pagar cinco vezes isso.
Bianca: Não tenho interesse, se você quer matar seu filho, não vou participar disso, procure outra.
Puxo meu braço e saio da sala indignada com a proposta daquele homem, onde já se viu, colocar a vida do
próprio filho em risco por puro capricho. Saio da sala bufando e batendo os pés, sigo para a UTI neonatal e resolvo ver meus pacientes.
O resto do plantão passa tranquilo, não vejo mais o homem, mas também não consigo tirar sua imagem da minha cabeça. Minhas colegas disseram que ele foi embora com uma cara bem fechada, eu não me importava, não queria participar do plano de colocar a vida de uma criança em risco.
Me preparo para sair do meu plantão, bato o ponto e troco de roupa. Passo pela recepção para me despedir das meninas e percebo que o assunto ainda é o cara gato e estúpido de mais cedo.
Antonella: Nossa, ele realmente era um gostoso, você viu aqueles braços, ai meu Deus, se eu fosse a Bia, subiria em cima dele dentro daquela sala mesmo.
Vejo Antonella cochichando com Nicole, nossa outra colega, uma criaturinha extremamente antipática, e que me detestava.
Nicole: E você sabe se ela não subiu? Aquela dali não me engana em nada, ela pode se fazer de santa para
vocês, mas ontem a noite eu a vi na balada se esfregando com um cara no meio da pista de dança e logo depois, foi embora com ele.
Sinto um fogo percorrer o meu corpo, expressando todo ódio que habitava em mim naquele momento, caminho até o balcão e olho para ela cínica e minto descaradamente.
Bianca: Pois é Nicole, eu tr@nsei com aquele cara sim, tr@nsei gostoso. Ele me pegou em todas as posições
possíveis, a maneira mais gostosa possível e você sabe porquê? Por que ao invés de ficar perdendo o meu tempo me intrometendo na vida dos outros, eu perco ele vivendo. Você deveria fazer o mesmo, está muito amarga, isso deve ser falta de sex0.
Ouço Antonella e Giulia segurando uma risada e observo com um sorriso cínico e vitorioso a cara de tacho de Nicole.
Antonella: Tomou? Poderia ter ficado sem essa...
As meninas gargalham da cara dela e ela sai batendo os pés para fora da recepção furiosa. Aí é que nós rimos, até doer a barriga, quando a crise passa, Giulia me pergunta.
Giulia: Mas fala sério amiga, você não deu nem um beijinho naquele boyzão?
Bianca: Eu não, juro. Não vou negar que ele era lindo, mas além de ter vindo aqui para me propor um trabalho, ainda conseguiu me deixar com ódio, isso sim.
Antonella: Ódio por que garota?
Bianca: Você acredita que ele veio me pedir para cuidar de um bebezinho prematuro, doente, em casa.
Giulia: Gente! Ele quer matar a criança?
Bianca: Pois é, óbvio que eu neguei, falei que não ia participar disso e deixei ele falando sozinho.
Antonella: Por isso que ele saiu daqui possesso.
Bianca: Não tô nem aí, não conheço ele mesmo.
Falo aquilo, mas a verdade é que aquele homem não saiu da minha cabeça o dia inteiro.
Antonella: Hum! Então tá! Se você diz, eu acredito.
Bianca: Bom, já vou indo, não quero perder meu ônibus.
Giulia: Tchau amiga.
Me despeço das meninas, meu próximo plantão é só em três dias, então provavelmente vou descansar muito. Saio andando pela rua tranquilamente, são quase seis da manhã, então a rua está bem tranquila.
Caminho lentamente e já avisto o ponto completamente vazio, dou graças a Deus, pois poderei sentar um pouco. A rua está vazia, até que uma van vem um pouco veloz demais para o meu gosto, me assusto levemente, mas continuo meu caminho. A van para um pouco a frente de mim, me fazendo parar de andar, olho um pouco assustada, a porta lateral se abre e um homem me puxa para dentro.
Bianca: Ahhhh! Me solta!
Me debato, mas não adianta, ele é muito mais forte que eu.
Sinto ele cobrir o meu rosto com um pano e vou perdendo os meus sentidos e forças, paro de me debater e vejo tudo apagar.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Iracy de Lima
Autora sera que tem a ver.como homem misterioso
2025-01-31
0
Maria Inês
Nossa Bianca foi sequestrada.
2025-03-08
0
Adriana Mentoring de Mulheres
😍😍😍
2024-12-08
0