Claro que não me deixo abalar, por fora, mas por dentro tudo está em preto e branco desde que decidi pôr um fim no meu namoro.
Com todo o ânimo que me resta, pego a primeira roupa que vejo, e por fim visto uma calça jeans e uma blusa preta de manga curta. Me esforço em me maquiar e disfarçar as olheiras que marcam levemente debaixo dos meus olhos.
Quando chego diante do shopping, consigo ver exatamente como aconteceu aquele dia. O olhar, a palavra, o contato… Tudo nele me lembra e nos meus pensamentos me perco, como se estivesse em um labirinto de memórias.
— Quanta distração, mocinha — Bruna me surpreende ao se sentar repentinamente ao meu lado, em um dos bancos da área externa do shopping.
— Oi, amiga. Me distrai pensando no que achei ser o início de uma história de amor.
— Que melancolia, amiga! Está na hora de reagir! Ninguém sabe como será o amanhã, mas vocês se gostam, então não há nada que vocês possam fazer. — Ela fala e me puxa para o shopping. — Mas ande logo, não quero tristeza nenhuma hoje!
Rodamos quase o shopping inteiro, até conseguirmos achar algumas roupas que nos agradassem, o que me fez arrepender de não ter visto a minha roupa, quando a minha mãe veio escolher a sua roupa.
Depois de muita caminhada, Bruna me chama para ir comer algo. Passamos em frente a uma loja de jóias e ela resolveu querer experimentar um anel. Enquanto ela olhava alguns, ela me fez experimentar uma aliança que segundo ela era a minha cara mesmo, e eu apenas sorri desanimadíssima. Senti o metal frio no meu dedo e lembrei do calor do seu abraço.
Chegamos à praça de alimentação e o celular da Bruna tocou. Léo avisa que está em um dos restaurantes daquela praça de alimentação, e ela me convence a ir, jurando que eu não vou atrapalhar o seu namoro. Nós vamos para lá, mas eu sinto um aperto no peito.
Porém, assim que chegamos, sou surpreendida ao ver o Léo sentado com o Lucas! Meu rosto ficou vermelho e eu desviei o olhar.
— Por que eu não me surpreendo? — Sussurro para a Bruna quando nos aproximamos da mesa.
— Me desculpe por não ter te avisado, amiga, mas vocês precisam se acertar.
— Olá, minhas lindas. Mari, quero te apresentar um amigo — Léo me lança um sorriso irônico.
— Por que será que não me espanto com você e com a Bruna?
— Amiga, você está mal desde aquele dia e o Léo me contou que o Lucas está na mesma situação que você, então achei justo fazer vocês se encontrarem e resolverem essa situação.
— Mari, você sabe que eu gosto muito de você, mas não é justo deixar o meu amigo sofrendo. — Dessa vez, o Léo fala sério.
— Prazer, eu me chamo Lucas — Ele diz com um sorriso tímido e eu retribuo.
— Prazer, Lucas. Eu sou a Mariana.
— Vamos dar uma volta. Já voltamos. — Bruna fala e arrasta o Léo para longe.
— Quer se sentar, Mari? Se não quiser falar comigo, eu compreendo.
— Nós realmente precisamos de uma conversa, eu só não sei como começar, Lucas.
— Eu começo. — Ele sorri sem jeito. — Era para ser um almoço tranquilo para você conhecer a minha irmã, e depois para vermos um filme abraçados no sofá… Mas tudo saiu do controle em questão de segundos.
— Lucas, eu acho que não dava para continuar o dia como se nada tivesse acontecido.
— Eu não pedi para você fingir que estava tudo bem, mas também não esperava que fosse dar tudo errado.
— Ninguém esperava, Lucas. — Forço um sorriso amarelo e suspiro — E olha onde estamos.
— Você sabe como esses dias foram difíceis? Te ligar e você não me atender, ir na sua casa e você se esconder. Normalmente eu já teria encontrado outra para me divertir, mas dessa vez eu não tenho ânimo nem para trabalhar.
— Eu sei muito bem como você se sente, porque eu sinto o mesmo. Esses últimos dias, eu tenho apenas sobrevivido, mas eu coloquei na minha cabeça que você não merece uma pessoa tão imatura como eu. Eu não sei como lidar com os meus ciúmes, e a Vivian sempre vai se aproveitar disso.
— Não fale isso, Mariana. Eu quero você. Esses últimos dias só me fizeram perceber que eu não posso, e nem quero ficar sem você. Podemos recomeçar do zero? Sem Vivian, sem aquele cara maluco da sua escola, sem você pensar que eu não te mereço… Vamos fingir que nos conhecemos hoje.
— É tudo o que eu mais quero. Você é muito atraente, Lucas — Eu digo fingindo não o conhecer, mas sentindo um frio na barriga — Está namorando?
— Obrigado pelo elogio, mas eu tenho namorada sim, e ela é uma baixinha muito ciumenta. Se ela te ver me elogiando, vamos ter um baita problema. — Ele se aproxima e me beija, fazendo o meu coração disparar…
— Como eu senti falta do seu beijo. — Eu sussurro entre os seus lábios.
— Eu estava ficando louco sem os seus beijos. Prometo que nada mais vai nos separar. — Ele diz com a voz rouca e me abraça forte.
— Prometo não deixar o meu ciúme interferir no nosso relacionamento. — Eu digo olhando nos intensos seus olhos castanhos.
Ficamos um tempo curtindo para matar a saudade desses dias longe, e pude sentir o quanto o nosso sentimento é mútuo. Uns minutos depois os nossos amigos voltam, e o Léo faz uma piada ao nos ver juntos.
— Aleluia! Fizeram as pazes! Não preciso mais suportar o mau-humor do meu amigo. — Ele diz com um sorriso aliviado.
— Léo! — Bruna o repreende com um tapa no braço — Amigos são para isso.
— Você fala isso porque nunca viu esse aí de mau-humor. Ele parecia um urso acordado no inverno. — Ele brinca e nós rimos.
Curtimos o restante da tarde entre brincadeiras e conversas, como se nada tivesse acontecido. Quando anoitece, os convido para ir para a minha casa, já que combinei de ajudar a minha mãe a adiantar as coisas para a ceia amanhã.
Todos os anos, quando a ceia é na nossa casa, o meu pai tenta convencer a minha mãe a contratar alguém para não se sobrecarregar com os preparativos, mas ela faz questão de cuidar de tudo pessoalmente. Ela é como uma abelha rainha, que coordena todo o trabalho do enxame. Mas, no fim, sempre sobra para todos nós ajudar na ceia.
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Atualizado até capítulo 127
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