Capítulo 14

Bruna arregala os olhos e me cutuca com o cotovelo, me apontando o Lucas, que está encostado no carro com um jeito de poucos amigos. Sinto meu corpo tremer, como se uma corrente elétrica passasse por mim. Meu estômago se revira e minhas pernas ficam bambas. "O que ele está fazendo aqui?"

— Meninas, olhem aquela perfeição encostada no carro. Me abane, estou sem ar! — Fernanda fala dando gritinhos, como uma adolescente emocionada.

— Meu Deus. Que gato. — Olivia concorda com ela

— Aposto que a namorada dele é ciumenta, não é, Mari? —Bruna finge não saber.

Só consigo rir da situação, mas fico apreensiva quando vejo ele caminhando na nossa direção.

— Ele tá vindo para cá, disfarce. — Olivia fala suspirando.

— Boa tarde, meninas — Ele dá um sorriso de lado e vejo Fernanda e Olívia suspirando. — Senhorita Mariana Bellini, você vai continuar me ignorando?

Eu coro e vejo as meninas cochichando. Bruna abre um sorriso debochado com a situação.

— Amiga, estamos indo. Vocês precisam conversar. — Bruna fala, me abraçando — Prazer te ver, Lucas.

— Prazer te ver também, Bruna. — Lucas diz, sem tirar os olhos dos meus.

— Como assim? O que ele é da Mariana? — Fernanda cochicha para a Bruna.

— É o namorado dela, fofa. Limpa a baba aí e pára de cobiçar o namorado dos outros.

— Mariana, vai continuar fingindo que não me conhece? — Lucas me chama a atenção quando elas se afastam.

— Oi. Não estou fingindo que não te conheço — Disfarço — Aconteceu algo para você ter vindo aqui?

— Me diz você, Mariana. Uma hora estamos bem, na outra você me pede para te levar embora e some. Difícil de entender se você não me explicar.

Nesse momento, vejo que os meus amigos de turma estão passando e olhando para nós dois. Sinto um frio na barriga.

— Dá para conversarmos em outro lugar? Estão todos nos olhando. — Eu digo nervosa.

— Claro, Mariana. Embora não entenda o porquê de querer se esconder. — Ele diz abrindo a porta do carro, e entramos.

Lucas se mantém em silêncio, mas sua mandíbula travada e os suspiros que ele solta enquanto dirige, me dizem o quanto ele está chateado. Logo estaciona na mesma pracinha onde aceitei namorar com ele, e começa a me questionar ao ver que continuo sem falar absolutamente nada.

— Mari, da para me explicar o que está acontecendo? Eu te assustei, é isso? Prometo não repetir aquilo de novo, desculpa se te forcei.

— Calma, Lucas! Eu te disse que amei, não teve nada a ver com o que fizemos. — Eu coro só em me lembrar

— Então me fala o que está acontecendo, Mariana.

— Quando você foi buscar o secador para mim seu celular tocou, e era a Vivian. — Olho para ele e abaixo a cabeça por vergonha de ter mexido no celular — Desculpa ter olhado o seu celular.

— Não vejo problema em olhar o meu celular, somos namorados, ou éramos. Não sei se você ainda quer namorar comigo, mas não vejo isso como motivo suficiente para você sumir e fugir de mim.

— Porque não foi só isso, chegou uma mensagem depois que ela desligou a ligação. Quando te pedi para pegar água, chegou mais uma mensagem e eu não aguentei de curiosidade e abri.

— Eu não tenho nada a ver com ela, você não precisa ficar com ciúmes.

— Eu imagino que na época que vocês ficaram, ainda não tínhamos nada, mas saber que vocês ficaram me deixou mal… Pensar na sua boca na dela — Eu paro de falar e faço cara de nojo. — Desculpa a infantilidade.

— Eu tive um passado antes de você, mas isso ficou no passado. O meu presente e futuro agora é com você, e infelizmente não consigo voltar atrás. Aquele dia eu bebi um pouco além da conta, e acabei cedendo as investidas da Vivian, as coisas ficaram mais quentes, mas não transamos — Ele bufa e passa a mão nos cabelos — O meu maior arrependimento foi ter dado a ela a esperança de rolar outras vezes, pois agora ela não me deixa em paz mesmo a ignorando. Tanto que nem vi as mensagens dela, e nem fazia ideia que era isso que tinha te chateado. Desculpa não ter falado nada com você, mas acreditei que fosse irrelevante.

— Não precisa se desculpar, nós não namorávamos. Mas me chateei porque, além de imaginar vocês dois, você se mostrou muito interessado por mim naquele dia. Devo ter entendido errado, mas me chateei.

— Não foi um mal-entendido, eu me apaixonei por você desde que os nossos olhares se cruzaram naquele dia — Lucas me dá um olhar apreensivo — Ainda somos namorados?

— Sim, claro. Eu não quero terminar com você, só que tudo isso de namoro, ciúmes... É tudo novo pra mim. Desculpa ter perdido o controle.

— Está tudo bem, meu amor. O importante é que estamos juntos e felizes. Agora me deixa matar a saudade de você com um beijo.

Lucas me beija com paixão, mas não demora para me levar para casa, já que ele tem que voltar para o escritório onde ele faz estágio. Quando me deixa na porta de casa, eu o convido para ir à minha formatura, e ele aceita na hora, com um sorriso no rosto.

Ele segura a minha mão com firmeza e olha nos meus olhos com ternura, como se quisesse me dizer que está orgulhoso de mim. Eu sinto o calor do seu toque e o brilho do seu olhar, e retribuo o sorriso com gratidão e carinho. Ele me dá um último beijo e se despede com um aceno.