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ana :

sim, eu estava com medo, medo dele, qual é ele matou alguém, na minha frente, isso é assustador.

eu passei a noite toda tentando dormir mas quando eu fechava o olho, a visão do Paulo caindo na escada me vem a cabeça, isso é culpa minha, ele não precisava morrer, eu sei que ele me fez muito mal, mas ninguém merece morrer, nem a pior pessoa do mundo.

- Ana.

- oi.

- tu ainda amava ele ?

- não, ele era horrível pra mim!

- entao, porque tá triste ?

- é porque, mesmo ele sendo mal, ninguém merece morrer, não daquele jeito.

- nem a pessoa que atirou nele ?

- não...

- tu vai embora do morro ?

- oque ? não !

- e porque a mala ?

- eu...eu quero dormir com a Gabi apartir de hoje.

- você tá com medo de mim ?

-...

- fala a verdade.

- um pouquinho

- tu sabe que eu nunca te machucaria né ?

- mas você machuca outras pessoas.

- eu só machuco pessoas ruins Ana, essas pessoas ficam melhor mortas.

como ele pode dizer isso ?

acho que sem querer olhei com nojo.

- tu vai ficar então?

- acho que sim, por enquanto.

- tá, me perdoa ? eu só fiz aquilo pra te proteger.

- eu sei...

- vem cá.

ele me abraçou mas eu fiquei em móvel, a imagem daquelas pessoas correndo, e o sangue que espirrou em mim...isso é assustador.

percebendo que eu não conseguia retribuir ele simplesmente se afastou.

- vamos almoçar ?

- valeu mas eu tô sem fome, pode ir, eu vou ficar mais um pouquinho aqui...

- tabom

ele saiu e eu relaxei deitando na cama.

eu sei que Gabriel nunca me machucaria, mas ele tem sangue nas mãos, se vocês vissem como ele chegou hoje de manhã, a cara dele tava cheia de sangue, as mãos e as roupas nem se fala, ele tá agindo como se fosse normal, talvez seja normal pra eles, mas pra mim não é...

já está de noite e eu ainda não comi nada, acho que tô meia paranoica, agora que ele morreu será que vão vim atrás de mim, porque se for analisar os fatos, eu sou a pessoa que mais deveria querer ele morto uma hora dessa, e se invadirem o morro pra me procurar ?! concerteza alguém deve ter grava alguma coisa ontem no baile, se me filmarem na frente dele vão achar que fui eu que mandei matar, até porque depois que fugi eu fui direto para o pior inimigo dele...

minha neorose foi interrompida por alguém antrando pela porta.

- vamos Ana, tu tem que comer cara.

disse Gabriel entrando no quarto com um prato de comida.

- obrigada, mas meu estômago ainda tá meio embrulhado.

- esquece aquilo Ana.

- sabe nunca ninguém morreu na minha frente, muito menos daquele jeito... acho que estou paranoica.

- Ana, come só um pouco, abre a boca.

disse ele me estendendo um garfo cheio de comida.

ele está me dando comida na boca ?

porque ?

será que ele está se sentindo culpado ?

eu consegui comer só três garfadas, nunca fui de recusar comida, ainda mais uma macarronada, tava uma delicia, mas aquele molho vermelho....