8*

Ana:

Acordo abraçada com o cobertor que nos dividia, mas eu não contava que Gabriel estava abraçado em mim, a mão dele na minha cintura me deixa com medo.

Isso me lembra que eu preciso ser uma pessoa perfeita, eu preciso parecer útil para ele não me devolver.

Olho no relógio encima da mesinha de cabeceira e são seis da manhã  eu sei que todo mundo acorda as oito então eu posso fazer um monte de coisa.

Me levanto de vagar pois não quero acorda-lo, ele só conseguiu dormir agora pois ficou mechendo e remexendo na cama a noite toda

Escovo meus dentes e troco de roupa, hoje meu machucado está doendo menos, eu me senti quentinha por dentro quando ele fez o curativo em mim, ninguém nunca cuidou de mim assim, foi especial.

Desço as escadas e como já imaginava ninguém tinha levantado ainda, preparei o café, fiz um bolo de chocolate e lavei a louça, quando estava acabando de secar a porta da sala é aberta calmamente, eu me assusto mas permaneço ali, parada,  me surpriendo quando Gabriela entra por ela.

O dia estava amanhecendo, onde será que ela tava?  Ela me olha com os olhos arregalados e tenta abaixar o cabelo que estava todo armado, o batom dela tava todo borrado e estava segurando seus saltos nas mãos.

- bom dia...

- bom dia, tudo bem?

- sim...ham você não me viu aqui certo?

- depende, estava fazendo algo de errado essa noite?

- não eu só tava curtindo, eu juro, não conta para o Gabriel, e nem pra minha mãe porfavor.

- tá tudo bem, eu não vi nada.

- haaa brigada aninha do meu coração.

Ela vem e me dá um beijo na bochecha e sai.

Alguns minutos depois a dona Dora desce as escadas.

- mas já acordada menina ?

- é...eu fiz bolo, e café.

Tirei o bolo já desinformado de dentro do forno e pus encima do balcão.

- humm que prendada, mas sabe não precisa né filha, eu já arrumo isso sozinha

- eu não quero tomar seu lugar, só quero te ajudar...

- rsrs tudo bem então, dá um pedaço desse bolo aí.

Estávamos comendo e conversando bem tranquila quando Gabriel desce as escadas correndo, mas ele simplesmente para quando me vê ali sentada, soltando um suspiro de alívio ele termina de descer as escadas calmamente.

- que isso Gabriel?

- na..nada, oque tão fazendo acordada a essa hora?

- meu filho, já são oito horas, sempre acordamos nesse horário, você tá bem.

Será que ele tá passando mal ?

Ele não diz nada apenas volta para o quarto.

Como dona Bárbara tinha me dito ele não estava comendo direito, talvez pelo trabalho ou só preocupação.

Eu termino de comer e corto um pedaço generoso do bolo, encho uma xícara de café, e ponho encima da mesa.

Gabriel desce e olha pra mim com um olhar desconfiado, e senta na mesa já pegando o cigarro de dentro do shorts.

- não vai comer, eu já pus um pedaço de bolo pra ti.

Falei empurrando o prato é a xícara para ele

- não, não da tempo, tô atrasado

- denovo meu filho, você não está comendo direito, vai acabar doente denovo.

- não tem problema eu coloco em um potinho pra você levar e comer no trabalho.

Me levanto e vou pegar um potinho para por o bolo, depois de por o fecho e entrego a ele

- eu não vou levar isso!

- para de graça Gabriel, a menina já arrumou pra você levar, e outra é pra comer tudo

- Não enche eu não tenho mais doze anos mãe.

- mas parece

Ele se levanta bravo e sai, mas pelomenos leva o potinho com ele...

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