6*

Ana :

Acordo com um cheiro forte de álcool no meu nariz.

Logo aos poucos vou acordando e ficando melhor.

- tá vendo oque acontece quando você quer dar uma de boazona?!

Eu nem respondi nada, ele tá me trancando aqui.

- escuta você tomou os remédios?

- que remédios?

- os que eu deixei na porra da mesa.

- não...eu não quero, eu quero ir embora...

Ele sai resmungando e eu fico ali sentada no sofá tentando me recuperar.

- o minha filha você não pode ir saindo assim.

- eu só quero ir pra minha casa, mas ele não deixa, seu filho está me prendendo aqui!!

- eu vou falar com ele tá, mas agora tenta se acalmar, eu vou fazer um chá pra você.

Alguns minutos sozinha e o moço volta com umas cartelas de remédio e um copo de água .

Ele tira uma pílula e me entrega, eu não vou tomar isso não sei pra que serve.

- abre a boca.

- não, porfavor eu não quero tomar.

- abre logo sua mimada !!

Droga tá acontecendo denovo.

Ele tenta forçar minha boca a abrir mas como sempre eu a fecho com toda a minha força, não vou deixar, não denovo.

- abre...an..anda..

disse ele segurando o meu queixo e tentando enfiar a droga a força.

- GABRIEL !!!

Ele para na hora, espera...salva ?

- não é assim que se faz meu filho, tá assustando ela, você já está barrando ela de sair do morro e agora quer enfiar o remédio a guela abaixo?!

- não se mete mãe, esse assunto é meu e dela, não é Ana Passos...

Eu arregalo meus olhos, merda ele sabe quem eu sou, já era, ele vai me entregar para o Paulo, não, porfavor eu não quero voltar...

- por..porfavor não me entrega de volta pra ele....

A essa altura já estava me segurando para não chorar

- eu vou pensar no seu caso, se você for boazinha e me obedecer eu talvez deixe você ficar aqui...

Eu faço tudo !

Abro a boca bem de vagar e ele põe lentamente o remédio na minha boca, ele está muito perto...

- boa garota, agora o outro.

Ele põe o outro dentro da minha boca com o maior cuidado do mundo.

- agora a agua...

Gabriel me da um copo de água e eu engulo junto dos dois remédios.

- viu, não foi difícil.

Ele se afasta e eu já  não sinto mais seu hálito quente batendo no meu rosto, isso é um alívio, ele me dá medo...

- toma o chazinho minha filha, é de camomila vai ajudar.

- tô voltando pra boca, você!, para de mimar ela. E a senhorita se comporta da próxima não vou ser eu a te buscar lá na barreira.

Ele vai embora e me deixa com a mãe dele.

Estava sentada no balcão vendo ela fazer um bolo, a Gabriela estava trabalhando, ela trabalha na parte da tarde em um salão como manicure.

Como eu sei ? Ela me contou, ela me contou tudo sobre o morro.

- qual o nome da senhora?

- meu nome é Isadora, mas você pode me chamar só de Dora.

- tabom...

- eii, melhora essa carinha, o Gabriel é um porre mas ele é gente boa, e outra eu vou conversar com ele pra te soltar.

- não precisa...

- oxi, porque menina? Não queria ir embora.

- é... mas eu prefiro ficar aqui, segura...

- segura de que ?

- do mundo lá fora.

- iiii não entendi nada flor.

- rsrs

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