Capítulo 1- Em Roma.

Era sábado, outono em Roma a temperatura estava amena, soprava um vento suave e corriam folhas secas pelo chão. Helen estava vestindo um vestido jeans de manga comprida, azul claro e botas pretas.

Ela estava sentada no banco em frente a uma cafeteria enquanto aguardava o horário do próximo

trem. Estava ali alheia a tudo que se passava ao seu redor, tinha um guarda sol em uma estrutura de madeira sobre a mesa, algumas árvores próximas ao final da calçada que faziam sombra sobre os carros estacionados.

Helen tinha uma mala ao seu lado e uma bolsa em seu ombro, folheia um livro enquanto tomava seu café sem muita atenção. Pegou o seu celular e verificou a hora, viu que o já devia se dirigir a estação de trem então pagou a conta e saiu puxando

sua mala e deixando seu livro sobre a mesa. Ela já estava próximo, mas

resolveu andar rápido para não se atrasar.

Em outra mesa estava Giorgio, um jovem alto de cabelos escuro e barba espessa. Ele observava Helen, mas ela não o notou. Ele admirava a beleza da moça de longos cabelos castanhos e pele clara, ela parecia estar com o pensamento distante e nem mesmo olhou para o lado dele.

Ele observava suas mãos de dedos longos e unhas bem feitas, seu porte esguio e maquiagem delicada. Sua boca era pequena e seus olhos expressivos. Ele até esqueceu de seu café que esfriava na xícara. Quando ela se levantou e saiu ele observou sua caminhada de passos rápidos e seu corpo bem feito.

Quando ela ficou longe Giorgio suspira se lembrando da fragrância que sentiu quando ela passou por ele. Então levantou-se e foi pagar sua conta e ao sair viu o livro

sobre a mesa, olhou ao longe e viu que ela havia sumido. Pegou o livro e viu uma dedicatória que dizia: Para minha amiga Helen de hoje e sempre Ana.

Ele resolve levar o livro consigo e parte na mesma direção em que Helen se foi. Giorgio era um homem forte, 30 anos, trabalhava como publicitário em uma famosa plataforma voltada para o e-comerce e publicidade comercial.

Ele é um homem bonito, fazia sucesso com as garotas então é bem seguro de si. Como trabalha no centro as vezes se desloca de metro pois mora perto da estação.Hoje foi um dia desses.Quando ele chegou à estação viu Helen ainda esperando, ela consultava uma placa indicativa das linhas. Giorgio se aproximou e disse:

- Ciao, come stai?

-Scusami, parlo poco italiano. Sono brasiliana.

_Sem problemas, falo bem o português, tenho avós portugueses.

_Ok. No que posso ajudar?

_ Na verdade, você esqueceu seu livro na mesa e eu trouxe para você?

_Obrigada, estava distraída. Não tinha notado meu esquecimento.

Giorgio pegou um cartão seu e colocou dentro do livro e então o devolveu dizendo:

_Turismo?

_Sim, mas talvez fique algum tempo.

_Deixei meu contato com você, se precisar de um guia, estou a disposição....

Helen riu e agradeceu, seu trem chegou e ela se foi acenando para Giorgio que acompanhou com o olhar até que ela sumisse dos seus olhos. Agora ele só podia contar com a sorte em vê-la novamente ou talvez se ela ligasse para ele, mas ele não tinha muita esperança então vou para a plataforma e pegou seu

metro em direção ao trabalho.

Enquanto Helen estava no trem ia observando o cartão de Giorgio, ela o achou muito simpático e prestativo, pensou que talvez ligasse para ele já que não conhecia ninguém fora Anna, sua melhor amiga. Neste momento seus olhos se encheram de lágrimas quando lembrou que havia saído do Brasil sem olhar para trás depois de descobrir a traição de seu marido justamente com sua irmã.

Ela ainda não havia superado essa dor por isso resolveu ir para Itália e se afastar de tudo. Chegando a estação Helen pegou um táxi e passou o endereço de Anna ao

motorista, cerca de quinze minutos depois ela chegou ao seu destino. Anna estava no trabalho e ela teria que pegar a chave do apartamento com o porteiro.

Anna já havia combinado por telefone. E entrou e se dirigiu ao porteiro que logo percebeu que se tratava da amiga de Anna e lhe ajudou a subir e encontrar o apartamento.

Era um prédio novo, diferente dos que ela vinha vendo pelo caminho que eram bem antigos. Com a porta aberta Helen entrou e após agradecer Antony fechou

a porta atrás de sí, sentando-se em uma poltrona.

Como hoje é sábado Anna logo chegaria então ela resolveu esperar alí mesmo antes de sair andando pela casa. A sala era aconchegante havia poltronas confortáveis e um sistema de home teacher, o piso de assoalho claro contrastava com o tapete escuro que deixava o ambiente sóbrio e agradável. Havia também uma pequena mesa de

canto com alguns porta-retratos, logo viu sua fotografia junto com Anna tirada há dois anos.

Quanta coisa mudou... Há dois anos ela havia estado em Roma junto ao seu noivo, eles estavam felizes apenas aguardando para seu casamento. Ela não pode evitar de lembrar de Bryan, ele sempre foi o amor de sua vida, namoraram desde a adolescência, se casaram a menos de um ano e agora ela não queria mais lembrar dele. Bryan havia magoado Helen de uma forma que ela jamais poderia supor. Ele a traiu com sua irmã, a pessoa que ela

mais amava depois de seus pais.

Neste momento a porta se abre, Helen enxuga os olhos e se levanta abrindo os braços para Anna que chega abraçando sua amiga.

_Helen que saudades minha amiga...

As duas se abraçaram por um longo tempo e depois se olharam tentando ver como estavam. Já fazia quase um ano que não se viam Anna tinha estado no Brasil para o casamento de Helen e Bryan. Apesar de elas manterem contato por telefone ainda assim estavam com saudades.

_ Anna! Você está linda como sempre.

Anna estava usando um casaco marrom da mesma cor da saia comprida que usava. Uma camisa branca bem feminina e botas. Ela parecia estar ainda mais bonita do que antes com seus cabelos loiros bem lisos que atingiam a altura da

cintura. Seus olhos azuis eram claros como o céu e lhe davam um ar angelical.

De estatura média e corpo bem feito sempre atraia olhares ao seu redor. Anna também tem um bom temperamento o que agradava a todos.

_Que bom que você veio, estava ansiosa para te ver. Vamos nos divertir e colocar um sorriso nesta carinha.

_ Não estou muito no clima de diversão mas quero esquecer tudo e mudar de vida.

_Ótimo. Hoje temos uma festa. A empresa onde eu trabalho tem um contrato com essa outra empresa que está dando uma festa hoje, vai ser bem legal, será em um hotel, você vai adorar.

_Sim, mas nem sei se trouxe roupa para a ocasião. Vim com pouca coisa, só queria sair de lá.

_Não se preocupe... nosso corpo é parecido, te empresto.

No escritório de Giorgio já havia terminado o seu trabalho então pegou suas coisas e guardou deixando sua mesa vazia. Ele deixou sua sala e passou pela secretária em silencio, foi até o elevador e apertou o botão para descer.

Quando chegou ao estacionamento viu sua vaga vazia e então se lembrou que veio de metrô. Jonas seu amigo estava pegando o carro na vaga ao lado da sua e o chamou:

_ Quer uma carona?

_Está indo para casa? Se estiver aceito já que é o caminho.

_Sim, sobe aí.

_Que bom, tinha esquecido que não vim de carro.

_Eu não consigo, prefiro meu carro. Não gosto de qualquer outro transporte.

_Eu gosto, passeio um pouco, caminho, me faz bem. Hoje mesmo parei para tomar um café e esbarrei na mulher da minha vida.

_Me conta isso! Quem é essa?

_ Não sei, sei que brasileira e se chama Helen. Mas dei meu cartão, quem sabe ela me liga.

_Como assim, você a deixou escapar? Jonatas riu com seu sorriso perfeito.

Ele estava com um terno preto que contrasta com seus cabelos ruivos e olhos azuis. Sua barba espessa Sua gravata de listras finas já estava meio frouxa e sua camisa azul clara combinava com seus olhos.

Giorgio riu e fez um gesto com as mãos querendo dizer que nada podia fazer.

_Chegamos. Você vai a noite a festa?

_ Não tenho opção. Vou ter que ir. Mas quem sabe encontro uma “bela donna” e me distraio um pouco.

Os dois desceram do carro e entraram no elevador cada um apertou seu andar e se despediram com um soco no ombro.

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