Colocando um fim nisso

...Clara Lua...

Saímos da festa às 21 h, eu já estava morta de cansada, que dia intenso. Pela manhã me irritei muito com o Guga e a Manu, me atrasei tive que me arrumar as pressas e a festa foi muito estressante, essa história de namoro me incomodou muito e eu tinha que conversar com o Gabriel.

Assim que chegamos eu levei a Belinha pro quarto, ela veio dormindo o caminho todo, ajudei ela a tomar banho e a coloquei pra dormir, em seguida desci pra ver se ainda encontrava o Gabriel, mas ele já tinha ido pro quarto. Fico chateada, mas decido subir.

Quando abro a porta do meu quarto eu percebo que vinha uma luz na direção do quarto do Gabriel, a porta estava entreaberta e decido ir ver se ele está acordado.

Chego na porta do quarto dele e desisto de bater, não sei porque, mas, o meu coração acelera e fico ofegante, então resolvo desistir de falar com ele hoje, quando estou virando de costas ele abre a porta, estava só de bermuda, isso é suficiente pra fazer o meu rosto pegar fogo. Se controla Clara Lua.

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...Gabriel ...

A festa estava bem animada e a decoração era pura ostentação para uma festa infantil, a Ana Elisa realmente gosta de mostrar o quanto é rica.

Eu estava tão empolgado com a Lua ao meu lado que acabei falando que ela era minha namorada, os Lima Vieira são uns idiotas, trataram a Lua como se ela fosse me dar o golpe. Me arrependi na hora de ter exposto ela assim, agora tenho que achar uma forma de me desculpar, droga tava indo tudo tão bem.

Chegamos em casa e decido ir tomar banho e me trocar, é melhor ir dormir e pensar no que vou dizer a Lua amanhã.

Antes de deitar percebo que tem alguém na porta do meu quarto, abro a porta e pra minha surpresa é a Lua.

— Lua, aconteceu alguma coisa? — Caminhei em direção a ela.

Ela ainda estava com o macacão que usava na festa. E estava toda vermelha, eu amo esse efeito que consigo causar nela.

— Não, ta tudo certo. — Ela parecia nervosa. — É que eu queria muito conversar sobre o que houve na festa, e vi a porta aberta, mas deixa pra lá, conversamos amanhã.

— Ta tudo bem Lua, eu não estou com sono, pode entrar.

Ela entra observando todo o quarto, é a primeira vez que ela entra aqui. Alias tirando a Stela que faz a limpeza, a Lua é a primeira mulher que entra aqui. Eu mudei de residência depois que a Leticia faleceu e nunca trouxe namoradas pra essa casa.

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...Clara Lua...

Não sei por que, mas decidi entrar no quarto dele, é um quarto bem bonito, a decoração azul e dourado deixa tudo bem elegante, bem aparência de quarto de homem.

— Então o que você quer falar em relação a festa?

— É, eu... Então, na festa eu me diverti, mas me incomodou também... — Ele me olha e eu começo a tremer, eu não consigo me concentrar com ele assim sem camisa. — Ai Deus, me desculpa Gabriel eu tô cansada e meu raciocínio está lento. — Meu Deus Lua se concentra, você veio aqui pra colocar um fim nisso, então não piora as coisas. — É melhor a gente conversar amanhã mesmo. Boa noite.

Eu me viro pra sair, mas ele me segura e aproxima o rosto do meu, consigo sentir sua respiração acelerada, fechei os olhos e meu coração disparou eu não conseguia resistir e quando menos esperei ele colou os lábios nos meus, num beijo romântico, intenso e apaixonado. Eu me entreguei a esse beijo sem pensar em mais nada eu só queria aquele momento, aqueles lábios e aquele corpo contra o meu.

Ficamos nos beijando por um tempo, até que nos soltamos, eu o abracei com força e segurei as lágrimas, algo dentro de mim, dizia que seria nosso último beijo, pois aquilo era errado. Quando não consegui mais segurar eu corri pro meu quarto e tranquei a porta.

Deitei na cama e chorei muito, eu estava apaixonada por ele, não podia mais negar. Isso doía muito, pois eu sabia que não era possível, ele é meu chefe, eu não tenho outra renda, não posso fazer isso, é errado e eu não sou forte o suficiente pra enfrentar tudo assim.

Eu tenho que dar um jeito nisso, ou terei que ir embora daqui. Eu choro muito, choro até dormir.

Na manhã seguinte

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...Gabriel...

Ontem eu beijei a Lua, eu sabia que era precipitado, mas não resisti, ela estava bem ali no meu quarto, vermelha, constrangida com a minha presença, ela exalava desejo, foi mais forte que eu, tinha que beija-la.

Mas ela pareceu ficar triste, ela me abraçou tão forte, parecia uma despedida, eu fiquei mal com isso. Nem tive coragem de ir atrás dela, mas hoje nós vamos conversar, eu disse que não ia pressionar, mas agora é preciso.

Desci pra tomar café, mas a Maria que estava com a Belinha.

— Bom dia minha princesa! Bom dia Maria.

— Bom dia papai!

— Porque a Lua ainda não desceu? — Perguntei.

— A mamãe ta doente!

— Como assim doente? O que ela tem?

— Eu não sei, ela disse que não estava se sentindo bem e me pediu pra ficar com a Belinha essa manhã, e que comeria depois. — A Maria respondeu enquanto ajudava Belinha a comer.

— Faz uma bandeja de café da manhã, Maria. Eu vou levar pra ela.

Pego a bandeja e vou ao quarto da Lua. A porta estava entreaberta então eu entro de vez, ela estava deitada, ainda com a mesma roupa de ontem, olhando pro teto, estava tão distante que nem me viu entrar.

— Lua você está bem?

Ela levanta assustada ao me ver, coloco a bandeja sobre a mesa e me aproximo dela.

— Senhor Gabriel, me desculpe, veio me chamar pra ficar com a Belinha? Eu vou só tomar um banho e vou descer.

— Claro que não, a Maria me disse que você não se sentia bem, trouxe o seu café e vim te fazer companhia. — Tudo que eu queria era cuidar da minha Lua.

— Não era necessário senhor, eu já ia descer, estou me sentindo melhor.

— Você não parece bem, e por que está me chamando de senhor novamente?

— Pois é assim que devo trata-lo, o senhor, não é meu amigo, nem namorado, é meu chefe. — Ela fala de uma forma ríspida, por que ela está agindo assim?

— Quero ser muito mais que o seu chefe Lua, mais que o seu namorado até. — Tento me aproximar, mas ela se afasta.

— Já conversamos sobre isso senhor, e a minha resposta é a mesma, eu peço que respeite a minha decisão.

— Por que está fazendo isso? Eu sei que sente o mesmo por mim.

— O senhor é meu chefe!

Nessa hora eu perco a paciência, mas que merda, por que ela insiste tanto nisso?

— Dane-se isso, sabe muito bem que tudo isso é besteira. Eu não ligo pra essas formalidades, não estamos no século passado Lua.

— Mas eu me importo, e essa é a minha decisão, ou o senhor respeita isso e continuamos como chefe e funcionária, sem intimidades, passeios nem nada. Ou eu vou embora. — Mas que merda!

— Eu não acredito que você está fazendo isso Lua!

— E então, o que o senhor me diz? — Ela me olhava determinada.

— Se essa é sua decisão, não vou mais me aproximar de você. — Caramba como me doeu dizer isso. — Mas você não vai embora dessa casa. Você fica com a Belinha.

— Tudo bem.

Eu saio do quarto cheio de raiva, vou pro escritório e acabo quebrando tudo. Que raiva, por que ela não fica comigo de uma vez.

Acho que nunca me senti assim, tão frustrado, mas que merda Clara Lua. Que merda!

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...Clara Lua...

O Gabriel sai do meu quarto e novamente só consigo chorar, eu fiz o que achava certo, então por que me sinto como uma idiota que fez a maior besteira da vida?

Eu espero que realmente tenha tomado a decisão certa, e que essa dor passe. Que droga!

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