vai ficar tudo bem

Lili

Quando Henrique ligou para casa avisando Martina para abrir espaço no escritório, porque eles estavam trazendo Nick para cá em estado grave, nós duas corremos para tirar tudo dali.

Deixamos apenas um sofá que não iria atrapalhar e sim, ser útil para quem fosse cuidar dele.

Na correria nem lembramos que tínhamos convidado Danielle para vir jantar.

Mas assim que ela chegou, foi muito útil nos ajudando a carregar os móveis.

Assim que o médico chegou com os enfermeiros, nem um minuto depois os carros deles passaram pelos portões.

Colocaram Nick na maca e correram para dentro. O médico fechou a porta e nos deixou ali. Apenas esperando.

Henrique e Martina se abraçaram e eu e Danielle ficamos observando Alan que estava sentado no chão com cara de acabado.

Danielle senta no chão ao lado dele e eu faço o mesmo.

- vai ficar tudo bem! - eu digo calmamente

- não sei Lili... - Alan diz de olhos fechados

- tenha pensamentos positivos, sei que não é fácil nestas horas, mas é preciso que tenha! - Daniele diz e toca o braço dele

Aquilo causa uma sensação estranha no meu estômago.

Alan a olha e acena com a cabeça. Eu saio dali e fico andando de um lado para o outro.

Depois de algum tempo, horas imagino eu, decido ser útil e pego uma bandeja e trago bebida para todos.

Para Henrique e Alan, trago uísque e para nós meninas pego suco de laranja.

Entro para cada um, um copo. Ninguém recusa. Alan toma o uísque de uma vez só, e levanta indo até a janela.

Vou até ele e paro do seu lado.

- como você está? - pergunto olhando para ele que estava apenas de regata, sua camisa branca tinha sumido, ele tinha saído com ela daqui para o resgate de Nick.

- bom, eu estou como estou, preocupado e irritado! - ele diz de forma rude

- ok, se precisar de algo avise... - digo e viro de costas saindo.

Mas Alan me segura pela mão, então me viro de volta e olho em seus olhos.

- desculpa Lili... eu só estou cansado... - ele fala pausadamente

- tudo bem, eu entendo você - falo e toco seu braço com minha mão livre, pois ele ainda segurava minha outra mão.

- mas não devia Lili, você não merece ser mal tratada, por mim, nem por ninguém! - ele diz e solta minha mão e toca meu rosto com as costas dos dedos

- você não me maltratou Alan, apenas está cansado e preocupado! está tudo bem! eu não sou de açúcar - digo

- não, não é... mas já passou por tantas coisas na mão do seu pai, não quero que ache que sou como ele!

- Deus...não! eu nunca acharia isso, nunca. Desde que nos conhecemos sempre cuidamos um do outro. Você me salvou daquela vida horrível, nunca vou conseguir agradecer a você por tudo que fez.

- mas não precisa agradecer... eu faria de novo, quantas vezes precisasse - ele diz olhando profundamente em meus olhos

Por um segundo parecia que só existia nós dois ali.

Então ouvimos o clica da porta e o médico sai. Henrique e Alan vão andando rápido até ele.

- diga doutor, como ele está? - Henrique pergunta e Alan parecia tremer.

Era horrível, ver dois homens grandes e fortes daqueles estarem com medo... medo de perder quem amavam. Nunca tinha visto isso de perto. Meu pai nunca foi nada amoroso, nunca tive família, como eles tem.

Mas agora eu tinha. Agora tinha a eles e eles a mim!

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