Bernardo
Quando Elise começou a chorar, me cortou o coração. Me sinto culpado e responsável, na verdade sou culpado... Ela não merece isso... com toda sua timidez, não posso imaginar seu desespero. Fui até ela, que com as mãos no rosto, chorava copiosamente, me sentei ao lado dela, e a puxei para meus braços. Ela molhou minha camisa, com suas lágrimas. Deitei-a no meu colo, e acariciei seus cabelos abundantes.
— Eu vou resolver isso, Elise. Não posso controlar o que os outros interpretam, mas vou dar um jeito. Eu prometo! Não se importe com o que os outros falam de você... Eu sei como você é Elise, não vou brincar com os seus sentimentos, e eu sinto muito que seu primeiro beijo tenha terminado assim... gostaria que fosse uma boa lembrança... — falei sem parar de alisar suas madeixas.
Ela se acalmou no meu colo, a respiração estava tranquila e regular, quando a olhei, estava dormindo profundamente. A peguei no colo, deitei ela na minha cama, retirei o sapato dela e o terninho, para deixá-la mais confortável, e a cobri com um lençol.
Liguei para meu advogado, o Victor, e ordenei que desse um jeito de retirar os comentários do Twitter. Fui jantar e quando retornei, já estava tarde, tomei banho e fui dormir. Dei uma última olhada na Elise, mal podia crer que a tinha aqui comigo, estava tão feliz com o rumo da minha declaração, agora tudo podia mudar num piscar de olhos, não queria que nosso primeiro momento juntos terminasse assim. Eu quero essa garota. Ela dormia como um anjo, tão perfeita!
Fui para o sofá, para não assustar Elise, e não atiçar meus hormônios ativados.
Despertei às 5h, dolorido, o sofá foi pequeno e desconfortável para mim. Fiz minha higiene, troquei a roupa, e antes de gastar minha energia, exercitando na academia do hotel, observei Elise de bruços sobre a cama, fui até ela e suavemente deixei um beijo em sua testa, ela nem se moveu, continuou no seu sono reparador. Quando retornei, Elise estava sentada na cama, coçando os olhos atordoada.
— Acordou, princesa! — falei fechando a porta atrás de mim.
— Bernardo? Eu tô no seu quarto?— ela perguntou assustada, olhando ao redor.
— Você dormiu no meu colo ontem, tão linda! Te coloquei na minha cama. — respondi sorrindo, pegando uma água no frigobar.
— Você dormiu onde? — ela perguntou olhando para a cama.
— No sofá...
— Meu Deus! Deve estar quebrado! Por que não me acordou, para eu ir no meu quarto!? — ela levantou da cama envergonhada.
— Tá tudo bem, minha linda! — falei me aproximando dela.
— Você já fez exercícios? — ela perguntou olhando a camisa molhada de suor.
— Acabei de fazer. — falei dando uma piscadinha.
— Nossa... mas é cedo ainda! — ela bocejou.
— Eu levanto 5h.
— Todo dia? — ela me olhou incrédula.
— Sim. A menos que eu vá dormir muito tarde aí levanto umas 7h... — me aproximei mais dela.
— Puxa...queria ser assim...— murmurou tímida.
Dei risada.
— Melhor eu ir para o meu quarto... — ela ofegou com a minha proximidade.
— Você está bem? Dormiu bem? — perguntei retirando uma mexa de cabelo, do seu rosto.
— Eu tô melhor, sim... como você viu, nada me atrapalha a dormir... — ela riu baixinho.
— Eu vi...Quando estiver pronta vamos descer para tomar café. Você não comeu nada ontem de noite... — falei prendendo a mexa de cabelo rebelde, atrás de sua orelha.
Ela assentiu, sem resistir, tomei os lábios dela, e dei um beijo suave, queria garantir que ela não desistisse de mim. Com um sorriso, ela se afastou e foi para seu quarto.
Ela mal saiu daqui, e o vazio já me atormentava, o cheiro no quarto, a fragrância de seu shampoo...
Como eu nunca imaginei acontecer na minha vida, estou tão apaixonado, que segundos sem tê-la por perto, chega doer meu coração... Como seria quando essa viagem terminasse?
Antes de mais nada, precisava resolver essas fofocas maldosas, e a primeira pessoa que precisava conversar, e mostrar que não estava me aproveitando de Elise, era seu pai. Elise é uma moça de família, o mínimo que devia fazer, era dar uma explicação para Geraldo. Liguei para ele, nesse horário, estaria na empresa, então foi fácil encontrá-lo.
— Senhor Bernardo? — Geraldo atendeu do outro lado.
— Oi, seu Geraldo. Preciso falar com o senhor. — falei num tom firme.
— Estou ouvindo.
— Não sei se viu as notícias... mas quero dar meu parecer ao senhor.
— Sim... minha caçula mostrou umas coisas... como a Elise está? Não atendeu nossas ligações... estamos preocupados... — Geraldo falou com voz apreensiva.
— Elise está bem, ela dormiu cedo, e acordou faz alguns minutos, acredito que logo ela vai ligar pra vocês. Não sei o que está pensando de mim, mas eu juro que minhas intenções são as mais sinceras possíveis. Eu vou oficializar a relação, eu quero namorar sua filha, e gostaria de falar com o senhor antes, e deixar tudo transparente com o senhor. Eu gosto da sua filha, muito! Eu... me apaixonei, e não vou largar a Elise, eu quero conhecê-la melhor e me relacionar com seriedade. — concluí.
Houve um silêncio, que me encheu de expectativa.
— Vou acreditar na sua palavra, Bernardo. Se realmente fosse o homem que pintaram nas notícias sensacionalistas, não se importaria em me ligar. Respeito sua posição. A Elise, é uma moça meiga, doce e às vezes até ingênua demais... já deve ter notado que ela sofre de timidez excessiva, as vezes fica ansiosa demais, e fica atacada do transtorno obsessivo dela...
— Transtorno obsessivo?— interrompi confuso.
— Ela não te contou? Ela sofre com TOC, "transtorno obsessivo compulsivo".
— O que é isso? — perguntei curioso.
— Poderia explicar, mas acho que um Google, vai te esclarecer melhor. Resumindo, ela deve estar aflita, vai precisar de atenção, um porto seguro, já que está sozinha... cuida da Elise por mim. Minha filha... é tudo pra mim... meu orgulho, minha obra-prima... — a voz de Geraldo embargou.
— Eu vou cuidar dela, pode confiar. Agradeço a compreensão, seu Geraldo. Vou tratar a sua filha, como uma princesa, pode ter certeza. — afirmei convicto.
— Obrigado, Bernardo. Agradeço seu cuidado. Tenha um bom dia!
— Bom dia, senhor.
Assim que desliguei o celular, fui direto para o Google, fiquei curioso com o que seu Geraldo falou.
"O TOC costuma se concentrar em temas como o medo de germes, ou a necessidade de organizar objetos de uma maneira específica."
Sorri, ao pensar que Elise, era exatamente assim, especialmente na organização. Fiquei aliviado, não acho que isso seja tão difícil de lidar.
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Atualizado até capítulo 99
Comments
Rosane Maoski
Eu tenho TOC tratei por muitos anos.
2024-04-08
2
Ivanilda Santos
Eu.tenho uma amiga assim, chega a ser irritante kkk
2024-04-05
0
Dina Faria
eu era assim, meu esposo pegava pé aos poucos ele foi mim ajudado, hoje eu sou mais controlada
2024-04-05
2