Elise
Ficamos sentados na areia, observando as ondas espumantes do mar bater nas rochas, e sua cor ao longe, de um azul tão intenso. O vento soprou mais forte, o sol já não brilhava em sua intensidade total, já no final da tarde, e a roupa úmida fazia meu corpo arrepiar-se, Bernardo se aproximou, e envolveu meus ombros com seu braço, friccionou a outra mão no meus braços cruzados, e tentava me aquecer. Sorri, encarando os olhos verdes, que refletiam paixão e ternura. Seria possível um homem desse, ser real?
Quando levantamos ainda estava com a roupa úmida, mas Bernardo já estava totalmente seco, ele colocou a camisa e estendeu a mão para me ajudar a levantar. Com os corpos próximos, sinto outra corrente elétrica passar, e um desejo ardente, em sentir o aconchego do corpo rígido por músculos, e reviver o beijo que ainda queimava meus lábios. Acabei recebendo outro beijo, tão suave quanto o primeiro, mas ele sugou meu lábio inferior, como se não quisesse desgrudar da minha boca. Se afastando, ele deslizou as mãos pelos meus braços e alcançou as minhas, entrelaçando os nossos dedos.
— Daria qualquer coisa, para ficar aqui, com você... — falou me encarando, com seus olhos penetrantes.
— Também... foi maravilhoso! — sussurrei apaixonada.
Andamos bastante até chegar no carro, sinceramente não lembrava de ter ido tão longe.
No carro, abaixo o quebra-sol, e me olhando no pequeno espelho, assustei com minha aparência, meu cabelo está um horror, todo embaraçado e duro. Minha roupa então, amassada e grudenta. Sinto tanta coisa na pele, até parece que meu corpo está soltando areia pelos poros!
— Vou passar a maior vergonha no hotel! Olha o meu estado! — exclamei preocupada.
— Você tá linda! Não se preocupe... — Bernardo dá risada.
— Quanta gentileza! — respondi em tom de deboche.
No hotel, Bernardo segurou minha mão com força, acredito que seja para não me deixar tão constrangida. Entramos no elevador e um casal de idosos entra com a gente.
— A mocinha está bem? — a senhora me perguntou preocupada.
— Estou bem senhora. Nada que um bom banho não resolva. — respondi gentilmente.
— Aaah...
A senhora me olhava de cima a baixo. Ela cochichou no ouvido do homem ao seu lado, que acredito ser seu marido, mas ouvimos tudo.
— Esses jovens de hoje em dia...
Eu e Bernardo nos entre olhamos e seguramos o riso. Saímos do elevador rapidamente, e caímos na risada.
— Viu!? O que fez eu passar! — falei quase sem fôlego.
— Não foi nada... para mim continua linda!
Bernardo se aproximou e me abraçou carinhosamente. É tão bom estar nos braços desse homem que por um instante esqueço da minha situação caótica.
Entrei no meu quarto quase correndo, e em poucos minutos estava despida, e debaixo do chuveiro. Com a água doce caindo e descendo pelo corpo, o beijo de Bernardo me vem a lembrança, cada toque dele ainda queimava...
Com o "uniforme" de uma assistente, terninho, uma saia midi, e scarpin, me olho no espelho, uma maquiagem rápida, e pelo breve tempo que gastei, estava até bem.
Fui para o quarto do Bernardo e bati na porta. Ele abriu somente com uma toalha enrolada na cintura. Fiquei petrificada com a visão, e desviei olhar, totalmente encabulada.
— Enquanto eu coloco minha roupa pode pegar as coisas na escrivaninha.
Fui até a sala, e arrumei as pastas. Não tirei dos pensamentos, a imagem do peitoral lindo de Bernardo.
Quando voltei para o quarto, Bernardo já estava de calça e abotoando a camisa, eu o ajudei novamente com a gravata, enquanto isso ele cheirava meu pescoço.
— Huuum... que cheirosa! Sabe quantas vezes eu desejei fazer isso? Como conseguiu se arrumar tão rápido?
— Não sequei meu cabelo e fiz tudo bem rápido! — respondi tentando esconder meu corpo completamente arrepiado.
— Então vamos! Renan já nos espera.
Bernardo colocou o terno e saímos do hotel. O mesmo local do dia anterior, mas dessa vez estamos encima da hora, a maioria das pessoas já chegaram e nos espera.
Enquanto organizei o plano de apresentação de Bernardo, percebi que as pessoas nos olhavam e davam risinhos maliciosos, e muitos "murmurinhos" entre eles.
Alexandre se levanta e inicia a reunião.
Bernardo se desculpa pelo atraso, os sorrisos maliciosos se intensificam, o que me deixou apreensiva.
No término da reunião, alguns se despedem e conversa com Bernardo, não escutei, mas ele fica bem sem graça e preocupado.
Saímos e quando estamos no carro, Bernardo está olhando sério para celular, ele passava a mão nos cabelos e franzia a testa.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei temerosa.
— Não se preocupe. Quando chegar no hotel eu te falo. — ele respondeu desligando o celular.
Essa atitude dele, acabou me preocupando, e fiquei imaginando mil coisas que poderia estar acontecendo.
No hotel, Bernardo me leva direto para seu quarto.
— O que aconteceu? Tô muito preocupada! — exclamei aflita.
— Calma Elise... bom... você tem twitter?
— Não, só Instagram... — respondi confusa.
— Alguém nos viu na praia e tirou fotos nossas... — ele murmurou, me entregando o seu celular, já aberto no twitter.
Tem fotos dele me pegando no colo e do nosso beijo. Estavam escrito coisas horríveis.
"Assistente, caí nas graças do chefe" "Mais uma na lista de Bernardo?" e outras ofensas mais, que nem quis ler, me difamando.
Senti uma dor no coração, como se me enfiassem uma faca no peito, a ansiedade bateu, estava totalmente exposta, o mundo me via. Onde foi parar minha privacidade? Como sairia na rua? O que minha família pensaria de mim? O pessoal da igreja? Estava perdida!
— Foi por isso que na reunião estavam todos olhando pra mim? — indaguei, tentando segurar as lágrimas.
— Deve ter sido... Mas eu vou dá um jeito. Isso é no twitter. Nas notícias é mais tranquilo. — argumentou.
— Saiu no noticiário também?!— perguntei horrorizada, e uma lágrima desceu teimosa.
— Não sei na TV, mas na internet sim...— Bernardo respondeu entristecido.
Peguei meu celular para pesquisar e visualizei algumas manchetes.
"Empresário é visto aos beijos na praia do Rio de Janeiro"
"Garota misteriosa é vista aos beijos com empresário Bernardo Almeida"
— Meu Deus! O que as pessoas vão pensar de mim? Meus pais?! — exclamei desesperada.
Joguei o celular na cama e agora chorei incontrolávelmente, envergonhada, me sentindo terrivelmente exposta, com minha reputação defasada, louca para estar em casa, na privacidade pacata da minha vida... Mas como? Havia decidido aceitar essa vida assim que aceitei esse emprego, e tudo o que viria... Mas e o beijo? Isso não é da minha índole. Eu não sou esse tipo de garota...
Isso era demais para o meu coração!
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Atualizado até capítulo 99
Comments
Dina Faria
uma tempestade em um copo de água
2024-04-05
0
Anatalice Rodrigues
Sai pra lá timidez. Enfrenta, uma mulher de 21 anos, preocupada 😟 com o que vão falar dela por causa de um beijo 😘. Há fala sério. Affffff
2024-03-31
3
Maria Das Dores
Se joga menina vai viver a vida não se preocupe com os outros seja Feliz
2024-01-16
8