Capítulo 17 Cristo Redentor

Elise

A reunião termina e os empresários mostram claro interesse, enquanto se despedem.

— Senhor Bernardo, está de parabéns! Já tem uma proposta de sociedade para eu analisar? Vamos seguir com as reuniões, tenho certeza que surgirá mais investidores durante a semana. — Alexandre falou empolgado.

— É o que espero, senhor Alexandre! — Bernardo se virou para mim, e me encarou. — Elise, pode pegar a proposta que o Victor nos enviou?

Assenti, e separei, entreguei para o Alexandre.

— Aqui está, senhor.

— Obrigado, senhorita. Eu já vou Bernardo. Boa noite para vocês! Até amanhã!

Da reunião, Bernardo me levou á um restaurante de fondue, "Otto", o lugar é de decoração rústica e bela, tudo em madeira, bem grande e aconchegante.

Os fondue são maravilhosos, de vários tipos de queijos, servidos com iscas de carne, frango e peixe. No final trazem chocolate, com frutas da estação.

— Vou voltar dessa viagem uns 10kg a mais!

Ele deu risada.

— Você tá ótima Elise, não se preocupe com isso, é linda!

Meu rosto queimou com o elogio, talvez fosse o fato de provar de uma das cachaças caseiras, que o restaurante possuía, e Bernardo fez questão de pedir, e me fazer experimentar.

— Se soubesse como fica mais linda com o rosto vermelho! — Bernardo riu.

Ele se inclinou na mesa, e subindo a mão, alcançou meu rosto, roçando o dorso da mão na minha bochecha. Ele sorriu, com seus olhos ternos, e me elevou as nuvens.

Sorri timidamente desviei os olhos dos verdes da minha perdição, meu coração saltou tanto, que acabei sutilmente ofegante.

Ele levantou, e estendeu a mão. Sem pensar duas vezes, aceitei. Ele me segurou firme e foi até o caixa pagar a conta. Saímos do restaurante de mãos dadas. Esse gesto dele, deveria me fazer ligar todos os alertas, e me afastar por segurança. Mas tudo que sentia era conforto e um carinho inocente. A cada passo, meu coração batia ainda mais ligeiro no peito, e quando os seus dedos entrelaçam aos meus, cheguei a perder o fôlego de vez.

Tive que beliscar minha consciência. O que estou pensando? Não posso me deixar levar por um par de olhos verdes intensos e uma beleza máscula.

Elise volta para o mundo real!

Mas seria impossível... Bernardo também é um poço de gentilezas!

Dentro do carro, peguei o celular de trabalho, e vi que a reunião da manhã foi cancelada, por motivos particulares do Alexandre.

— A reunião das 10h foi cancelada, agora só às 19h, amanhã. — anunciei.

— Vamos ter uma manhã mais folgada então. Amanhã cedo eu já havia marcado de olhar um barracão para alugar, agora vou poder olhar com mais folga. De tarde, vou te levar no Cristo Redentor. — ele diz piscando.

Ele pegou a minha mão e ficou me olhando, como se esperasse minha reação. Mas eu não reagi, só me entreguei aos toques dos seus dedos, que acariciam o dorso da minha mão, descansando ela, na minha perna.

Como vou afogar esse sentimento, com ele agindo dessa forma?

Acordei assustada com meu celular apitando, já passava das 10h. Como fui dormir tanto?

Peguei o celular e vi uma mensagem do Bernardo, pedindo para eu ir no quarto dele.

Levantei rapidamente, fiz minha higiene e troquei de roupa. Fui até o quarto do Bernardo e bati na porta.

— Oi, dorminhoca!

— Descobriu minha fraqueza!

— Te chamei pra gente deixar tudo certo para reunião da noite, já que vamos sair de tarde. Acabei de chegar. Já tomou café?

— Não... mas não se preocupe com isso, está tarde e sinceramente estou sem fome.

— Eu hein! Ficar sem comer? Tô fora! Quer que eu peço algo pra você?

— Não! Eu tô de boa! É sério!

— Se está dizendo...— ele levantou as mãos em rendição.

No quarto o trabalho foi rápido, pois o pior já havia sido feito ontem. Antes do meio dia, já havia voltado para o meu quarto, coloquei um vestido branco estampado com girassóis, modelo de alça, na altura do joelho, calcei uma sandália rasteira, prendi meu cabelo num rabo de cavalo, e nada de maquiagem, apenas um batom para dar uma cor na lábios, e um lápis nos olhos, para destacar. Arrumei uma bolsa, ouvindo baterem na porta. Assim que abri, me deparei com Bernardo, bermuda, camisa branca de linho entreaberta, e óculos escuro pendurado na camisa, rodando a chave do carro no dedo. Um perfeito galã.

— Vamos? — ele falou me olhando de alto a baixo. — Está linda!

Sorri e fechei a porta.

— O Renan não vai? — perguntei quando Bernardo abriu a porta da frente do carro, para eu entrar.

— Não. Dei o dia de folga pra ele. Só vai nos acompanhar na reunião da noite. Tô de boa, ninguém vai me reconhecer! — ele riu.

O percurso foi tranquilo, falamos sobre os pontos turísticos do Rio. Deixamos o carro no estacionamento, Bernardo fitou meu olhos, e estendeu a mão para mim.

Como não aceitar?

O homem mais lindo, que estranhamente consegue abalar toda minha estrutura, mas ao mesmo tempo que me faz sentir que estou segura. A cena é de perder o fôlego, Bernardo com esses óculos de sol...

Comecei a olhar as paisagens ao redor, para acalmar o meu coração. Está um dia lindo de sol quente. Pegamos um trem que nos levou até o Cristo Redentor. O caminho já é uma paisagem incrível de mata atlântica, tudo muito encantador. Mas mesmo as belezas da floresta, não são capazes de me distrair, da mão de Bernardo sobre a minha, dos dedos entrelaçados aos meus, descansando sobre sua perna. Antes de subir no "Cristo", Bernardo parou em um dos restaurantes que nos dava a vista da estátua. Meu coração estava cada vez mais atraído, e não era só o ambiente, mas a intensidade que Bernardo me fitava. Se não fosse por estar apaixonada por esse homem, eu poderia jurar que tinha algo profundo emanando do Bernardo. Mas os olhos de uma mulher apaixonada, é enganoso, e poderia estar me afundando num mar de ilusões amorosas.

Foi um passeio incrível, é impressionante observar uma escultura com trinta metros de altura, uma obra prima!

Lá de cima, observando a capital, sentia que estava elevando meus sentimentos a essa altura... e se eu cair... a queda seria grande e muito dolorida.

— É lindo, não é? — Bernardo sussurrou envolvendo meus ombros com seus braços.

— Sim... é lindo! — Suspirei completamente apaixonada.

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