Capítulo 13 Apaixonada?

Elise

O domingo foi como se estivesse flutuando em um sonho fascinante de amor. A manhã foi na igreja, almoçar na churrascaria predileta com minha família, e a tarde foi organizando meu quarto. O tempo todo ouvindo músicas românticas internacionais e cantarolando.

Quando terminei, resolvi assistir um filme, "Um Amor Para Recordar".

Logo minha irmã e minha mãe aparecem.

— Vou fazer uma pipoca, vocês querem?— Minha mãe pergunta.

Ela tem lindos olhos verdes, é bem baixinha, um pouco acima do peso, mas não aparenta muito. Tirando os cabelos loiros, e os olhos, herdei tudo da minha mãe. Ao contrário da Abigail, que é mais alta e esbelta, mas possuí o mesmo tom de pele e olhos, os cabelos dela é mais ondulado, e ela sempre usa liso.

— Delícia! Quero sim.

Assistimos o filme e quando termina estou chorando horrores, como não se emocionar com o amor da Jamie e do Landon? Porque filmes de amor nunca termina feliz?

Quando dou por mim, minha mãe e irmã estão me olhando desconfiadas, já assistimos esse filme um milhão de vezes, mas acho que nunca chorei tanto.

— Sei que você é sentimental, mana, mas hoje você exagerou hoje. —Abby me observa apreensiva.

— Tá tudo bem com você filha? Tá acontecendo alguma coisa que deseja compartilhar? — minha mãe indagou segurando a minha mão.

Solto um longo suspiro, as duas se posicionam no sofá, para me encarar melhor.

— É mesmo Lise, passou o dia em outro mundo, só ouvindo músicas melancólicas e agora esse choro descontrolado, por um filme!? — Abby diz preocupada.

— Ai mulheres... eu cometi um erro... — balbuciei entristecida.

— Hã?! A garota certinha errou? — Abby me provocou.

— Abigail!? — minha mãe repreende.— Fala querida...

— Eu acho que estou apaixonada pelo meu chefe... — falei de uma vez, cobrindo o rosto com as mãos.

— Também um bonitão daquele, quem não se apaixonaria!? — Abby diz rindo.

— Abby!? Não tá vendo que eu tô sofrendo? — protestei. —  Foi um erro isso, mas não sei como controlar...

— Filha, isso não é um erro... você é solteira, ele também, convivem no mesmo ambiente praticamente o dia todo, era de se esperar que isso acontecesse... tenha calma querida vai dar tudo certo, você vai ver. — minha mãe ponderou.

— Mãe, ele é meu chefe! — argumentei.— Riquíssimo, mais velho, mais lindo que o ator do filme que assistimos! Como olharia pra uma garota pacata e sem graça como eu?! Com certeza deve preferir mulheres mais experientes e mais bonitas...

— Lise não exagera! Você pode ter apenas vinte e um anos, mas é bem madura e super linda! — Abby diz impaciente.

— Verdade, filha. Não se rebaixe assim. Porque sempre deixa suas inseguranças te comandar?

— Mas eu não vejo chance disso dar certo. Se não fosse por gostar tanto de trabalhar com ele, e pela oportunidade que eu tive, pediria demissão. Vai ser doloroso pra mim ver ele todos os dias e tentar afogar esse sentimento...

— Pede ajuda para Deus, querida. Você vai ver como as coisas se ajeitam com o tempo. — minha mãe tentou me consolar.

— Fala pra ele, menina! Para de melancolia! Ele também pode estar de olho em você.v— Abby sugeriu.

— Tá doida!? Jamais faria isso! — falei indignada.

— E agindo assim, vai ficar solteira a vida inteira... — Abby murmura baixinho, como se não quisesse que eu escutasse.

— Eu ouvi! — resmunguei.

— Ops! — Abby diz tapando a boca.

Desabafar com elas me ajudou um pouco, acalmou minhas emoções, é sempre reconfortante colocar tudo para fora.

— Me diz, mana, aconteceu alguma coisa especial, pra perceber esse sentimento, ou já sabia há algum tempo?

— Há algum tempo ando sentindo umas coisas... quando ele falava ou se aproximava de mim. Ontem ele me trouxe em casa, ou melhor, ele deixou eu dirigir o Ferrari dele...

—  Sério!? — Abby me interrompeu.— Corajoso ele!

Estreitei os olhos para ela.

— Também achei... Eu não quis no começo, mas ele insistiu então eu aceitei...

— Lise, ele sente algo também! Se não, porque insistiria em dirigir o carro dele?

— Eu devo ter mostrado meu entusiasmo quando entrei no carro, e ele é bem atencioso e gentil comigo.

— Ah...

— Na hora de despedir, ele me deu um beijo no rosto, por um momento achei que ia beijar na minha boca, mas deve ser coisa da minha cabeça... ele é maravilhoso... e assim eu tive que parar de me enganar, eu tô apaixonada por ele... — concluí suspirando.

— É mana, boa sorte pra você! Mas toma cuidado, vi numa revista de fofoca que ele é mulherengo!

— Eu sei disso Abby, na empresa falam isso. Mas disseram que está sozinho no último ano... de qualquer forma nunca deixaria ele se aproveitar de mim. Ainda tenho meus princípios.

— É mana... mas quando estamos apaixonadas esses princípios querem desaparecer... — Abby murmurou pensativa.

— Como assim? — indaguei confusa.

— Deixa pra lá... — ela deu com os ombros.

O que ela quis dizer?

Se eu fosse descrever os dois meses que se passaram, não saberia colocar ao certo as palavras. Era capaz de conversar com Bernardo, mas só Deus sabia a dor que me atormentava o coração. Tanto tempo me protegendo da paixão, de acabar nos braços do homem errado, e cá estou eu, sofrendo por um amor platônico. Bernardo não facilita em nada, me elogia a todo instante, é extremamente gentil.

Estou totalmente familiarizada com o trabalho, a Luana tem ficado com as pernas muito inchadas, então eu ajudo-a para não se esforçar demais. Ficamos bem próximas, ela é um amor comigo, almoçamos juntas, já saímos a sós para tomar um café, e posso dizer que tem sido uma grande amiga. Em casa estou quase parecendo uma estranha, de tanto que trabalho e estudo. Por sorte a próxima semana vai ter um recesso na faculdade, a famosa "semana do saco cheio" de outubro.

Faltava pouco para dar minha hora de sair, separei uns contratos e me levantei para entregar ao Bernardo. Ele está bem concentrado digitando no seu notebook.

— Bernardo, já revisei esses contratos, pode assinar.

— Okay! Deixa aqui na mesa que eu já assino. Vou terminar aqui, e depois quero falar com você, tá bom? — Bernardo falou me olhando ligeiramente por cima do notebook.

Assenti.

Fiquei organizando algumas notas fiscais, atendi uma ligação, e logo Bernardo fechou o notebook e se mexeu na poltrona.

— Não quero ser estraga prazer, mas quero aproveitar que vai ter uma semana de recesso escolar para marcar aquela viagem que estou adiando, para o Rio de Janeiro. — ele franziu a testa sentido.— Eu estou num projeto novo, e não posso mais adiar. Estou te falando, porque preciso que vá comigo, se não tiver problema para você.

— Tudo bem, estou ciente das minhas obrigações. — falei com um sorriso.

— Que alívio! Pode reservar o hotel e comprar as passagens de avião. Vamos em cinco pessoas.

— Ok, já vou fazer.

Bernardo sai da sala e eu fico ligando para o hotel e comprando as passagens.

Arrumo minhas coisa e já vou sair quando Bernardo entra.

— Já vai? — Bernardo perguntou surpreso.

— Sim. Eu reservei o hotel e comprei as passagens, enviei tudo para o seu email.

— Ótimo! Quero falar mais uma coisa, ontem eu vi que já completou seus três meses de experiência, eu refiz seu contrato na empresa, nem preciso dizer que vai ser efetivada com honras! — Bernardo me diz pegando uns papéis da impressora.

— Obrigada!

— Eu que agradeço, Elise, superou todas as minhas expectativas e finalmente tive mais tempo para os meus projetos!

— Estou dando o meu melhor e vou continuar, não quero me acomodar. Gosto muito de trabalhar com você e a Luana.

Bernardo sorri, e meu corpo estremece, o sorriso dele é simplismente perfeito, em seus dentes alvos entre os lábios tentadores.

— Vamos? Vou no RH com você.— ele toca minha costas sutilmente, descarregando uma corrente elétrica no meu corpo.

No RH e ele entrega os contratos e a moça me chama para assinar, eu assino e Bernardo também. A moça nos entrega o contrato de serviço, após alguns minutos.

— Tudo certo agora Elise. Efetivada com sucesso! — ele sorri.

— Sou muito grata, Bernardo! De verdade, muito obrigada pela oportunidade! — agradeci gentilmente.— Preciso ir, se não chego atrasada na faculdade.

— Vou na portaria com você.

Bernardo me acompanhou, e quando o Uber chegou, acariciou minhas bochechas com o dorso do seu dedo e sorriu.

— Nos vemos na segunda. Bom final de semana!

— Boa noite!

Ele sempre me arranca suspiros apaixonados, não posso evitar!

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