Elise
Me despedi do pessoal, Bernardo entrou na casa e sumiu, fiquei na sala o esperando, me aproximei de Daniel que dormia como um anjo no sofá. Acariciei o rosto dele com delicadeza, e dei um beijo em sua testa.
— Sonhe com os anjos, querido. — falei baixinho.
— Vai ser uma ótima mãe um dia! — Bernardo sussurrou próximo de mim.
— Um dos meus sonhos! — respondi sorrindo, sem tirar os olhos de Daniel.
— Um dos sonhos? Quais os outros? — Bernardo perguntou curioso.
— Curioso, hein!? — falei erguendo a sobrancelha.
— Não quer me contar? — perguntou com cara de coitadinho.
— Se eu quero ser mãe, antes preciso achar um bom pai para meus filhos... — respondi andando até a porta de saída.
— Você vai encontrar Elise, se tem alguém que merece ter todos os sonhos realizados, é você. — Bernardo afirmou segurando a minha mão.
Sorri, e então, ele me encaminhou até o carro.
Lá estava eu, de pé, em frente a Ferrari, com as mesmas dúvidas, a mesma hesitação da primeira vez. O que estava fazendo? Me deixando levar pelos sentimentos confusos?
Ele abriu a porta e contornou o carro, para entrar no banco do motorista. Observei os detalhes do carro esportivo de luxo, para não focar nos meus sentimentos.
— O quê foi? Não gosta do carro? — perguntou desconfiado.
— Tá de brincadeira? — respondi incrédula. — Nunca imaginei que entraria num carro esportivo de luxo, ainda mais nessa marca italiana! — respondi sem tirar os olhos do painel do carro.
— Quer dirigir? — perguntou me encarando.
— Sério!? — meu tom de voz saiu numa surpresa bem aparente.
— Sério! Se você quiser...— respondeu sorrindo.
— Não sei... e se acontecer alguma coisa? — perguntei receosa.
— Para com isso, Elise! Dirige pra você sentir a máquina! — exclamou acariciando o volante.
— Eu não sei... tenho medo de acontecer alguma coisa... — hesitei.
— Está no seguro, linda! Além do mais, o que poderia acontecer? É "barbeira"? — ele provocou com um sorrisinho desafiador.
— Não! É só precaução! — respondi estreitando os olhos.
— Então prove! — ele desafiou.
— Está bem! Me convenceu! — falei abrindo a porta.
Trocamos de lugar. Sentada do banco do motorista, ele ajeitou o banco, ficando bem próximo, suas mãos roçaram minhas pernas, seu perfume invadiu o meu olfato, e senti sua respiração soprar no meu rosto.
Meu coração ficou daquele jeito!
Fechei meus olhos, não estou suportando sentir os cabelos negros resvalar meu rosto. Respiro profundamente, tentando restabelecer o controle das emoções e do coração, mas só acabo aprofundando ainda mais a fragrância do seu shampoo masculino.
Céus! Me ajude!
— Essa altura está boa para você?
Abro olhos rapidamente. Ele me olha atentamente, me impactando, com seu meio sorriso sedutor.
— Tá nervosa? — perguntou desconfiado.
— Um pouco... tá bom assim.
Tentei ignorar o que sua aproximação me causou, encarei o emblema amarelo com o cavalo no volante e assumi o comando do meu corpo.
Será?
Retirei meu escarpim. Ele mostrou onde dava partida, esses carros nem usa chave para isso. Apertei o botão vermelho da partida, e o ronco do motor fez meu coração vibrar, comecei a dirigir e realmente a sensação é extasiante, andei pelas ruas do bairro esquecendo totalmente de tudo o que me levou até esse momento.
— Já tá bom! Foi incrível! Pode continuar daqui. — falei quando cheguei na rodovia.
— Por que? A melhor parte é daqui pra frente! — falou incrédulo.
— Eu tô com medo de acontecer alguma coisa...— murmurei.
— Você dirige bem, continua! — ele me animou.
— Tá...
Entrei na rodovia e continuei dirigindo a "máquina".
— Se continuar nessa velocidade, até uma tartaruga te ultrapassa! — debochou.
— Você é fogo, viu!? Eu estou sendo cautelosa! — respondi revirando os olhos.
Bernardo deu risada.
Acelerei, com certeza é mais emocionante, aquela sensação de liberdade, coração livre e feliz.
Bernardo liga o rádio e está tocando uma música sertaneja, alegre e ritmada. Ele dá batidas no painel acompanhado o ritmo.
Quando dou por mim estou cantando junto.
— ...🎶No primeiro instante, Vi que era amor, No momento em que a gente se encontrou, No segundo instante vi que era você, Já te amo tanto sem te conhecer... E os anjos cantam nosso amor, ouo, ouo, ouo...🎶
Pela minha visão periférica, vejo que Bernardo me observa.
— Você canta bem! Onde aprendeu? — ele perguntou quando música encerrou.
— Canto na igreja às vezes.
Outra música iniciou, meu forte, catando eu consigo espantar tudo que é ansiedade e sentimentos ruins, e se for uma que eu gosto... como essa da ANAVITORIA, "Chamego Meu", é irresistível. O momento me deixou muito feliz, e continuei cantando.
🎶"Chamego meu, olha pra cá
Esse sorriso de orelha a orelha
Tenta guardar, é pra você
Por bagunçar a minha paz
A armadura e minha calma
É tão bom te acompanhar
E ver você sendo você
Te observar me adivinhar
E me ler sem legenda nenhuma
É tão fácil te gostar
Vira parte do viver
Se tu não se envaidecer
Prometo sempre lhe dizer
Chamego meu, olha pra cá
Esse sorriso de orelha a orelha
Tenta guardar, é pra você
Por bagunçar a minha paz
A armadura e minha calma...
Chamego meu, olha pra cá...
Esse sorriso..."🎵
Bernardo começa a cantar também, mas acabo caindo na gargalhada, ele é péssimo cantando.
— O que foi? Ficou lindo, vamos fazer uma dupla. — ele continuou cantando.
Eu até tento cantar com ele, mas não consigo só dou risada. Nesse ritmo de alegria e risos, cheguei na minha casa. Estacionei o carro, e por algum motivo, me senti como a cinderela quando perdeu a magia da fada madrinha.
— Então, gostou de dirigir meu xodó? — Bernardo perguntou me encarando.
— Esse carro é seu xodó?! — perguntei incrédula.
— É sim... não deixo ele por nada... — Bernardo acaricia o painel.
— Hã!? Como assim? E me deixou dirigir?! — fiquei de olhos arregalados.
— Pois é, não sei onde estava com a cabeça! — Ele diz revirando os olhos em deboche.
Dou um tapa no braço dele, rindo de ver ele tratar o carro como um ser vivo. Fechei a cara de repente, fingindo estar ofendida, mas ele deu risada da minha expressão, e acabei "desamarrando" a cara.
— Falando sério agora, gostou? — Bernardo pergunta mais sério.
— Foi excitante! Amei! — respondi eufórica.
— Sabia que ia gostar! — disse colocando a mão sobre a minha no volante.
Era tudo o que precisava para a magia voltar com toda força. Sentir o toque da mão quente junto a minha, o estômago parecia cheio de borboletas, fitei os olhos dele, foi o combustível que esquentou meu corpo.
— Eu vou...— balbuciei.
Confusa com os meus sentimentos, me virei e tirei a mão do volante, abri a porta do carro rapidamente. Bernardo saiu em seguida, segurando minha bolsa.
— Esquecendo? — perguntou.
— Quase...
Alcancei a bolsa em suas mãos, e elas se tocam sutilmente, fazendo um clima de atração surgir entre nós. Ele deu alguns passos e se aproximou, seus olhos verdes, me fitou profundamente. O coração parecia querer sair pela boca, batendo de maneira tão errada, a respiração que quer ofegar, o meu peito que sobe e desce ansioso, numa expectativa desconhecida. Delicadamente ele afastou os fios de cabelo que esvoaçavam no meu rosto, por um momento pensei que teria meu primeiro beijo, mas ele apenas beija na minha bochecha, demorado o suficiente para eu sentir seus lábios me queimar a pele, deixando um rastro quente e inflamado, como se fossem brasas no meu rosto. Ele se afasta bem devagar, sua respiração cálida e arquejante, fez meu corpo arrepiar-se.
— Boa noite, Elise! — sussurrou com voz rouca, ainda próximo do meu ouvido, o hálito de menta foi a gota d'água para me render a esse sentimento.
— Boa noite, Bernardo!
Como é mágico! Me sentia enfeitiçada! Porque eu queria mais? Nem sabia o que sentia! Vê-lo se afastar chega doeu no peito... O quê é isso?
Observei ele entrar no carro, dar partida, e logo em seguida, me olhar sorrindo, e partir. Minha mão acenou, e trêmula abri o portão. Entrei em casa com uma mistura de emoções, físicas e psicológicas. Abri a porta da sala, fechando-a atrás de mim, me encostei na porta ofegante e assustada.
O que tá acontecendo comigo?
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Atualizado até capítulo 99
Comments
Dina Faria
o cupido ti pegou minha linda, é o amor quê mese com minha cabeça e mim deixa assim
2024-04-04
6
Sueli Pereira dos Santos
linda música!
2024-01-26
2
Andreia Jesus Silva
nunca tinha ouvido a música "chamego meu" . fui correndo buscar a música pra ouvir e é linda demais.a autora caprichou.sou como a Elisa não gosto de lugares com muita gente, barulho e tenho ansiedade e síndrome do Pânico, junto com a timidez, minha vida se resume em ficar sozinha, trabalhar,ler, cozinhar só pra mim.não tenho amigos,e só a leitura e música me acalma, também gosto de dirigir ouvindo músicas
2024-01-26
5