- Quero o divórcio! - ela saiu junto com Liam pela entrada principal, percebi que algumas pessoas nos viam e até nos gravavam, vi a organizadora do evento sendo atendida por um paramédico, pude ver as lágrimas que ela havia derramado por tudo o que aconteceu e senti um grande nó na garganta.
- Vá embora, Cain, nunca mais apareça em nenhum dos meus eventos! – sua voz estava distorcida pelo forte golpe que tinha no rosto, mas ela havia provocado isso porque veio me beijar. Eu me sentia frustrado, nunca pensei que ela me pediria o divórcio de forma tão aberta. Talvez ela não aguentasse mais minha vingança e tivesse se esquecido da herança do meu pai. Ou só queria me dar um pouco do meu próprio remédio, não tinha certeza.
Saí do local em direção ao estacionamento. Não sabia onde tinha deixado meu carro ou se tinha trazido um, então peguei um molho de chaves da prateleira que havia no local e acionei o alarme. Vi que era um bom carro e o peguei sem me importar que fosse de outra pessoa. Talvez fosse o álcool que eu tinha no sangue, mas sentia como se tivesse uma pressão no peito, queria gritar de raiva, o sentimento de fúria que eu tinha era incontrolável. Entrei no carro e o liguei.
- Espere, senhor! Esse não é o seu carro! - vi que o homem do estacionamento corria atrás de mim, desesperado. Eu não queria parar, não sabia para onde iria, mas o que eu sabia é que não a deixaria me deixar daquela maneira; ela pagaria. A vida dela seria comigo, quer se divorciasse de mim ou não.
Dirigia em alta velocidade, coloquei a música no volume máximo, aproveitando que os alto-falantes eram os melhores. As imagens estavam distorcidas, minha cabeça girava, mas isso não me impediria de fazer o que queria naquele momento.
Depois de um segundo, só vi escuridão. Não conseguia me mover, estava de cabeça para baixo e sangue escorria pelos meus membros, mas eu não sentia dor. Via luzes por toda parte e sentia um barulho ensurdecedor em todo o lugar.
- Cain! – ouvi a voz de alguém gritar meu nome, mas não conseguia responder. – Oh, meu Deus, Cain! - Era quem eu esperava, ela vinha me procurar, e isso me alegrava. – Vamos tirar você daí - ela pegou minha mão que pendia.
- Os serviços de emergência já estão vindo, deixe que o tirem do carro - havia alguém com ela, mas eu não sabia quem era.
- Vou te ajudar quando te tirarem… não vá embora, estou com você - seu tom era preocupado. Sentia que moviam o lugar onde eu estava, mas me sentia muito fraco, já não estava consciente do que acontecia ao meu redor. Podia ver as belas lembranças que tive na vida passarem diante de mim, lembrava dos meus pais, dos meus amigos e dela, cada sorriso que ela me dedicava a todo momento ao me ver.
Arrependia-me de tê-la tratado daquela forma. Ela tinha visto o pior de mim, sem que eu a deixasse ver o que realmente sentia por ela a todo momento, e, por causa do nosso orgulho, ela levaria o pior da minha atitude.
Depois, não vi mais nada, e pouco a pouco todos os sentidos desapareceram do meu corpo...
Vi o acidente aparatoso. Cain tinha batido contra as barreiras de contenção da estrada, o carro estava totalmente destruído e capotado. Corri horrorizada para onde ele estava. Ele não devia morrer, não queria que nada lhe acontecesse. Se pudesse, trocaria de lugar com ele. A cena que vi foi a pior que já tinha visto na vida: ele pendia do assento, estava coberto de sangue e seu rosto estava cheio de cortes. – Cain! - chamei-o, ele parecia não reagir. O vestido me atrapalhava. Vi-o cuspir sangue e senti medo. – Oh, meu Deus, Cain! - Tinha medo de perdê-lo, sabia que estava muito ferido. Estava consciente, mas não respondia. – Vamos tirar você daí - peguei sua mão, estava fria, e isso me deixou com os nervos à flor da pele, estava totalmente preocupada. Estava procurando uma maneira de tirá-lo dali, mas era impossível, os cintos estavam presos. Comecei a me desesperar, queria fazer o possível para que ele ficasse bem.
- Os serviços de emergência já estão vindo, deixe que o tirem do carro - Liam queria que eu saísse do carro, mas eu não queria deixá-lo.
- Vou te ajudar quando te tirarem… não vá embora, estou com você - Liam me ajudou a sair e os bombeiros começaram as manobras para resgatá-lo. Vi Liam, que estava bastante preocupado.
- Espero que consigam tirá-lo em segurança - Eu queria estar preparada para ajudar, mas o vestido me atrapalhava. Procurei as costuras para rasgar a parte de baixo. Liam me olhava com interrogação. Quando vi que o estavam tirando, apressei-me até ele, queria ajudá-lo em qualquer coisa.
Vi que o colocavam numa maca. Aproximei-me rapidamente, mas um bombeiro me afastou.
- Não deve se aproximar, senhorita.
- O senhor não entende… eu sou médica, ele é meu marido - ele me olhou com dúvidas.
Eu me soltei do aperto dele e fui até Cain. Seu pulso estava baixo e ele tinha feridas por todo o corpo.
Senti que entraria em pânico, não podia acreditar que o estava perdendo. Apliquei torniquetes e tentei deter o sangramento de algumas partes do corpo dele com a ajuda de alguns bombeiros. Quando a ambulância chegou, me fizeram ir com ele. Chegamos ao hospital mais próximo, descemos e não me deixaram entrar para a cirurgia. Tive que esperar na sala de espera. Liam chegou um tempo depois.
- Quer ir para casa se trocar? – percebi que estava coberta do sangue dele, o vestido estava rasgado e havia sujeira de terra e do que estava queimando do carro.
- Não quero ir embora. Se houver notícias, quero estar aqui - ele me olhava preocupado, e não era para menos. Eu estava há quase dois dias sem dormir, só sabia que estavam fazendo alguns procedimentos nele e que o tinham levado para a terapia intensiva.
- Sei que você está preocupada, mas precisa descansar - eu neguei. Sentia que tudo isso era minha culpa.
- Onde ele está? – vi uma mulher chegando pelo corredor, estava fazendo um escândalo na recepção e as enfermeiras queriam tirá-la dali.
- O que está acontecendo? – Liam se aproximou para ajudar. Ela o abraçou, deixando-me desconcertada.
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Atualizado até capítulo 79
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