Eu estava conversando com as pessoas ao meu redor, acho que isso dividia a tênue linha entre morrer de tédio neste lugar e ter que suportar os maus-tratos de Cain.
— E o que você faz? — estava falando com um jogador de futebol de um time europeu. — Você não parece ser apenas a esposa de alguém famoso, parece inteligente e independente.
— Não é algo que precise te importar — ouvi a voz de Cain às minhas costas, lamentei aquele momento, sabia que iniciaria uma briga entre ele e eu.
— Sinto muito, você deve ser o marido dela, eu sou… — senti como ele me agarrou pelo braço e me colocou ao seu lado de forma um tanto agressiva, e o outro homem pôde notar tal ação.
— Você está machucando ela, solte-a — disse ele de forma exigente, mas Cain nem sequer olhava para ele, sentia que seus dedos estavam se aprofundando no meu braço.
— Calma, estou bem, vou falar com meu marido agora — não muito convencido, o homem se retirou, não sem antes me dizer para falar com ele se sentisse que estava em problemas.
— Você tem a cara de pau de fazer isso na frente de todos? — sussurrou irritado enquanto me puxava para longe das pessoas.
Quando não havia ninguém por perto, parei bruscamente e me libertei dele.
— O que você está fazendo? — ele me olhava furioso. — Temos que conversar.
— Conversar? Ou tenho que ouvir seus insultos mais uma vez? — sentia-me realmente irritada, não estava fazendo nada de errado e agora ele tinha mais razões para me atacar.
— E o que você quer que eu diga? Que está tudo bem você flertar com homens enquanto seu marido está na sua frente?
— Você realmente está trazendo isso à tona? Já cansei de te dizer que eu não fiz nada, que tudo o que você viu são mentiras em que você acabou acreditando.
— Sim, claro, e como não há provas da suposta mentira — disse com um tom cheio de amargura e ironia.
— Eu não sou a das fotografias! — por um momento vi surpresa em seu olhar, mas mudou rapidamente para fúria, aproximou-se perigosamente de mim, senti seu aroma que sempre me encantara, vi que ele levantou a mão em sinal de querer me esbofetear. — Pense bem no que vai fazer, se você cruzar essa linha, eu também cruzarei… vou me defender — fechei os olhos esperando o tapa, mas apenas ouvi que ele se afastava, meu ritmo cardíaco estava a mil e minha vontade de chorar não esperou mais, senti minhas extremidades tremerem depois de tanta emoção, tinha que me acalmar antes de voltar, mas parecia que não conseguia.
Agora tinha certeza de que ele realmente me odiava e que seria muito difícil mudar o que sente por mim.
Por este tempo que continuei ao seu lado, pensei ingenuamente que ele clarearia a mente e saberia reconhecer que tudo foi um mal-entendido, mas parece que não é assim.
Sabia que tinha que me afastar se quisesse viver tranquila de novo, mas me preocupava que ele perdesse a única lembrança e aquilo pelo qual seu pai tanto lutou… o hospital.
O testamento dizia que ficaria como patrimônio para ambos, mas tínhamos que durar dois anos em casamento, caso contrário, seria entregue às mãos de sua sócia, a doutora Julissa Lane, que era a encarregada do departamento de cardiologia no mesmo hospital.
Mas eu não queria mais sofrer. Ele estava cumprindo o que prometeu tão amargamente, era certo que já não sentia nada por mim e eu já não tinha nada pelo que lutar por ele.
Estava decidida, tinha que pedir o divórcio, eu não devia mais sofrer com tudo isso, então entrei na festa, vi algo que me doeu profundamente, ele estava se beijando com a organizadora do evento sem se importar que a imprensa os havia visto, era o cúmulo, já me havia traído, mas nunca tinha se deixado ver pelos outros e agora que o fizesse em público me fazia sentir tão humilhada.
Aproximei-me com passos firmes, sentia-me furiosa, peguei-a e a afastei dele com um empurrão, ela gritou pelo que fiz.
— Mas o que te deu!? — a mulher me olhava zangada, mas meu sangue fervia de ciúmes e de quão humilhada me sentia, não ia permitir que isso acontecesse mais.
— Não vou mais continuar com essa farsa, Cain! — ele me olhava como se tivesse conseguido o que queria, pegou minha mão e quis me tirar do lugar, mas não permiti e, em vez disso, dei-lhe um tapa que o fez virar o rosto.
— Você está fazendo um escândalo, Danna, vamos — parecia que ele não percebia que ele havia iniciado o espetáculo.
— Pouco me importa o que essas pessoas possam descobrir! — a outra mulher se aproximou de mim furiosa.
— Vá embora do meu evento, selvagem! — ela se agarrou ao braço de Cain, que se afastou para que eu não o fizesse, cega pela fúria, agarrei o que pude do vestido dela e plantei um soco limpo no rosto daquela harpia, que caiu sentada atrás dele.
Ela tocou o rosto e viu que de sua boca saía sangue, eu me senti bem ao ver sua reação.
— Vamos, você está bêbada! — gritou como se quisesse que todos soubessem disso, me pegou pelos dois braços e queria me levar para fora de toda a comoção, mas não deixei, sabia como me libertar, não queria mais ser apenas submissa a ele, por não querer machucá-lo se ele não sentia culpa por cada vez que me feria.
— Não estou bêbada, Cain, estou furiosa! — ele me olhava como se não me conhecesse.
Senti que me pegavam pelos braços, quis me libertar.
— Chega, Danna! — era a voz de Liam. — Vamos embora — mas eu não queria ser a que estava fazendo o mal, ele estava me fazendo parecer a má e isso eu não ia permitir, não mais.
— Não! Estou farta de suportar todas as baixezas desse imbecil! — ele continuava me olhando com incredulidade. — Pare de me olhar como se não me conhecesse, Cain! — Liam tentava me tirar dali, mas eu queria dizer uma última coisa, algo que definiria o futuro que eu levaria. — Quero o divórcio! — deixei que Liam me levasse, deixando-o ali no meio de todas as pessoas.
Estávamos no estacionamento, morrendo de frio, mas não se comparava ao que sentia emocionalmente, estava destroçada porque, apesar de como ele me tratou, continuo apaixonada pelo homem que conheci naquele bar, e ver que só restava a lembrança me doía.
— Sinto muito, Liam — sabia que havia exagerado.
— Não se desculpe, querida, calma — senti que ele colocava seu casaco sobre meus ombros. — Ficarei com você até que se acalme — era um grande amigo, eu o havia conhecido alguns meses depois de conhecer Cain e ele se tornou nosso cúmplice de aventuras, sempre que queríamos nos ver, ele nos ajudava com o monte de zumbis que o perseguiam.
— Achei que meu casamento seria diferente — ele me olhava com compaixão, eu não pude evitar voltar às lágrimas.
— Calma, você verá que conseguirão resolver — sabia que ele se mantinha neutro com ambos, e eu não queria que ele tomasse o partido de nenhum dos dois.
Vi um carro esportivo sair em alta velocidade, sem se importar com o que havia à sua frente, parecia um louco, depois um dos encarregados do estacionamento corria atrás dele, Liam se aproximou dele para perguntar se estava bem, eu apenas via a cena de longe, mas vi o olhar do meu amigo e com isso ele me disse muito, sabia que o louco que saiu naquele carro era meu marido…
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Atualizado até capítulo 79
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